Os “analistas” e as suas “previsões”

Começo este breve artigo deixando bem claro a vocês, amigos leitores, que respeito muito o trabalho dos verdadeiros analistas políticos. Assim como precisamos de analistas econômicos e financeiros para entendermos a economia e tomarmos decisões com o menor risco possível, também precisamos do trabalho dos analistas políticos, que nos ajudam a compreender o quadro geral e nos ajudam a tomar decisões que podem mudar o rumo, não apenas das nossas vidas, mas também da sociedade e do país.

Mas é claro que nem todos os que se dizem analistas políticos de fato o são. Muitos são apenas oportunistas, em busca de projeção pessoal através das redes sociais, e que se aproveitam do sentimento de revolta e frustração que muitas pessoas sentem e exploram esta situação em proveito próprio. Fazem isto dizendo às pessoas o que elas querem ouvir ou dando falsas esperanças, tudo baseado em achismos que não tem nenhum respaldo na realidade.

Todos vimos previsões dizendo que Donald Trump retornaria à presidência ainda em 2021, com alguns “analistas” chegando mesmo a prever a data em que isto aconteceria. Todos nós também ouvimos muitos falarem de uma “Operação Storm“, que com o apoio dos Estados Unidos, prenderia os ministros do STF e resolveria um dos nossos mais graves problemas. Tudo não passou de falácias que, como já me referi, se basearam em anseios populares gerados por frustrações e pelo desejo de encontrar soluções rápidas e definitivas para os nossos problemas urgentes.

Em um ano eleitoral, precisaremos do trabalho dos analistas políticos, que nos auxiliarão na nossa tomada de decisão. Mas, mais do que nunca, precisaremos estar atentos, para que não nos tornemos ouvintes de novas falácias. Precisamos aprender a desenvolver o nosso senso crítico e a filtrar todas as informações que nos são oferecidas. Como diz o ditado, nem tudo o que reluz é ouro!

Os verdadeiros analistas políticos fazem as suas análises baseados em fatos e em argumentos sólidos e comprováveis. Eles não se baseiam em achismos ou vontades pessoais, analisam e mostram as coisas como elas são. Além disso, o verdadeiro analista político não crava previsões, dizendo de forma categórica o que vai acontecer. Ao invés disto, baseado em fatos e dados da realidade política, aponta possibilidades, e nos ajuda a compreender as consequências que cada possibilidade apresentada poderá nos trazer, caso concretizada.

O verdadeiro analista político não é dono da verdade, nem é infalível. Mesmo trabalhando com fatos e dados concretos, ao traçar cenários prováveis poderá cometer equívocos, até porque muitos elementos que compõem o conjunto de fatores que são considerados em uma análise são variáveis, podendo sofrer alterações que nem sempre podem ser previstas.

Enfim amigos, não escrevo este texto para desacreditar os analistas, mas para que todos estejamos atentos a todos aqueles que vierem nos oferecer suas análises neste ano de eleições. Toda informação que nos é oferecida deve ser devidamente verificada. E somos nós que devemos ser os responsáveis pela qualidade das informações e análises que consumimos. Não podemos aceitar qualquer coisa que nos ofereçam. E não podemos delegar a outros a responsabilidade da escolha.

É como quando decidimos comer em um determinado restaurante: não somos os responsáveis pela qualidade da comida, mas somos responsáveis pela escolha do lugar e do que comer! Com as informações ocorre o mesmo: não somos os responsáveis pela sua produção, mas somos responsáveis pela escolha de onde buscar a informação e qual informação consumir!

O hábito de ler bons livros e de obter informações em fontes confiáveis ajudam muito neste nosso processo pessoal de avaliação de análises e possibilidades. Não se esqueçam, amigos leitores, vocês são os responsáveis pelas suas vidas, e suas decisões precisam ser bem embasadas para evitar que sentimentalismos ou histerias externas contaminem os seus julgamentos. Independente de qual seja o analista que vocês queiram ouvir, no final, a decisão na hora de agir sempre será responsabilidade de vocês!

Sander Souza (Conexão Japão), para Vida Destra, 04/02/2022.
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