O tema globalismo ganhou força com a pandemia de coronavírus pelo fato de um evento desse tipo trazer consequências para o planeta inteiro, visto que, por um deslize da China, quase 4 milhões de pessoas perderam suas vidas no mundo, isso sem contar o caos político, econômico e social que a pandemia de Covid-19 gerou. No entanto, o que seria o globalismo em si? Vemos muitos comentários sobre esse tema nas redes sociais – e nenhum na mídia, que tenta ridicularizá-lo –, mas raramente vemos uma definição de fato do que ele realmente significa.
Sem muitas delongas, globalismo trata-se das diversas tentativas de transferência do poder da soberania nacional local para órgãos e burocratas que não foram necessariamente eleitos, mas que têm poder global. Desta forma, o poder político de decisão acaba saindo das mãos do povo, que elege seus representantes nos países, e vai para as mãos de pessoas que nunca ouvimos falar na vida. Quer um exemplo? Quem são os representantes do Brasil na ONU? Não sabemos, aliás, talvez somente alguns membros do governo e profissionais de Relações Internacionais saibam, visto que é um assunto que sequer é abordado nas escolas, que vendem órgãos como a ONU como boas instituições – algo que nem sempre são na prática.
A mídia e o establishment no geral tratam o globalismo como uma teoria da conspiração, mas será que é mesmo? Há diversas formas de solapar o poder nacional e transferi-los, aos poucos, para órgãos de controle mundial. Um bom exemplo é o que acontece com a União Europeia, um bloco econômico que foi estabelecido, inicialmente, para facilitar o comércio entre países europeus, mas que, com o tempo, virou esse monstro globalista que vemos hoje. E por que a União Europeia é um bom exemplo de globalismo? Porque seu órgão mais poderoso – a Comissão Europeia – não possui nenhum membro eleito pelo povo, ao contrário, são burocratas indicados por outros burocratas dos países membros do bloco. Somente a Comissão Europeia pode propor leis na União, que são aprovadas ou não pelo Parlamento Europeu. Disso, deriva-se um outro problema: o que acontece se todos os países do bloco decidirem aprovar uma lei e um país não? Esse país que não queria aquela lei – que pode prejudica-lo – não poderá fazer nada além de aceitar, ou pedir para sair do bloco, mas para isso terá que enfrentar um processo extremamente burocrático. Foi o que aconteceu com o Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia, que podemos analisar para entender um pouco o globalismo.
A União Europeia, para justificar sua existência, tornou-se uma máquina de burocracias inúteis. Exemplos não faltam: em 2011, o bloco aprovou uma lei que proibia que fabricantes de água potável engarrafada colocassem no rótulo dos produtos que a água previne desidratação, algo que é consenso científico. Outro exemplo: em 2010, a União europeia proibiu diabéticos de dirigirem nas estradas de toda a Europa, algo que não faz o menor sentido e, mesmo que fizesse, deveria no mínimo ser aprovado pelo parlamento de cada país, não por um grupo de burocratas que ninguém conhece. Outra lei ridícula: ainda em 2010, a União Europeia proibiu os vendedores de venderem ovos por dúzia, deixando claro que eles só poderiam ser vendidos por quilo. Já em 2014 os burocratas iluminados resolveram proibir os aspiradores de pó com potência superior a 1600 watts de serem usados. Chegou um momento em que o inglês olhou para todo esse tipo de coisa e resolveu dar um basta, não se submetendo mais às regulações políticas e globalistas da Comissão Europeia, no entanto, se foi fácil entrar na União, foi extremamente difícil de sair: mesmo após um referendo que a população pedia a saída de seu país do bloco, demorou-se praticamente 5 anos para ele sair em definitivo, isto é, os globalistas não são muito fãs da democracia.
O Reino Unido, no entanto, não é o único país que foi vítima do globalismo: no Brasil, em 2020, o ministro Gilmar Mendes, do STF, disse que a Corte não iria validar leis e decisões do governo brasileiro que fossem contrárias às recomendações da OMS, o que nos levanta as perguntas: (1) alguém votou na OMS? (2) Por que seguir as regras de um órgão que foi o responsável por fazer a pandemia chegar a esse ponto e deu um monte de declaração contraditória durante o evento, seja sobre máscaras, lockdown ou isolamento? Sob a ótica jurídica não faz sentido, mas sob a ótica de poder global, faz todo.
Além de Brasil e Reino Unido, os EUA também estão na onda do globalismo: o presidente Joe Biden já fala, junto com outros membros do G7, na criação de um “imposto único global”, com o objetivo de evitar que empresas saiam de determinados países e busquem destinos melhores, para, dentre outras coisas, fugirem de impostos altos. Se isso for implementado, as empresas privadas da Venezuela e Argentina, que sofrem ameaça de estatização por ordem de um burocrata socialista, iriam à falência automaticamente, visto que, se saírem de seus países, teriam que pagar um rio de imposto a mais, mas, se ficarem, correm o risco de serem estatizadas. O globalismo mostra, com isso, seus tentáculos ditatoriais e antiglobalização, dado que a migração de empresas entre países conforme conveniência sempre foi condição necessária para a existência de um comércio global forte.
Globalismo está também ligado ao conceito de nova ordem mundial. O que seria isso? Não tem nada a ver com as teorias da conspiração que vemos na internet, sobre marca da besta ou algo do tipo, mas sim com a renovação da ordem que rege o mundo. Exemplo: antigamente, tínhamos uma ordem mundial com a Europa sendo a maior potência no sentido cultural, político e econômico, tanto que a Europa influenciou o Ocidente inteiro com suas ideias, além de termos as moedas lastreadas em ouro. Porém, após duas guerras mundiais, a ordem global mudou: os EUA passaram a ser a maior potência e influenciou o mundo com seus valores, o que não foi necessariamente ruim, visto que o EUA é filho da Europa e das principais ideias de capitalismo e liberdade oriundas de lá. Além disso, com os EUA sendo a estrela do mundo, o dólar passou a ser a moeda universal, deixando o padrão ouro para trás, o que fez os países do mundo inteiro a abandonarem o padrão ouro também e adotar a moeda fiduciária, isto é, a moeda sem lastro, responsável, inclusive, por grandes momentos inflacionários no Brasil. No entanto, sabemos que no futuro isso vai mudar, visto que a China vai ultrapassar os EUA, algo que, segundo economistas, já ocorreu durante a pandemia de Covid-19, em outubro. Isto é, quando a China, um país ditatorial, que ainda mantém campos de concentração, for a maior economia do mundo, a ordem mundial será outra, dada a influência cultural, política e econômica que ela irá exercer como maior Império mundial e o difícil será prever exatamente quais serão as consequências disso, mas uma coisa é fato: a China irá mandar no mundo.
Aliás, poderíamos dizer que já manda, dado que ela tem agentes infiltrados em tudo quanto é organização do planeta: em 2020, vazaram dados do Partido Comunista Chinês que mostram como agentes chineses estão infiltrados nos governos americanos e britânicos. Aqui no Brasil também não é novidade: vimos, com a CPI da Covid-19, que no Senado há uma bancada pró-China, vemos o governador de São Paulo, estado mais rico do país, fortemente alinhado com a ditadura e vimos o embaixador chinês, Yang Wanming, discutindo no Twitter com o deputado mais votado do país, Eduardo Bolsonaro.
No mundo durante a guerra fria, existia uma dicotomia entre capitalismo e socialismo, mas, com o fim do Império soviético, o socialismo faliu no mundo inteiro. No Brasil, ainda há a dicotomia capitalismo versus socialismo porque a esquerda brasileira, composta de analfabetos funcionais, ainda não superou o socialismo e, diferente do resto do mundo, não aceitou que ele não dá certo. Hoje, a dicotomia que existe no mundo é entre globalismo e nacionalismo, porque, segundo autores que flertam com o globalismo, como Yuval Harari, “problemas globais requerem soluções globais”, ignorando o fato de que já tivemos outras pandemias antes e não foi necessária nenhuma “solução global” para resolvê-las, como a de H1N1.
Por fim, há os que dizem que o globalismo é uma teoria da conspiração, mas, com todos esses eventos ocorrendo, sabemos que, se isso for verdade, então o globalismo é a teoria da conspiração mais aberta da história, fazendo daqueles que o ignoram os verdadeiros negacionistas.
Vinicius Mariano, para Vida Destra, 28/06/2021.
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Excelente!!
Obrigada.????
O globalismo apesar de ser conceituado como geral não está longe da manipulação por grupos familiares que usam a semântica para controlar nações em prol dos seus interesses. A China não cresceu porque desenvolveu pensamentos ou tecnologias e sim por investimentos globalistas. O Dragão tem fome insaciável, contudo não dobrará o resto porque não tem conduta democrática nas releições internacionais devido a falta de pensamento diferente.
Esse artigo está supimpa, parabéns! Muito esclarecedor!
Parabéns pelo artigo. Excelente exposição de ideias.