Em 1948, o escritor George Orwell, ex-socialista que deixou de sê-lo após conhecer os horrores desse sistema, escreveu o que viria a ser o seu livro de maior sucesso e também uma das maiores críticas ao socialismo: 1984. A obra passa-se num futuro fictício no ano de 1984, em que o mundo todo foi dividido em 3 grandes superestados socialistas: a Oceania, que corresponde à Oceania em si, à América, à Inglaterra e ao sul da África; a Eurásia, que corresponde à Europa e ao norte da Rússia e a Lestásia, que corresponde ao norte da Índia, à China e às Coreias. O resto do mundo, como o norte da África, são territórios disputados pelos 3 superestados governados por ditaduras socialistas. A trama começa quando Winston, um morador de Londres, na Oceania, se apaixona por uma mulher, algo que é proibido pelo “Grande Irmão”, o chefe do partido que controla toda a Oceania. Ninguém nunca viu o Grande Irmão em pessoa, apenas pelos cartazes que estão espalhados pela cidade, em que está a foto de um homem com a cara fechada e longos bigodes e embaixo do retrato está escrito “O Grande Irmão está te observando”, pois na Oceania, onde se passa a trama, há telas de televisão em todas as partes do mundo, inclusive dentro das casas. Essas telas contêm câmeras e microfones que veem e ouvem os habitantes 24h por dia, em todos os momentos, além de que é passado nelas o dia inteiro propaganda do Partido socialista que controla tudo e cujo chefe é o Grande Irmão, ou, em inglês, Big Brother (inclusive, foi daí que veio a ideia de criar programas como o Big Brother Brasil, em que várias pessoas ficam em uma casa sendo monitoradas). Apesar de Orwell ter escrito o livro há mais de 50 anos, muito do que ele previu já está acontecendo e vamos entender neste artigo como as medidas das ditaduras socialistas de 1984 estão se tornando cada vez mais reais.
A primeira evidência de que estamos rumo à ditadura socialista de 1984 é o fato dos governos estarem cada vez mais invadindo a nossa privacidade para nos controlar. Sempre, é claro, em nome do “bem comum”, e essas atitudes não vêm de hoje: em 2013, Edward Snowden, ex agente da NSA, a Agência de Segurança Nacional dos EUA, revelou que Barack Obama estava espionando diversos países ao redor do mundo, dentre eles, o Brasil. Logo, Barack Obama, um socialista que nem sabemos se é de fato americano, pois há controvérsias quanto à sua origem, sabe os segredos de estado do Brasil, Europa e América Latina inteira. Não obstante a isso, a China, em 2017, começou a implementação de um sistema com mais de 400 milhões de câmeras ao redor do país que observa o que cada cidadão faz e dependendo de seu comportamento, aumenta ou diminui os “créditos sociais” daquele cidadão. Se a pessoa atinge um patamar de crédito muito baixo porque jogou muito vídeo game, atravessou fora da faixa ou, claro, falou mal do governo chinês, ela é impedida de fazer diversas coisas, como viajar, matricular o filho em determinadas escolas ou universidades boas, comprar determinadas coisas etc. A lista de absurdos que a China, um estado socialista autoritário como o que Orwell previu, comete é grande e parece não ter limites, como qualquer ditadura socialista que tenha dinheiro. Mas claro que a ideia de ter um “Grande Irmão” não se resume a esses países grandes: aqui no Brasil, João Doria, governador de São Paulo, anunciou que cidadãos serão monitorados pelos seus celulares para verificar se não estão “furando quarentena”, pois Doria quer um isolamento de 70% (hoje está na faixa dos 59%), algo que é impossível, pois o estado de SP tem muita gente trabalhando ainda nos chamados serviços essenciais e sua grande população de quase 50 milhões precisa consumir esses serviços e produtos essenciais.
A segunda evidência é o duplipensamento, que é a capacidade de conviver com duas ideias contraditórias na mente e utiliza-las conforme a conveniência do momento. No livro, para manipular o povo, o Grande Irmão anuncia que inicialmente a Oceania está em guerra com a Eurásia, mas depois anuncia que a Oceania e a Eurásia nunca estiveram em guerra, a guerra era contra a Lestásia. Como a população está em um estado de alienação profundo, acredita sem questionar o que diz o Grande Irmão (se não acreditarem, serão torturadas, mortas e tornam-se “despessoas”, como se nunca tivessem existido), isto é, elas duplipensam. No Brasil, com a esquerda não é diferente, e para mostrar isso sobram-se exemplos: quando Luiz Henrique Mandetta foi nomeado ministro no governo Bolsonaro, a esquerda criticou o Presidente demais, pois Mandetta responde ações por fraude de licitação, mas em 2020, depois que Mandetta passou a contrariar o que estava propondo o presidente Bolsonaro, passou a ser visto pela esquerda como o arauto da moralidade. O caso Queiroz também é outro exemplo: o ex-assessor de Flávio Bolsonaro é investigado por corrupção e a cada dia a esquerda cobra novas evidências sobre esse caso, porém fazem vista grossa à corrupção da esquerda, a exemplo da ex-senadora Gleisi Hoffmann, que consta na lista de propinas sob a alcunha de “amante”, dizendo que “a corrupção na Petrobrás foi mínima”. O duplipensamento da esquerda materializa bem a frase do filósofo comunista Herbert Marcuse: “Toda tolerância para com a esquerda, nenhuma para com a direita”. Não estou dizendo que a direita é um espectro político perfeito, pelo contrário, defendo que não interessa qual ideologia a pessoa segue, se ela cometeu crimes, ela deve ser punida por isso, mas é visível que a corrupção e crimes do tipo na esquerda são bem maiores que na direita.
A terceira evidência é a “nova língua” ou “nova fala”, que consiste em uma linguagem nova, baseada na linguagem atual, mas que contradiz alguns termos, bem como cria outros contraditórios para limitar o raciocínio, o que faz as pessoas questionarem menos. Nisso a esquerda brasileira é especialista, pois vivem de criar termos bonitinhos para maquiar seus programas tirânicos. Todos sabem que “ações afirmativas” é, na verdade, discriminação racial através das cotas. Todos sabem que “injeção de liquidez” é falsificação monetária via impressão de dinheiro. Todos sabem que “lugar de fala” é uma tentativa ad hominem para censurar opiniões diferentes no debate. E por fim, o que ninguém sabe ainda é que quando um esquerdista fala em “estado ético” ele não está falando em o estado utilizar-se da ética como conhecemos, que é um código moral universal, mas sim do estado ético no sentido gramsciano, que consiste, para o filósofo que criou esse termo, Antônio Gramsci, na politização da ética para atingir os objetivos do partido socialista que conduz a revolução passiva, nem que para isso seja necessário matar (lembram-se do Celso Daniel?), roubar (o PT já é conhecido por ser o partido que transformou a corrupção em forma de governo, a chamada cleptocracia) e mentir.
O quarto ponto é a negação da verdade, um desdobramento do duplipensamento. Na trama de Orwell, há um órgão chamado “Ministério da Verdade”, cujo objetivo é nada mais nada menos que falsificar a história e mentir para consolidar a ditadura do Grande Irmão. A negação da verdade e duplipensamento se materializa no edifício do Ministério da Verdade, pois o prédio gigante no meio de Londres, onde fica o ministério, possui os escritos duplipensados: “Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força”. Aliás, a ideia de duplipensamento está nos outros ministérios que administram a ditadura também: se a função do Ministério da Verdade é mentir e falsificar a história, a função do Ministério da Paz é promover a guerra, a função do Ministério da Pujança era administrar a miséria que existe em todo governo socialista e a função do Ministério do Amor era torturar as pessoas que desrespeitassem o Grande Irmão. Podemos ver a negação da verdade acontecendo no Brasil, em nossa cara, no Congresso, com uma Comissão chamada CPI das Fake News, a CPI em que falar a verdade é um crime. Para se ter ideia, Alexandre Frota apresentou diversos tuítes de perfis fakes de Olavo de Carvalho que foram considerados como verdadeiros. Mas o mais absurdo mesmo foi quando um deputado petista convocou um homem chamado Hans Hiver, que era funcionário de uma dessas agências de disparo em massa na época das eleições de 2018, e ao ser questionado se fez disparos para a campanha do Presidente Bolsonaro, disse que não, mas fez para a campanha de Fernando Haddad. Revelou também que a jornalista Patrícia Campos Melo, da Folha, ofereceu a ele sexo em troca de informações desse tipo. Mas após as revelações, o que foi noticiado pela imprensa? As manchetes, principalmente da Folha, foram “Ex-funcionário de empresa de mensagens mente na CPI”, isto é, ele mentiu porque disse que não fez disparos para a campanha de Bolsonaro, fez para o PT. Se ele tivesse falado o contrário, que fez disparos para Bolsonaro e não para o PT, estaria falando a verdade? Com base em que essa verdade poderia ser validada? Como pode a Folha de SP afirmar que um homem mentiu tendo como base apenas a palavra de uma jornalista de seu quadro de funcionários? Eis o absurdo que Friedrich Hayek, economista e filósofo austríaco, chamou de “o fim da verdade”, condição necessária para a instauração de qualquer regime socialista.
A quinta evidência é o culto à personalidade do Grande Irmão. No livro, é dito que não basta você respeitar o Grande Irmão, mesmo ele tomando todo o tipo de atitude autoritária, como monitorar as pessoas, restringindo-lhes o direito de privacidade, torturar opositores, mentir descaradamente etc., você tem que amá-lo também e a forma de fazer alguém que odeia amar o Grande Irmão é através de tortura, pois, segundo um dos funcionários do ministério do amor: “a tortura permite você destruir o homem e suas crenças em mil pedaços e reconstruí-los como você desejar”. No Brasil, perceba que todo esquerdista vê em seus líderes, como Lula e Ciro Gomes, faces de verdadeiros deuses, pois o idolatram como tal, mesmo com eles falando todo o tipo de besteira e ladainha, como Ciro Gomes, que passou a vida inteira tendo atitudes machistas e demagógicas e hoje é idolatrado pela esquerda. Lula não fica atrás: preso por corrupção e lavagem de dinheiro, reunia, à época de seu cárcere, acampamento de pessoas na frente da sede da Polícia Federal, onde ficara preso, com algumas gritando “Lula, eu te amo” aos prantos. Não lembra disso? Confira nesse link quando puder.
A sexta evidência é a “Polícia das Ideias”: no livro, há o chamado “pensamento crime”, que consiste em você apenas pensar coisas que contradizem os mandos e desmandos do Grande Irmão, mas há um problema: o Estado, em 1984, não consegue ler pensamentos, então criou a Polícia das Ideias, instituição que observa e prende as pessoas quando vê que elas demonstram, em seus atos e palavras, o pensamento crime, como, por exemplo, falar dormindo, no caso de sonâmbulos, algo que desagrade o Grande Irmão. A Polícia das Ideias já existe hoje em dia sob a alcunha de “guerreiros da justiça social“, que é a turma do politicamente correto, que vive policiando as redes sociais criadas e administradas do Vale do Silício, polo de tecnologia que concentra uma grande quantidade de bilionários esquerdistas nos EUA. Os guerreiros da justiça social ou Polícia das Ideias vivem de procurar postagens com “discurso de ódio”, um eufemismo que engloba tudo aquilo que não gostam de ouvir, nas redes sociais para denunciá-los aos administrados esquerdistas das redes, que vivem censurando os outros, principalmente perfis de direita, algo que não é nenhuma novidade, mas que é negado de pé junto por Mark Zuckerberg, um dos bilionários de esquerda que patrocinam esse tipo de ditadura do pensamento.
Há muito mais do que seis evidências que mostram a similaridade da obra de suspense de George Orwell com a realidade que vivemos hoje, cada vez mais sombria e com as mãos do estado controlando tudo, então fica aí o convite para você ler o livro, que se encontra disponível na internet no formato PDF, ou ver o filme no Youtube. O filme, apesar de permitir você ver as cenas descritas no livro que se formam em sua imaginação, não é tão profundo e não desperta tanto as emoções quanto o livro, cuja leitura deveria ser obrigatória nesses tempos em que o socialismo ressurge com forças. O livro pode fomentar um grande debate sobre individualismo, que é, sobretudo, uma atitude de humildade diante do processo social em contraste com o coletivismo, que tem por objetivo fortalecer cada vez mais o Estado, partindo do princípio de que esse órgão pode saber tudo e tornando o um monstro como esse que conhecemos hoje administrado por gente como João Doria e Xi Jinping, ditador da China. Também é um convite para pensarmos bem sobre qual deve ser a atuação do Estado, pois como diz Olavo de Carvalho: “quem espera do governo todos os bens não pode atribuir-lhe todos os males”.
Vinícius Mariano, pra Vida Destra, 13/4/2.020.
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Excelente matéria!
Excelente artigo Vinicius.
Segundo Nietzsche, a forma geral da proposição significativa se apresenta como experiência metapsicológica, devido à impermeabilização da corrente inovadora da qual fazemos parte. Um teórico da redundância negaria que o complexo de castração, decorrente do Édipo feminino, auxilia a preparação e a composição de conhecimentos empíricos provindos das afecções. Neste momento o leitor deve reconhecer que acabei de demolir as bases da metafísica de Heidegger, pois a consolidação das afecções no espírito consistiria na origem epistemológica da doxa, da opinião e da razão pura do espírito transcendente.
Excelente matéria! Dos dois um, ou vou ler o livro ou assistir o filme. Agradecia!
Muito bom!!!+
Parabéns, Vinicius, excelente artigo!
Parabéns pelo texto, elucidativo e real!