Vida Destra

Informação é Poder!

Sociedade

A irresistível atração pelo derrotismo

Sob a justificativa (ou disfarce) do “sou pragmático”, “sou realista”, “não tenho político de estimação” e “faço críticas construtivas”, esconde-se uma atração irresistível ao derrotismo.

Inconscientemente, a cada reação do mal, contra o qual lutamos desde tempos imemoriais, nos rendemos à quase certeza da derrota, movidos mais pelo fígado do que pelo cérebro. Na cracolândia em que se transformaram Twitter, Facebook e Instagram, é nestes momentos que se intensificam postagens do tipo…

“Já somos brazuela”.

“O golpe está aí e todo mundo caiu”.

“Manifestação aos domingos não adianta nada”.

“Vão impedir o Presidente; acabou”.

“A ditadura está implantada; esqueça 2022”.

“Não tem mais jeito”.

“Jogar pelas regras é covardia”.

“Temos que ir para a frente dos quartéis”.

“O Presidente vai esperar até quando?”

“É corda ou é elástico?”

E por aí vai.

Em isolamento semântico, essas alegações podem até conter justificações coerentes. A armadilha está na origem, que é mais emotiva do que racional.

Nossos opositores se contorcem de satisfação quando as veem e, não sem razão, sentem-se mais próximos da vitória por W.O. Porque eles sabem: o derrotismo desagrega, desanima, divide. O derrotismo é o caminho mais curto para a rendição. Além de ser o instrumento perfeito para desconstruir aqueles que tentam derrotar Golias, o gigante.

Para nossa infelicidade, somos politicamente imaturos. Ao ponto de adotarmos posturas seletivas perigosas, aceitando o errado quando o errado mira um desafeto, sem perceber que essa atitude está forjando a arma que nos matará.

O movimento esquerdista está há mais de um século tentando implantar seus regimes autoritários. Conquistou vitórias ora momentâneas, ora perenes, mas ainda não atingiu sua meta imperialista de abarcar o mundo todo. O “segredo” de, mesmo após mais de 100 anos, ainda estarem na arena é que, a cada batalha perdida, a esquerdiotia se reinventa, refaz alianças e nunca, jamais cede ao derrotismo.

Não há forma de defender a democracia fora dela. Isso significa preservar instituições APESAR de seus integrantes. Significa lutar mais, por mais tempo, e enfrentar muitos insucessos em muitas das batalhas que travamos. Significa agir dentro da lei mesmo que o inimigo a ignore ou desvirtue. Significa inclusive não tomar atitudes drásticas, mesmo que dentro da legalidade, porque isso causará tamanha instabilidade que o país sucumbirá. Significa, principalmente, saber lidar com o tempo, enxergando afinal que estaremos sempre em luta porque o inimigo não desaparecerá. Significa estar preparado para combater o bom combate e não usufruir dos resultados.

Aceitar esse cenário implica resiliência, paciência e perseverança para que, aos poucos, a verdade se revele e, pela verdade, o inimigo seja vencido. Ele, o inimigo, não agirá dessa forma. Ele mentirá, criará narrativas, nos acusará dos crimes que comete e fará de tudo para nos manipular, levando-nos a adotar as armas dele – momento em que, finalmente, ficará provado que estava certo, pois aplicaremos as ações autoritárias de que nos acusava. Teremos, então, aberto a porteira para a reação opositora que nos esmagará. Vale repetir: não há forma de defender a democracia fora dela.

É o paradoxo do conservadorismo. Não saber vivê-lo nos transforma em revolucionários sem causa.

Passamos mais de 3 décadas na confortável rotina de votar, retornar para casa e esquecer dos eleitos que, assim livres e liberados, fizeram e desfizeram o que bem lhes interessou. Havia “paz”. Ninguém acordava sobressaltado, nem ficava enraivecido com os contra-ataques. A gente era feliz e não sabia. Até que a realidade explodiu na nossa cara, cobrando o preço alto de ter que enxergar: haviam sequestrado nosso país. E conosco dentro.

Estamos trilhando um caminho sem volta. Ou seguimos em frente e aprendemos a nos reinventar a cada batalha perdida, ou adormecemos outra vez à beira da estrada, expostos ao chicote ou à bota do tirano da vez.

 

 

Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 20/04/2021.                                                    Sigam-me no Twitter, vamos debater o meu artigo! @TRMatheus

 

Crédito da Imagem: Luiz Augusto @LuizJacoby

 

Receba de forma ágil todo o nosso conteúdo, através do nosso canal no Telegram!

 

As informações e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade de seu(s) respectivo(s) autor(es), e não expressam necessariamente a opinião do Vida Destra. Para entrar em contato, envie um e-mail ao contato@vidadestra.org

2 COMMENTS

    • Obrigada, Emanuel. Espero ter contribuído para uma boa reflexão. Este sempre é o meu objetivo. Avante, pois a luta é árdua, será longa e exigirá resiliência.

LEAVE A RESPONSE

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus