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Os ‘detransitioners’* estão sendo abandonados pelos profissionais da medicina que devastaram seus corpos e mentes

Prezados leitores:

Publicamos mais uma tradução de artigo relevante da imprensa internacional feita pela nossa colaboradora, a jornalista e tradutora Telma Regina Matheus. Apreciem!

 

Os ‘detransitioners’* estão sendo abandonados pelos profissionais da medicina que devastaram seus corpos e mentes

 

* A palavra ‘detransitioner’ não tem tradução. É terminologia recente para indicar as pessoas que, em algum momento de suas vidas, acreditaram ser mulher (sendo homem) e vice-versa e que, com o passar do tempo, se arrependeram de terem feito tratamentos e cirurgias de transição de sexo.

 

Profissionais da área da saúde não ajudarão os detransitioners que buscam desfazer os danos de cirurgias e tratamentos hormonais transgênero.

 

Fonte: The Federalist

Título original:  ‘Detransitioners’ Are Being Abandoned By Medical Professionals Who Devastated Their Bodies And Minds

Link do artigo original: aqui!

Publicado em fevereiro de 2023

 

Autora: Kelsey Bolar**

 

Depois de ter sido assediada por profissionais da saúde que lhe possibilitaram a transição clínica quando era menor de idade, Prisha Mosley agora diz que foi abandonada pela comunidade médica enquanto tenta lidar com uma reversão complicada e dolorosa da transição sexual [realizada].

“Eu tinha a impressão de que meus médicos, que estavam me transformando, me amavam. Eles disseram que não queriam que eu morresse, que estavam salvando minha vida, que estavam preocupados comigo, e que queriam que eu fosse saudável e feliz”, Prisha me contou. “Claramente, eles não me amam. Se não é lucrativo, eles não querem ajudar”.

Prisha sofre de uma série de complicações médicas que remontam aos mais de cinco anos em que ela consumiu testosterona e à dupla mastectomia a que se submeteu, pouco depois de completar 18 anos, e que foi realizada por um cirurgião plástico. Muitas dessas complicações envolvem o sistema endócrino, que é responsável pelos hormônios que regulam quase todos os processos do corpo, desde o metabolismo até o crescimento e desenvolvimento, as emoções, o humor, a função sexual e o sono.

“Eu esperava que, se eu conseguisse fazer meu sistema endócrino funcionar, eu poderia tomar menos remédios psiquiátricos, porque níveis baixos de testosterona e estrogênio causam depressão e ansiedade, para as quais estou medicada e realmente não gosto disso”, disse ela.

Prisha também espera que, através da suplementação de estrogênio, ela obtenha alguma redistribuição de músculos e gordura.  Depois de anos de consumo de testosterona que aumentou seu pescoço e ombros, ela agora carrega mais peso na parte superior do corpo, o que causa dores crônicas. Sua garganta está dolorida, ela não pode mais cantar nem elevar sua voz, e sofre queda de cabelo, bem como crescimento de pelos no corpo, que ela precisa tratar com sessões caras de depilação a laser.

Outro efeito colateral, para o qual Prisha está procurando assistência médica, é uma grave disfunção sexual que é tão terrível que ela diz não poder mais usar absorventes.

“Eu costumava usar, agora não posso”, disse ela. “E isso é péssimo. Tenho dores, os períodos [menstruais] são irregulares e há atrofia”.

Nenhum profissional médico ajudará

O tratamento hormonal para reparar seu sistema endócrino, ela espera, poderia ajudá-la a se tornar mais feminina – e talvez fértil novamente. Mas, segundo ela, todos os médicos de atenção primária, endocrinologistas, obstetras e ginecologistas que ela consultou em sua lista do convênio a rejeitaram ou disseram que não podiam ajudá-la.

De acordo com Prisha, “posso ligar todos os dias e serei rejeitada”.

[N.T.: o vídeo original do depoimento de Prisha pode ser acessado no Youtube, aqui.]

