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A Califórnia está criminalizando o amor dos pais

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A Califórnia está criminalizando o amor dos pais

 

 

Fonte: Spiked online

Título Original:  Now California is criminalising parental love

Link para o artigo original: aqui!

Publicado em 14 de junho de 2023

 

Autor: Brendan O’Neill*

 

A Califórnia está se transformando em uma distopia trans que destruirá as famílias

 

A Califórnia está prestes a se tornar a primeira distopia trans do mundo. Um projeto de lei, em tramitação no Senado [estadual], estipula que os pais que não ‘afirmarem’ a identidade de gênero de seus filhos devem ser classificados como ‘abusivos’. E mais: nos processos de custódia, diz o projeto de lei, os juízes devem pensar duas vezes antes de conceder a custódia a um pai [ou mãe] supostamente cruel, que se recuse a aceitar que seu filho [ou filha] trocou de sexo ou se tornou não-binário ou qualquer outra coisa. Juízes cometeriam erros ‘gravíssimos’ se concedessem a custódia a pais que não se submetem às crenças de gênero de seus filhos, pois isso é essencial ‘à saúde, segurança e bem-estar da criança’, afirma o projeto de lei. O tempo em que os pais podiam se safar de serem “ofensivos” já passou, declarou uma deputada da Califórnia.

Vamos pôr isto em bom [português]. Se o seu filho de sete anos lhe disser que é uma garota e você não tratá-lo imediatamente como uma garota, você poderá perdê-lo. Ele poderá ser tirado de você. Se a sua filha de onze anos lhe disser que não quer passar pela puberdade e você a fizer passar por isso de qualquer maneira, você poderá ser rotulado de ‘abusivo’ – simplesmente porque assegurou à sua filha as experiências perfeitamente naturais da transição hormonal para a idade adulta. E se o seu adolescente disser que, agora, ele é parcialmente uma menina que usa os pronomes elu/ele [leia-se éle e não êle]? Essa é uma identidade legítima no mundo fluido da ideologia de gênero. A insistência generalizada do projeto de lei da Califórnia, de que a “afirmação da identidade de gênero da criança” seja levada em consideração nos casos de custódia, presumivelmente teria como alvo até mesmo os pais que se recusem a se submeter à exigência de seu filho de que todos se refiram a ele como “elu”.

O projeto de lei em questão é o PL957. Segundo a ABC News, seu propósito é proteger a juventude LGBTQ+, e é por isso que ‘incentiva os pais a afirmarem a identidade de gênero de seus filhos’. ‘Incentivar’ não passa de um eufemismo escorregadio, aqui. Quando o Estado ameaça usar seu extraordinário poder para tirar seu filho de você, o Estado está indo muito além de ‘incentivá-lo’ a afirmar a identidade de gênero das suas crianças. O Estado está obrigando você. Está coagindo você a se curvar aos ditames excêntricos da religião de gênero, [está] ameaçando destruir sua família se você não ceder. Isso é um ato imperdoável de linguagem ambígua para disfarçar uma tão flagrante interferência estatal nos direitos parentais e na soberania da família, [sob o pretexto de] ‘proteger a juventude LGBTQ+’.

O projeto de lei, se aprovado, redefinirá fundamentalmente a vida familiar na Califórnia. Devastará os direitos dos pais. Seus direitos sobre os seus filhos – de amá-los, de cuidar deles, de socializá-los da maneira que julgar adequada – serão totalmente contingentes à sua aceitação da nova religião estatal do transexualismo. O PL957 pode ser equiparado a um ato de conversão religiosa forçada. Ele envia uma mensagem incisiva aos pais de toda a Califórnia, de que, se eles não aderirem ao culto das almas de gênero, à crença excêntrica de que até mesmo as crianças pequenas às vezes sentem uma incompatibilidade entre seu gênero “real” e seu amaldiçoado invólucro biológico, então eles [os pais] serão tratados como a parte moralmente inferior nas audiências de custódia. Seu valor como pai será determinado pelo quanto você está disposto a se ajoelhar às crenças de gênero de seus superiores.

O projeto de lei enfraquecerá a autoridade dos pais sobre seus filhos. Virará a relação familiar de ponta-cabeça. A proponente do projeto de lei, a deputada Lori Wilson, diz que, se a sua criança de sete anos acredita que “não é do mesmo sexo da sua origem biológica”, você tem que “afirmar” isso. Em resumo, a criança governa. A moralidade do lar não é mais determinada por mamãe e papai, mas pelas crianças. Seu filho de sete anos – que provavelmente acredita em Papai Noel; que provavelmente suspeita, vez em quando, de que é um alienígena –, ele terá o poder de reorientar a vida familiar com base em suas fantasias infantis de gênero. A [simples] existência desse projeto de lei, que dá peso legal a delírios infantis e que ameaça punir os hereges de gênero, retirando-lhes os filhos, reduzirá a autoconfiança dos pais, na Califórnia. Eles agora se comportarão cautelosamente em suas próprias casas.

Há outros projetos de lei semelhantes. O Projeto de Lei 665 pode permitir que crianças de 12 anos de idade busquem tratamento mental e outras formas de aconselhamento sem o conhecimento dos pais. O Projeto de Lei 223 pode blindar qualquer petição de mudança de gênero apresentada por um menor de idade – em suma, o PL permitiria manter ocultos dos pais os esforços jurídicos de uma criança para mudar de gênero. Esses projetos de lei constituem uma ingerência intolerável na vida familiar, pois não seria mais a mãe que saberia o que é melhor, mas o governo. As crianças de toda a Califórnia detectarão a mensagem sinistra que esses projetos de lei enviam. Falando claro, que seus pais talvez sejam pessoas diabólicas. Que suas crenças arcaicas na biologia são uma espécie de preconceito. Que a insistência deles em chamarem você de ‘filho’, mesmo depois de você lhes ter dito que é uma menina, é cruel e transfóbica. Então, confie em nós. Corra para os braços do Estado. Somos pais melhores do que os seus.

Os legisladores da Califórnia não estão sozinhos nessa visão da família como uma barreira aos “direitos trans”, nessa tentativa de criar uma cisão entre pais e filhos sob o pretexto de defender as crianças LGBTQ+. De fato, uma das mais nefastas conquistas da ideologia trans tem sido a erosão dos laços entre pais e filhos. Um dos principais argumentos dos ativistas trans e, de forma mais ampla, das elites identitárias é que as crianças devem ser protegidas das crenças retrógradas e dos estilos de criação de seus próprios pais e mães. Daí o motivo pelo qual as escolas permitirão que as crianças façam a “transição” sem contar para a mamãe e para o papai; o motivo pelo qual as instituições de caridade trans oferecem materiais de amarração de seios para as meninas sem o consentimento dos pais; e o motivo pelo qual até mesmo a Childline hospeda fóruns de discussão em que as crianças são aconselhadas sobre como podem fazer a “transição” sem que seus pais saibam: porque o culto aos transgêneros, assim como ao identitarismo em geral, é implacavelmente hostil aos direitos dos pais. Não há mistério no fato de os estados do mundo ocidental terem adotado tão febrilmente o transexualismo – é porque isso lhes dá um poder extraordinário, sem precedentes nos tempos modernos, para interferir, reorganizar e reprimir a vida familiar.

Por isso, é ótimo ver os pais da Califórnia se rebelando. Esta semana, mães e pais protestaram no Capitólio do Estado, em Sacramento. Um cartaz dizia: “O Estado não ama seus filhos – não deixe que ele os crie”. Precisamos conversar sobre o amor.  Não se trata de intolerância, fobia ou abuso o fato de um pai se recusar a “afirmar a identidade de seu filho” – isto é um ato de amor paternal. É um pai amoroso que protege seus filhos dos impactos desorientadores e destrutivos da histeria de gênero. Que protege seus filhos dos horrores da puberdade bloqueada. Que protege a filha das intervenções hormonais que prejudicam sua voz e interferem em sua fertilidade. Que protege seu filho possivelmente gay da noção homofóbica de que talvez ele seja menina e deva ser transformado em uma. A Califórnia está ameaçando criminalizar o mais fundamental dos instintos maternos e paternos – proteger os filhos de ideias e práticas nocivas. Transformar o amor em crime é um novo patamar de nível baixo, mesmo na distopia identitária dos dias de hoje.

 

*Brendan O’Neill é redator chefe de política na spiked e apresentador do podcast da spiked, The Brendan O’Neill Show. Inscreva-se no podcast aqui. Seu novo livro – A Heretic’s Manifesto: Essays on the Unsayable – já está disponível na Amazon UK e na Amazon US.

 

 

Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 17/06/2023.                          Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail  mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus

 

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Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus