Quando se fala em socialismo, a maioria das pessoas acredita que trata-se de uma página virada da humanidade já no fim da guerra fria, em que os EUA venceram a União Soviética e supostamente o socialismo entrou em colapso no mundo inteiro. No entanto, o que vemos é o extremo oposto: no próprio Brasil, por exemplo, há uma onda crescente de pessoas que se dizem socialistas, principalmente os jovens que flertam com as ideias do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) – como se as duas coisas fossem passíveis de existência conjunta. O ponto é que o socialismo, com ou sem liberdade, continua bem vivo no Ocidente e, neste artigo, vamos tentar entender os porquês de uma ideologia tão sanguinária continuar tendo cada vez mais adeptos onde deveria sofrer repulsa.
Vamos começar entendendo o que é o socialismo em si, cujo fundamento está na desigualdade: os ditos socialistas querem eliminar a desigualdade econômica utilizando o poder político. No entanto, para tal, é necessária uma grande concentração de poder político em uma pessoa ou órgão (o estado) para estatizar todas as empresas e distribuir suas riquezas. Uma vez que a propriedade privada seja eliminada e a distribuição de riqueza seja implementada, as desigualdades de classe seriam corrigidas, fazendo do socialismo o modelo econômico ideal e superior ao capitalismo.
No entanto, todos os governantes que tentaram fazer essa implementação de socialismo só conseguiram exterminar suas populações, visto que ignoraram premissas de economia simples. Uma delas é que, ao concentrar todas as empresas nas mãos do estado, este não pode vende-las para focar em um só negócio, como fazem as grandes empresas privadas no mundo que dão certo. Veja o Carrefour, por exemplo: é uma grande rede de supermercados, então, por que ela não compra os mercados menores, de bairros, para acabar com a concorrência e ter um lucro maior? A resposta está na complexidade: imagine os executivos do Carrefour administrando não só as grandes lojas da rede e cuidando também dos pequenos mercados de bairros espalhados pelo Brasil afora. Não há como os executivos saberem o que acontece em todas as grandes lojas e em todas as pequenas que o Carrefour viesse a comprar, então, é muito mais vantajoso para eles focarem nas grandes lojas e fazer um bom trabalho para que elas ofereçam preços e boas promoções para atrair clientes. Com o estado socialista tentando cuidar de tudo como uma única empresa, a mesma coisa aconteceria, isto é, um grupo de políticos não teria o conhecimento necessário para gerir as empresas estatizadas – conhecimento este que está descentralizado na sociedade.
Contudo, os socialistas ortodoxos sabem que o socialismo é economicamente inviável, bastando uma simples olhada para Cuba para ver que isso é real. Por esse motivo, desde a queda do muro de Berlim e do colapso da União Soviética, os socialistas passaram a afirmar que o socialismo não era mais economicamente superior ao capitalismo, mas sim moralmente superior, tendo trocado apenas o alvo. Essa simples mudança deu origem àquilo que é chamado de socialismo de engenharia social, que combinado com outras correntes filosóficas, como o empirismo e positivismo, vai isentar o socialismo de todo o mal que ele causou no mundo, pois, segundo os socialistas de engenharia social, não se pode falar que foi o socialismo que causou fome, caos e desgraça na União Soviética, pois “o verdadeiro socialismo nunca foi implementado”, segundo eles, e o que houve na URSS e o que há em Cuba é apenas capitalismo de estado.
Por um lado, eles estão certos: se o capitalismo é o acúmulo de capital e o que houve na URSS e o que há em Cuba é o acúmulo de capital no estado ditador, então há um capitalismo de estado. Acontece que esse capitalismo de estado é que é o socialismo de fato, visto que o próprio Marx dizia que o estado teria esse papel – de concentrar os meios de produção – e depois distribuí-los à sociedade, no entanto, os socialistas omitem essa parte do argumento por conveniência e pelo fato de muitos deles não terem uma estratégia para implementar o sistema econômico que promete ser superior ao capitalismo, tanto que sempre falam que “nós temos que sentar e pensar como seria a sociedade socialista”. Acontece que estão pensando há décadas e esse resultado nunca sai, já que é impossível.
O socialismo de engenharia social engloba outra importante vertente para se impor nos dias de hoje e conquistar mentes e corações: a escola de Frankfurt. A escola de Frankfurt foi uma linha de pensamento da filosofia que surgiu no século XX, quando seus membros originais começaram a estudar os porquês da classe trabalhadora não ter aderido ao marxismo tradicional, que supostamente pretendia ajudar os trabalhadores através do socialismo. Uma das constatações dos frankfurtianos foi a de que a classe trabalhadora da época estava muito “corrompida” pelo capitalismo e por tudo de bom que havia no ocidente, então, a brilhante conclusão dos estudiosos dessa escola, como Herbert Marcuse, pai do banditismo, era mudar o foco: ao invés de os socialistas irem atrás do proletariado e falar de socialismo, isto é, da classe trabalhadora, eles deveriam ir atrás daquilo que Marx chamou de lumpemproletariado, isto é, aquela parcela da população que, para Marx era mais oprimida que o próprio proletariado. Hoje, essa parcela é chamada de “minorias”, que são os grandes defendidos dos partidos de esquerda: a mulher, o negro, o gay, etc. Os partidos socialistas viram nessas pessoas uma grande oportunidade para continuarem existindo e para perpetuarem o socialismo, mas, desta vez, de forma diferente.
O objetivo do socialismo marxista era atingir a sociedade comunista, na qual não existiriam classes sociais, governos e propriedade privada dos meios de produção. No entanto, como isso se mostrou impossível, o objetivo do socialismo hoje é outro: apenas o poder pelo poder, como diz o livro 1984, que conta a história fictícia de um casal que vive numa sociedade assim. Os deputados e senadores de partidos de esquerda não querem hoje atingir o comunismo, visto que, se isso fosse possível e ocorresse, eles perderiam seus mandatos e seus status de pessoas importantes, além, é claro, dos gordos salários que ganham, então, se contentam em hoje criarem fantasmas para combaterem, como a “ameaça fascista”, a homofobia, o Feminicídio, etc.
E a relação que existe entre o político de esquerda que há hoje e seu eleitor é uma relação que tende a nunca acabar: o jovem homossexual, a mulher e o negro demandam proteção através de “políticas públicas” e esses parlamentares, em suas plataformas, fornecem essa tal proteção através de um grande esquema de engenharia social que faz, inclusive, jovens de classes média e alta defenderem “taxar as grandes fortunas”, uma baboseira que não deu certo para nenhum país do mundo exceto a Suíça, que é para onde os milionários europeus fugiram quando seus países tentaram instituir esse imposto ao longo do século XX e começo do século XXI.
Assim, o objetivo do socialismo de hoje – o qual podemos chamar de socialismo de engenharia social, já que o tradicional fracassou – é meramente utilizar-se da idiotice útil dos intelectualmente menos preparados, para enriquecer uma classe de pessoas que veem na manipulação dessas mentes uma forma fácil de ganhar dinheiro, visto que, diferente da população que dizem defender, nenhum dos políticos socialistas no mundo de hoje são pobres proletários, mas sim ricos tentando nos convencer de que o dinheiro é o grande mal do mundo.
Vinicius Mariano, para Vida Destra, 14/06/2021.
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Quando jovem queremos consertar o mundo, porém a maturidade nos mostra a diversidade de pensamentos, de posturas e a realidade em si. Nenhun ser humano é igual a outro, assim nenhuma sociedade também e até empresas da mesma área. Entender a complexidade da vida faz o cidadão abandonar as idéias socialistas. Excelente explanação!
Excelente. Guardando esse texto para os meus filhos.
Onde o socialismo pisa nem grama nasce.
O discurso socialista agrada aos incautos, geralmente os jovens que acreditam nas falácias como um ponto de acerto, porém descobrem ao ficarem mais maduros que é tudo uma mentira e na verdade o socialismo só protege sua cúpula deixando o povo sempre na miséria e com promessas de dias melhores que nunca chegam.
Ao saírem da adolescência e entrarem no mundo adulto e real verão que não existe nada de graça e o Estado é incapaz de prover o sustento digno e neste momento é que muitos abandonam a ideia socialista.
Neste mesmo nível de pensamento é que podemos dizer que essa geração Millennium, super protegida pelos pais é que ainda encabeçam essa falácia do socialismo que dá certo, mas para eles, que tem os pais como suporte eterno, não precisam trabalhar e nada pensam no futuro e querem cobrar do Estado uma divisão de riquezas a qual não produziram nada.
O Socialismo só dura até o dinheiro alheio acabar.
parecia que vc tava descrevendo o capitalismo, mas era o socialismo kkkk “propostas que nunca chegam” etc