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Sobrevivente de Tiananmen: China é “mais perigosa e brutal do que a Alemanha nazista”

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Sobrevivente de Tiananmen: China é “mais perigosa e brutal do que a Alemanha nazista”

 

 

Fonte: Breitbart

Título Original: Tiananmen Survivor: China Is ‘More Dangerous and Vicious than Nazi Germany’

Link da Matéria Original: aqui

Publicado em 4 de junho de 2021

 

Autor: Frances Martel

 

Ativista chinesa pró-democracia e sobrevivente do massacre da Praça Tiananmen, em 1989, Rose Tang alertou que o Partido Comunista Chinês é “a maior organização terrorista do mundo”. Ela concedeu uma entrevista em homenagem ao evento, na sexta-feira [4 de junho de 2021], para a revista de direitos humanos Bitter Winter.

 

Tang lembrou que testemunhou uma horda de tanques de guerra esmagar as tendas erguidas pelos estudantes – e todos os que estavam dentro delas – e que abriu caminho entre pilhas de corpos, na tentativa de escapar. Os soldados do Exército de Libertação do Povo, recordou ela, mataram não só estudantes e dissidentes que protestavam, mas muitos civis que estavam nos arredores, incluindo crianças.

A sexta-feira [4 de junho de 2021] marcou o 32º aniversário do massacre perpetrado em resposta a protestos pacíficos e não armados que, nos anos crepusculares da União Soviética, demandavam que o governo chinês se afastasse do comunismo. As autoridades chinesas se recusaram a admitir qualquer responsabilidade pelo evento, nem permitiram que observadores independentes examinassem adequadamente os números reais da matança, portanto, não há um número de mortes “oficial”. Porém, documentos daquela época (que vazaram) sugerem que o exército matou pelo menos 10.000 pessoas em 4 de junho de 1989, apenas na praça. Esse número de mortos não contabiliza os feridos que morreram nos hospitais, nem os que foram mortos em operações em outros locais de Pequim. Como o Partido Comunista havia declarado Lei Marcial contra os manifestantes em 20 de maio, o exército começou a matar e a desaparecer com dissidentes nas semanas que antecederam o terrível massacre em 4 de junho.

Tang, que hoje vive em Nova York, mas continua a defender a liberdade do povo chinês, tinha 20 anos quando presenciou o massacre. Ela contou à Bitter Winter que perdeu um colega de 19 anos no que chamou de “quase uma operação militar de guerra” contra civis desarmados. Ela observou que os agressores – os soldados do Exército de Libertação do Povo [PLA ou People’s Liberation Army] – eram tão jovens quanto as pessoas que matavam, eles mesmos, em grande parte, estudantes universitários.

“Era como atravessar uma zona de guerra”, disse ela sobre as ruas que circundavam a Praça Tiananmen. “Ônibus e caminhões em chamas por todo lado, pessoas reerguendo barricadas para deter mais soldados”.

As barricadas não funcionaram, destruindo o que ela descreveu como uma paz tensa na praça propriamente dita.

“Após a meia-noite, um tanque em chamas, perseguido por uma multidão que atirava pedras, avançou ruidosamente pela praça e derrubou as barricadas erguidas em frente ao Grande Salão do Povo”, detalhou Tang. “Todas as luzes se apagaram, Tiananmen era como um gigantesco fundo de palco escuro, mas iluminado por tanques em chamas. De repente, bandos de soldados emergiram como formigas do Grande Salão do Povo. Acenderam-se todas as luzes ao mesmo tempo e, ato contínuo, o barulho ensurdecedor de tanques vindo em nossa direção, de três pontos distintos”.

“Logo os soldados começaram a bater em nós, com porretes. Fui empurrada e puxada, carregada pelas pessoas em fuga desordenada. Entre gritos e gente caindo, meu peito era comprimido; meus óculos, estraçalhados no meu rosto”, ela relembrou. “Eu só conseguia ver as luzes embaçadas acima das silhuetas negras de pessoas à minha volta. Num átimo, lamentei ter vindo à praça e desejei que houvesse um Deus para me salvar”.

“Pisei em alguns corpos, nenhum deles se moveu, talvez estivessem mortos. Fui arrastada pela multidão que se movia como uma enorme bola de formigas”, contou Tang. Ela se lembrou de soldados com metralhadoras atirando na multidão, numa clara tentativa de matar o máximo possível.

“Fomos para os subúrbios de Pequim, a fim de evitar os soldados, mas eles estavam por toda parte, até mesmo nos campos de trigo. Era uma verdadeira campanha militar”, descreveu Tang. Ela acrescentou que os residentes locais saíram às ruas para ajudar os estudantes e um deles lhe disse que havia testemunhado a execução militar de uma garota de 12 anos, que estava na rua com a irmã de 5 anos, na hora errada.

Na entrevista para a Bitter Winter, Tang alertou que a natureza perversa do Partido Comunista não mudou desde 1989.

“A China de hoje, tal como a China de ontem, ainda é a maior prisão do mundo”, Tang argumentou. “A China é um poder ditatorial e colonial que é mais perigoso e brutal do que a Alemanha nazista. Vem prosperando graças à conciliação de governos ocidentais e à bajulação de multinacionais”.

“A China não é o que uma nação deveria ser. É um buraco negro. Sequer é mercado para mercadorias e serviços. É outro planeta. Não vá para lá. Não invista lá”, alertou Tang.

As recordações de Tang ecoam o testemunho angustiado de outros que lá estavam naquele tempo. Ao escrever para o Breitbart em 2019, no 30º aniversário do evento, o diplomata Fred Gedrich descreveu a tentativa dos manifestantes desarmados de se defenderem dos tanques de guerra que ameaçavam esmagá-los.

“Contra todas as possibilidades adversas, os que apoiavam o movimento pela liberdade contra-atacaram sem armas”, rememorou Gedrich, que assistiu a tudo da janela do seu quarto de hotel, em Pequim. “Alguns tentaram parar os tanques, erguendo barricadas e explodindo carros, ônibus e caminhões na rua, na vã tentativa de evitar que o comboio avançasse. Por fim, os soldados nos tanques dispararam suas metralhadoras para dispersar os manifestantes e, por precaução, fizeram alguns disparos de alerta em direção ao nosso hotel, a fim de impedir que os ocidentais observassem o que acontecia”.

O presidente do Instituto de Pesquisa Populacional, Steven Mosher, que também estava na China à época, contou ao Breitbart News em entrevista de 2019, que a matança continuou fora da Praça Tiananmen.

“Os hospitais transbordavam de mortos e feridos. No dia seguinte, porém, os hospitais foram esvaziados”, detalhou Mosher. “Os feridos foram removidos – mesmo aqueles que respiravam por aparelhos e que não deviam ser desconectados dos respiradores –, todos foram removidos em tanques de guerra e nunca mais se ouviu falar deles. Esvaziaram os hospitais de todos os mortos e feridos para tentar destruir a evidência; e foi exatamente isso que conseguiram”.

Nas ruas, Mosher lembrou, “havia tanques se deslocando velozmente pela multidão, literalmente esmagando as pessoas. Mais tarde, foi preciso raspar as ruas com escavadeiras para retirar os restos mortais dos seres humanos assassinados pelos tanques que os atropelaram. Foi uma carnificina horrorosa”.

Por décadas, as autoridades chinesas negaram os assassinatos. Até hoje, o Partido Comunista censura pesadamente qualquer menção ao incidente, mantendo a China ignorante sobre o evento.

“Da mídia de notícias aos materiais escolares, esse tópico foi deliberadamente apagado dos livros, da mídia e de outros domínios públicos”, contou uma professora do ensino médio, identificada apenas como Zhen, em entrevista veiculada pela Radio Free Asia, na quinta-feira. “As crianças, os mais jovens, nunca ouviram falar disso. Outros talvez tenham ouvido, mas não sabem as causas e a história completa da tragédia ocorrida à época”.

“A nova geração, agora, só se interessa por dinheiro, comer e beber, e se divertir”, lamentou Zhen. “Todos estão sempre ao celular, curtindo isso ou aquilo.”

Nos últimos dois anos, a propaganda estatal chinesa discutiu ativamente o massacre, porém, celebrando-o como um sucesso do comunismo. Ao descrever o massacre – e simultaneamente negar sua verdadeira dimensão – como fonte de “orgulho” da China, o Global Times estatal argumentou, na sexta-feira, que os assassinatos “inocularam no povo chinês uma vacina política, ajudando-nos a adquirir imunidade” contra a democracia.

“A Praça Tiananmen personifica o orgulho e a confiança do povo chinês nas políticas do país, e é um símbolo da unidade da China, como também da independência e da crescente prosperidade do país”, declarou a mídia de propaganda.

 

 

Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 12/06/2021.                                  Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail  mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus

 

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Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus