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2022: o ano da verdade para o conservadorismo

Em 2018 tivemos a eleição mais turbulenta das últimas décadas. Todo tipo de artimanha política, legal ou criminosa, foi utilizada para tentar evitar o resultado que nós vimos ao final. Vejam, até mesmo um assassinato foi tentado contra o primeiro colocado nas pesquisas, em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas.

O fato é que, a vitória de Jair Bolsonaro só foi possível porque a maioria conservadora do país, até então silenciosa, percebeu que era hora de dar fim à sequência de desvarios, desmandos e corrupções que os governos petistas produziram. E mais, perceberam que o alvo agora eram os seus valores, sua família e suas crianças. Tudo isso produziu o caldo de indignação que calçou a vitória de um conservador mesmo contra todos os prognósticos.

Nessa onda que tomou o país de norte a sul, infelizmente vieram também alguns oportunistas, que não tinham nenhum histórico de defesa dessas pautas, mas viram ali uma oportunidade de conseguir um mandato. Mas logo que assumiram, deram de ombros às bandeiras conservadoras que os elegeram, tirando a sustentação do Presidente nessas questões dentro do Congresso Nacional.

Esse foi o saldo, o resultado prático de uma eleição onde o foco era desalojar do Planalto aqueles que saquearam o país, mas sem muito critério quanto à escolha de possíveis aliados no parlamento. Por isso, considero que isso já era esperado. Mas essa depuração foi necessária, exatamente para saber onde erramos. E que bom que as máscaras caíram logo.

Mas o fato é que, não se muda uma realidade de décadas em quatro anos. Eleger Bolsonaro foi apenas o início de um imenso trabalho. Todo o aparelho estatal precisa ainda ser remodelado e desintoxicado para que possamos ver resultados concretos a médio prazo. Isso leva tempo e paciência. E o verdadeiro conservador sabe que mudanças duradouras são feitas de maneira gradual, sem sobressaltos e de maneira focada.

Mas o imediatismo frustrado que tomou conta de alguns de nós não pode nos tirar o foco. Lembrem que começamos a casa pelo telhado. Diferente da esquerda, que foi construindo uma base sólida na academia, instituições e imprensa para dar sustentação a um futuro governo, nossa “casa” está sustentada apenas por algumas estacas.

A pergunta é: o conservadorismo brasileiro é maduro o suficiente para perceber isso? Ou vão tirar as estacas que sustentam a casa e deixar tudo cair? Apenas porque não aceitam que ainda não é possível ter o Governo ideal, cheio de conservadores raiz e que não depende de outras forças políticas?

Estamos agora diante de uma nova oportunidade. Eu sou um otimista incorrigível, mas com os pés no chão. O Governo acertou em tudo? Evidente que não. Nenhum Governo acerta o tempo todo. Mas nem por isso deixo de reconhecer que poderíamos estar totalmente perdidos e rumando para a venezuelização do Brasil, se o outro candidato ganhasse.

A escolha é nossa. Ou seguimos o projeto original de formar uma base conservadora, ou chutamos o pau da barraca de vez e nos preparamos para o paredão onde conservadores, liberais e isentões serão colocados, sem exceção.

2022 é a hora da verdade!

 

 

Ismael Almeida, para Vida Destra, 25/01/2022.
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Cientista Político, graduado pelo Centro Universitário do Distrito Federal (UDF). Autor de artigos sobre temas políticos nacionais com o enfoque da direita conservadora.