A defesa do meio ambiente é dever de toda pessoa, assim como a busca por um modo de vida sustentável, que permita que possamos viver de forma a agredir o meio ambiente o menos possível.
O problema que vemos hoje nos movimentos ambientalistas não está na defesa do meio ambiente em si, mas na maneira como o movimento ambiental global passou a definir as suas pautas de atuação. Ao invés de proporem soluções e avanços que levem a mudanças graduais nos sistemas de produção de alimentos, por exemplo, acabam por atacar este setor e declará-lo inimigo do meio ambiente. Porém, ao defender pautas como esta, os movimentos ambientais ignoram propositalmente a segurança alimentar dos mais de 7 bilhões de pessoas que vivem no planeta.
E o motivo desta ignorância proposital, embora seja de explicação complexa, pode ser resumida no seguinte ponto: os movimentos de defesa do meio ambiente não consideram o ser humano ao definir as suas pautas. Tratam os seres humanos como se estes estivessem à parte e não fossem integrantes do meio ambiente que se pretende preservar.
E isto pode ser visto na ignorância proposital que leva os movimentos ambientais a querer atacar a agricultura e a pecuária, que são setores bem sucedidos por avançar na produção de alimentos de forma cada vez mais eficiente, ao invés de defenderem com a mesma intensidade a implantação de sistemas de saneamento básico para milhões de pessoas pelo mundo. Coletar e tratar o esgoto e o lixo doméstico e industrial não são apenas questões de saúde publica mas também de proteção ao meio ambiente. Bons sistemas de saneamento básico evitam a contaminação de rios e mananciais e também do solo.
As fazendas que produzem alimentos necessitam de fertilizantes e defensivos agrícolas, pois estes produtos permitem que se produza mais em um menor espaço. Isto permite a preservação de áreas florestais sem que esta preservação venha a colocar em risco a segurança alimentar das pessoas.
Abolir completamente ou drasticamente o uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, como defendido em países europeus (a Holanda é um exemplo), apenas para se cumprir uma agenda ambiental imposta por um organismo multilateral que ignora as necessidades das comunidades locais, pode levar a uma insegurança alimentar em escala mundial, que poderá levar muitos países a enfrentar situações de caos.
As soluções propostas pelos movimentos ambientais para se evitar a fome das pessoas, como o consumo de insetos para suprir as necessidades proteicas humanas, estão longe de conseguir fornecer segurança alimentar em escala global. Além disso, ao se abolir completamente o consumo de carne, para evitar as emissões “nocivas” de gases dos rebanhos, aumentaria drasticamente a necessidade de produção de soja, que é uma das principais fontes de proteína defendidas pelos ambientalistas. Ignoram, porém, que a escala de produção necessária para suprir as necessidades humanas globais sem que novas áreas agrícolas sejam criadas, exigiria que a produção contasse com os fertilizantes e defensivos que eles mesmos querem abolir.
Além disso toda esta produção precisa sair das fazendas e chegar às pessoas, o que exige sistemas de transportes e logística. Querer abolir completamente o uso de combustíveis fósseis colocaria em xeque este sistema e comprometeria o abastecimento de alimentos.
Se compararmos a produção de alimentos atual com a de um século atrás veremos o salto que a tecnologia permitiu. Sistemas refrigerados, transporte mais rápido e eficiente e o uso de fertilizantes e defensivos agrícolas, permitiram que se produzisse mais alimentos, inclusive em áreas onde antes era impossível produzir. Para isso o uso de produtos químicos e fontes de energia não renováveis foi fundamental. Abandonar estes produtos e fontes de energia de forma sumária de uma hora para outra não trará resultados benéficos nem à sociedade e nem ao meio ambiente.
O que precisa ficar claro é que a preservação ambiental é necessária, mas o foco precisa ser ajustado para incluir o ser humano nesta importante e difícil equação. Por mais que seja necessário preservar o meio ambiente, não podemos ignorar as necessidades humanas neste processo.
Antes de propor às pessoas que comam insetos, precisamos trabalhar duro para levar o mínimo saneamento para que elas possam viver com saúde e dignidade. Temos que cuidar do esgoto urbano, dar uma destinação adequada ao lixo, e assim cuidar de questões ambientais básicas que ainda não foram adequadamente atendidas em muitas partes do mundo.
Devemos dar um passo de cada vez e só avançar as pautas quando todas as questões básicas forem devidamente atendidas no mundo todo. Não adianta a Europa propor medidas ambientais duras se ainda existem países que não conseguiram lidar com as questões básicas.
Enfatizamos que a preservação ambiental é necessária mas não deve ser feita da maneira equivocada que é defendida por muitos ambientalistas. O ser humano, e suas necessidades, jamais deve ser desconsiderado ao se discutir as pautas ambientais. Ou terminaremos com um planeta preservado mas sem ninguém para habitá-lo. Será este o objetivo dos ambientalistas? Cremos que não!
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