A História costuma ser dividida pelos historiadores e estudiosos, em épocas e períodos, geralmente delimitados por grandes e marcantes eventos. Esta divisão facilita a compreensão da evolução humana, e a análise das consequências que cada evento histórico traz para a sociedade. Com a História do Brasil não é diferente. Nossos quinhentos e dezenove anos de história também são divididos por períodos, também delimitados por eventos marcantes e com consequências profundas para a nossa sociedade. Consultando nossa história recente, veremos que o nosso atual período histórico teve início com a chamada redemocratização, que teve efeito em 1985, quando o Regime Militar foi oficialmente encerrado, com o término do mandato do último presidente militar, o general João Baptista de Oliveira Figueiredo, e a posse do primeiro presidente civil a assumir o cargo desde o Golpe de 1964.
Muitos festejam esta transição, de um regime autoritário para o regime democrático, embora o presidente civil, Tancredo Neves, tenha sido eleito de forma indireta, pelo Colégio Eleitoral e ele nem tenha de fato tomado posse, devido a uma doença fatal. O primeiro presidente civil a tomar posse depois do Regime Militar acabou sendo José Sarney, vice de Tancredo. Nos anos de 1983 e 1984 houve uma grande campanha popular pedindo a aprovação da emenda constitucional proposta pelo deputado Dante de Oliveira, que permitiria que a própria população escolhesse o presidente através do voto. Foram as grandes manifestações conhecidas como Diretas Já, que levou centenas de milhares de pessoas às ruas e definiram as lideranças que ocupariam os espaços políticos nos anos e décadas seguintes. A emenda foi rejeitada, fazendo com que a escolha ficasse a cargo do Colégio Eleitoral. O povo só viria a escolher seu presidente em 1989, já sob a nova constituição promulgada em 1988.
O impeachment do presidente Fernando Collor em 1992 foi um episódio que fez com que muitos acreditassem que de fato o Brasil tinha se tornado um estado democrático, que já era capaz de retirar do cargo de forma legal o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois de quase três décadas. Desde então, o Brasil assistiu a um teatro protagonizado pela esquerda, que fingia uma alternância de poder, com dois partidos (PT e PSDB) fingindo ser pólos políticos opostos, quando na verdade são as faces diferentes de uma mesma moeda ideológica. Através desta encenação política, fomos levados a acreditar que o Brasil vivia sob um regime democrático, que os brasileiros desfrutavam da plena democracia. As pessoas passaram a acreditar que a Democracia se resumia a escolher os representantes a cada quatro anos, com os eleitores deixando os eleitos livres para fazerem o seu trabalho, sob a supervisão apenas de suas próprias consciências, as quais hoje sabemos que na maioria dos casos simplesmente não existia.
Mas os anos foram passando, e os políticos que tinham sido deixados livres para agir de acordo com suas próprias vontades, acabaram por aparelhar e saquear o Estado brasileiro de forma tão aviltante, que gerou uma situação insustentável. Mas o povo ainda não havia despertado para esta situação. Basta ver que mesmo com o escândalo do Mensalão em 2005, que colocou o PT no centro de um gigantesco esquema de corrupção, o presidente Lula conseguiu se reeleger em 2006 para um segundo mandato. Mesmo com a corrupção correndo solta e gangrenando a estrutura do Estado brasileiro, o PT ainda seguia com alta aprovação popular, o que permitiu que Lula conseguisse eleger sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, eleita em 2010 e reeleita em 2014.
As coisas só começaram a mudar porque a ganância dos esquerdistas foi tão descomunal que acabou por jogar o país em uma grave crise econômica, que acabou fazendo com que a presidente Dilma perdesse o seu mandato em 2016, através de um processo de impeachment. Grandes manifestações populares iniciadas em 2013, somadas às descobertas dos esquemas criminosos do Petrolão feitas pela Operação Lava Jato, que teve início em 2014, e somada à mais grave crise econômica já vivenciada pelo Brasil, provocaram o início de um processo de despertar coletivo, um despertar contra a corrupção, contra a roubalheira, contra o aparelhamento do Estado, contra a doutrinação ideológica de esquerda. O brasileiro finalmente começou a perceber que tinha sido enganado, por uma encenação política que de democrática não tinha nada. O brasileiro começou a compreender que tinha tido a sua voz calada por uma ideologia mentirosa, utópica, que tinha como único objetivo se perpetuar no poder, mesmo que às custas do futuro da nação. Este processo do despertar político culminou com a eleição do presidente Jair Bolsonaro em 2018, um candidato de direita, conservador, que se apresentou defendendo pautas totalmente diferentes daquelas que foram defendidas pelos políticos até então. E nesse processo de despertar, a população começou a perceber que os valores nos quais acreditava não tinham nada a ver com aqueles que eram defendidos pela esquerda. A maioria da população se descobriu de Direita, e conservadora.
E em 2019, já sob o governo conservador e de Direita do presidente Jair Bolsonaro, as pessoas já politicamente despertas, começaram a amadurecer e a compreender que o processo democrático é muito mais amplo que apenas participar de eleições a cada quatro anos. Em 2019 o brasileiro finalmente começou a entender que a verdadeira Democracia exige que as pessoas participem diariamente da vida política do país, aprendeu que os políticos devem ser mantidos sob vigilância constante e que os processos políticos exigem a participação do povo para garantir que suas demandas sejam atendidas.
Por isso em 2019 vimos várias manifestações tomarem as ruas do país. Vimos centenas de milhares de pessoas irem às ruas pela primeira vez em apoio ao presidente da república e a ministros de Estado. Vimos centenas de milhares de brasileiros irem às ruas pela primeira vez para defender a aprovação da mais agressiva reforma da previdência já proposta em nossa história. Pela primeira vez brasileiros foram às ruas pedir a aprovação pelo Congresso de pautas específicas como o Pacote Anticrime e a prisão após condenação em segunda instância. Vimos os brasileiros usarem as redes sociais e as ruas para pressionar os congressistas a não aprovar medidas como a Lei de Abuso de Autoridade ou o fundo eleitoral, embora o povo tenha sido ignorado pelos velhos políticos. Pela primeira vez testemunhamos pessoas indo às ruas para protestar contra os desmandos do Supremo Tribunal Federal e para pedir o impeachment do ministro Gilmar Mendes. O brasileiro passou a acompanhar o trabalho do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal. Passou a se interessar de forma ativa pela escolha do Procurador-Geral da República. Passou a acompanhar de perto o trabalho dos ministros. Começou a boicotar órgãos de imprensa e grandes grupos midiáticos que adotam uma postura de oposição ao governo.
Em 2019, o brasileiro passou a compreender o significado de siglas como PEC e PL. Começou a defender vetos presidenciais. Neste ano, o debate político e a troca de informações entre as pessoas aumentou de forma exponencial, principalmente entre os grupos conservadores e de Direita, e o surgimento de blogs e mídias com conteúdo político de Direita e conservador cresceu e se fortaleceu de tal forma que até tentaram calar estas manifestações através de uma CPMI no Congresso.
Expus tudo isto para concluir que em 2019 o Brasil viveu, de fato, a sua verdadeira redemocratização. Neste ano, todas as possibilidades de participação popular previstas pela Democracia puderam ser vistas. E as mazelas das nossas instituições democráticas não puderam ser escondidas sob o véu ideológico, como era feito durante os governos petistas. A redemocratização, que nada mais é que viver a Democracia na prática, nos permitiu manter uma vigilância constante sobre as nossas instituições, e também perceber claramente as suas falhas e as falhas de seus membros. Nas eleições de 2018 muitos velhos caciques da política, antes tão presentes, foram defenestrados da vida pública por causa de sua falta de ética e de responsabilidade com o bem público. E estes mesmos critérios deverão eliminar muitos outros caciques nas eleições municipais do ano que vem. O Brasil despertou politicamente! O brasileiro acordou e está amadurecendo rapidamente dentro do processo democrático. O próximo passo será os conservadores e membros da Direita começarem a ocupar os espaços na vida política do país, para que as mudanças sejam consolidadas e para que possam perdurar por muito tempo. Enfim, na minha opinião, o ano de 2019 deveria entrar para a nossa história como o ano em que ocorreu a nossa verdadeira redemocratização!
Sander Souza, direto do Japão para Vida Destra, 20/12/2019
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