As organizações que representam esses profissionais alegam que oferecem atendimento aberto, inclusivo e solidário aos indivíduos “transgênero” e de “diversidade de gênero”. Esse atendimento, ao que tudo indica, não se aplica aos indivíduos que querem reverter a transição.

Prisha não é a única detransitioner que se sente abandonada pelas instituições médicas que a submeteram a tratamentos hormonais e cirurgias devido à ‘inadequação sexual’. Ao longo do ano passado, o Fórum de Mulheres Independentes documentou várias histórias de reversão de transição que também relatam o abandono por parte de médicos e profissionais de saúde mental após a decisão de reversão.

“Consultei cada médico, cada terapeuta, envolvido nessa área e não consegui absolutamente nenhuma ajuda”, disse Chloe Cole, uma jovem de 18 anos de idade que, quando criança, foi rapidamente submetida a uma transição clínica por uma equipe de médicos ansiosos. Abandonada para enfrentar sozinha o processo de reversão da transição, Chloe suspendeu repentinamente o uso de testosterona e também luta com complicações urinárias e outros distúrbios que os médicos ainda não conseguiram resolver.

[N.T.: o vídeo original do depoimento de Chloe pode ser acessado no Youtube, aqui.]

Cat Cattinson, uma mulher que fez a transição clínica de identidade sexual aos 20 anos, sem perceber que era um grande erro, disse que o acesso ao atendimento médico por parte de profissionais especializados é uma das maiores barreiras que os detransitioners enfrentam:

“Devido à natureza experimental da medicina de gênero, os médicos sabem muito pouco sobre os efeitos de longo prazo da transição clínica, e sabem menos ainda sobre as necessidades de tratamento daqueles que querem reverter a transição. As cirurgias, obviamente, são irreversíveis, mas as intervenções hormonais também podem ter efeitos duradouros, os quais exigem tratamento de mitigação. A testosterona causou mudanças irreversíveis em minhas cordas vocais, resultando em desconforto e dor diários, mas a maioria dos otorrinolaringologistas [especialistas em ouvido, nariz e garganta] e outros “profissionais” de voz não têm conhecimento sobre como a testosterona afeta a voz feminina nem sobre como ajudar alguém na minha situação.”

[N.T.: o vídeo original do depoimento de Cat Cattinson pode ser acessado no Youtube, aqui.]

Prisha não sabe por que foi rejeitada por tantos médicos e profissionais da saúde – [não sabe] se foi por causa de dinheiro, política ou falta de conhecimento sobre como ajudar. Caso tenha sido por falta de conhecimento, há de se perguntar por que profissionais da medicina têm permissão para envolver pessoas, incluindo menores de idade, no consumo de medicamentos e em ‘tratamentos’ que, mais tarde, caso o paciente mude de ideia, não podem ser desfeitos ou tratados.

Seja qual for a razão, a incapacidade de acessar atenção médica provocou em Prisha um profundo efeito, que ultrapassa sua saúde física.

A luta de Prisha por saúde mental

Prisha, que frequenta a escola em Big Rapids, Michigan, tem uma história longa e complicada de transtorno de personalidade [rotulado de borderline], ansiedade, depressão e outros transtornos mentais. Agora com 24 anos, Prisha diz que usou a transição como um disfarce para seus problemas de saúde mental mais arraigados.

Desde a reversão de transição, Prisha está em terapia comportamental dialética para cuidar de seu transtorno de personalidade borderline – terapia esta que ela acredita ter salvado sua vida.

“Desde que comecei a tratar disso, todos os sintomas começaram a melhorar”, disse ela. “Nada do que fiz durante a transição cuidou daquelas coisas que me causavam sofrimento mental”.

Mas agora, como uma detransitioner, até mesmo seu tratamento terapêutico está em risco. Há alguns meses, Prisha perdeu seu plano de saúde porque não tinha condições de pagar por ele. Com o novo plano, em vez de lhe cobrarem US$ 10 por consulta terapêutica, ela está pagando US$ 96, um aumento do qual não sabia há cinco meses. Atualmente, Prisha deve quase US$ 3.000 ao seu terapeuta, um tratamento do qual depende.

Ao tornar pública sua história, Prisha iniciou uma campanha para levantar dinheiro para uma cirurgia de reconstrução de mama, que ela deseja muito para resolver a “síndrome da mama fantasma”, que ela frequentemente vivencia, e para parecer mais feminina.

Entretanto, como a cirurgia não é considerada “uma necessidade médica”, Prisha terá que pagá-la integralmente. Além disso, ela precisará de pelo menos duas cirurgias: uma para esticar a pele e outra para reconstruir os seios, cujo preço estimado é de mais de US$ 11.000 cada uma. Durante esse processo, Prisha diz que corre o risco de perder seus mamilos, que o cirurgião plástico removeu e recolocou em posições mais masculinas.

O sonho da cirurgia de reconstrução dos seios e os US$ 4.000 que ela angariou até agora foram colocados em espera, pois Prisha está usando cada centavo que tem para pagar sua terapia e a cobertura básica do plano de saúde.

“Sinto que é como um poço sem fundo, as necessidades médicas; e eu preciso da terapia porque mal consigo fazer isto”, disse ela. “E não vou absolutamente, mais uma vez, medicar meu corpo sem cuidar de minha mente”.

Agora, endividada e rejeitada por um médico atrás do outro, Prisha sente-se perdida quanto ao que fazer. Em um ato de desespero, ela recorreu à Plume, uma empresa que arrecadou milhões de dólares para conectar pacientes com médicos que podem prescrever-lhes “terapia [online] de reposição hormonal para afirmação de gênero”, incluindo, ao custo único de US$ 150, uma “receita médica de apoio à cirurgia, com tempo de retorno de uma semana”.  Desta vez, porém, em vez de afirmação de sua identidade com o sexo oposto, Prisha buscou a ajuda da Plume para fazer exames de sangue e tratamentos hormonais que afirmem seu verdadeiro sexo: uma mulher.

Depois de pagar US$ 99 e agendar consulta com um profissional, Prisha contou que foi “recusada” 40 minutos antes da consulta.

A Plume não respondeu aos pedidos de explicação de Prisha, nem devolveu o dinheiro. Ela suspeita que o profissional cancelou no último minuto porque Prisha revelou, na papelada inicial que preenchera minutos antes do cancelamento da consulta, que ela era “detrans’.

Após o envio de seus formulários de admissão, “todos os contatos foram recusados”, disse Prisha. Ela então foi ao YouTube para compartilhar sua devastação.

“Não sei o que fazer, não sei para onde ir, porque ninguém ajudará”, disse Prisha, chorando. “Eu realmente esperava que eles se importassem comigo e me ajudassem. Eu só quero me sentir melhor. Eu só quero ser melhor. Eu não quero mais que meu corpo seja assim. Eu estou sofrendo. […] Não aguento mais”.

O Fórum de Mulheres Independentes contatou a Plume para perguntar se a empresa oferece seus serviços aos detransitioners. A Plume não respondeu à nossa solicitação.

A situação levou Prisha a considerar a automedicação. Porém, devido ao seu histórico familiar de distúrbios mentais e vícios, ela está fazendo de tudo para resistir a essa possibilidade.

“Sinto-me pressionada a seguir esse caminho, porque nenhum médico vai me ajudar”, disse ela. “Isso está desencadeando profundamente meus problemas de abandono e rejeição [transtorno de personalidade borderline]. É muito fácil deslizar para o pensamento de que todos me odeiam, que sou uma monstruosidade médica, que sou má e demoníaca, e que mereço tudo isto”.

“Isso é abandono”, acrescentou Prisha. “Eu me sinto abandonada”.

 

 

**Kelsey Bolar é colaboradora do Federalist e analista sênior de política no Fórum de Mulheres Independentes. É também editora da BRIGHT, uma newsletter semanal para mulheres. Kelsey reside em Washington D.C. com seu marido, sua filha e o cão pastor-australiano, Utah.

 

 

Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 22/03/2023.                                  Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail  mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus

 

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Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus