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Príncipe Harry perdeu o foco da renúncia à sua família

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Príncipe Harry perdeu o foco da renúncia à sua família

 

Harry, você já perdeu sua família, seu país e sua dignidade em um esforço para aplacar sua esposa. Mas você claramente perdeu o foco.

 

Fonte: The Federalist

Título original:  Prince Harry Misses The Point Of Quitting Your Family

Link para o artigo original: aqui.

Publicado em 2 de fevereiro de 2023

 

Autora: Beth Herman*

 

Como se aproximar de um príncipe desonrado? A tradicionalista em mim sugere: “Podemos conversar um pouco, Alteza?”. Ou, considerando os recentes eventos, talvez simplesmente: “Harry, querido, precisamos conversar”.

Não quero fazer parte da sórdida espiral do Duque e da Duquesa, entende? Mas desde que deixei minha própria família, há duas décadas, tornei-me uma espécie de conselheira discreta para aqueles que estão considerando romper com o círculo familiar. Não porque quis ou planejei. Mas, como algumas pessoas que conheço, um cliente e um consultor de negócios, foram generosas com seus conselhos e experiência quando eu estava buscando uma mudança, eu me sinto fortemente inclinada a retribuir a gentileza.

Muito bem, Príncipe Harry, vamos tirar duas coisas do caminho à frente. Primeira: embora seja admirável afastar-se de tudo o que você conheceu e tentar mudar sua vida, tal ruptura envolve os sentimentos de outras pessoas, os quais não devem ser feridos gratuitamente, não importando quanta raiva possa haver entre os envolvidos. Segunda: separar-se do círculo familiar é essencialmente um assunto privado e não diz respeito a mais ninguém.

Tempo e espaço são necessários para processar a perda. A questão ‘para quem contar e quando’ é complicada. Levei cerca de seis meses até que pudesse falar com qualquer pessoa, exceto meu marido, sobre o que havia acontecido, inclusive com meus sogros.

Vinte anos depois, eu ainda me esforço para alcançar um equilíbrio adequado. Embora não evite falar sobre minha situação, apesar de sua natureza dolorosa, também não a apresento de forma aleatória. Trabalho para evitar acusações ou me apresentar como a vítima. Se fica evidente que a pessoa só quer mexericar, encerro a discussão.

É verdade que sou uma pessoa reservada, em comparação com o clima de hoje em dia, em que se diz tudo indiscriminadamente. Mas não estou totalmente isolada. Como ensaísta, meu trabalho implica escrever e analisar experiências pessoais. Após anos de leitura sobre técnicas e processos, oficinas de escrita, aulas online e trabalhos com mentores individuais (um dos quais me pressionou muito para obter os detalhes macabros da minha ruptura), aprendi a difícil lição, a regra de ouro do escritor de memórias: a única história que você tem o direito de contar é a sua.

Não busque vingança

Em seu livro “To Show and to Tell, The Craft of Literary Nonfiction”, o guru dos escritores Phillip Lopate explica: “Nunca escreva para resolver assuntos pendentes. Analise o ponto de vista da outra pessoa e seja o mais justo possível”.

Com o tempo e em retrospecto, posso ver que, após duas décadas, a vingança não faz parte da equação. O fato de ter me separado de meus pais e irmãs é simplesmente parte da minha narrativa: sou muito atlética, tenho cabelos cacheados e sou feliz casada com o mesmo homem há 35 anos. Ah!, e 20 anos atrás, me separei da família.

À exceção de alguns soluços prolongados (a maioria dos quais ocorreu nos bastidores), a ruptura aconteceu sem dramas. Não houve nenhum desenlace, nenhuma repreensão aos meus pais, nem a apresentação de uma lista das minúcias de como eles falharam comigo. Por alguns poucos anos me arrependi disso, pensando que o roteiro para tal separação exigia muito mais melodrama.

Então percebi que minha ruptura não era sobre deixá-los. Na verdade, não se tratava absolutamente deles. Eu estava caminhando, ao lado de meu marido, em direção a um futuro sem cor pelas atitudes, expectativas e medos de minha família, e cobiçando um novo começo. Nos mais de 20 anos desde então, pouquíssimas vezes olhei para trás. É isto que uma ruptura com o círculo da família pode oferecer, a chance de criar um novo começo e uma nova realidade.

Não é absolutamente sobre o Harry

Não lerei o seu livro “Spare”, Harry. Também não consegui assistir a mais do que alguns minutos de suas incontáveis entrevistas para a TV, antes de desistir. Mas eis o que vi: toda essa confusão efetivamente não tem nada a ver com você. Trata-se da sua esposa. Deixar a família real é a medida da insegurança de Meghan Markle.

A Duquesa de Sussex aparentemente se sente compelida a testar constantemente o seu amor, a sua devoção e os seus limites, em um jogo emocional covarde. Como uma criança problemática de 4 anos que busca se certificar dos afetos de sua mãe, ela pergunta: “Quanto você me ama?”, convencendo-o de que sua família é o inimigo. Na mente de Meghan, você tem que escolher um lado. Ou eles, ou ela. Igual a uma adolescente com tendência ao gótico que repetidamente exige: “Se a casa estivesse em chamas, pai, qual de nós, crianças, você salvaria?”.

Harry, você já perdeu sua família, seu país e sua dignidade em um esforço para aplacar sua esposa. Mas você claramente perdeu o foco, que é este: você não pode abandonar a família para agradar, validar ou curar ninguém, exceto você mesmo.

 

*Beth Herman é artista, ensaísta e guia escolar na The National Gallery of Art. Além do Federalist, seus ensaios já foram publicados no The Wall Street Journal, Legal Times, The Washington Times e NPR. Quando não está pintando em seu cavalete ou escrevendo em sua escrivaninha, Beth pode ser encontrada correndo com seu marido, com quem está casada há mais de 35 anos, o autor e historiador Arthur Herman.

 

 

Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 18/02/2023.                                  Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail  mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus

 

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Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus