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A tendência do momento no TikTok é tão antiga quanto a possessão demoníaca

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A tendência do momento no TikTok é tão antiga quanto a possessão demoníaca

 

Fonte: The Federalist

Título Original: TikTok’s Hottest Trend Is As Old As Demonic Possession

Link para a matéria original: aqui

Publicado em 26 de julho de 2021

 

Autor: Joy Pullmann

 

 ‘Membros da comunidade pela multiplicidade insistem que são saudáveis, felizes e até mesmo normais – eles apenas têm centenas de personalidades confinadas em um só corpo.’

 

No livro bíblico Atos dos Apóstolos, autoridades locais espancam e jogam na prisão o Apóstolo Paulo e seu ajudante, Silas, por terem livrado uma escrava da possessão do demônio. Os donos da escrava lucravam com suas previsões do futuro que supostamente resultavam de um conhecimento sobrenatural demoníaco. Ao ser libertada da opressão, ela não fez mais dinheiro para seus amos. Então, eles incitaram a multidão para pressionar os magistrados locais a punirem Paulo e Silas pelo ato de livramento.

Impossível não lembrar desse antigo relato ao ler um bem recente, publicado este mês na Input Magazine, sobre uma suposta explosão de casos de transtorno dissociativo de identidade no TikTok. Para atenuar a exploração do sofrimento de pessoas que buscam cliques, não fornecerei o link da matéria.

De maneira bem simples, pessoas com transtorno dissociativo de identidade (TDI) manifestam múltiplas personalidades, às vezes, com alto grau de variação. As diversas personalidades têm diferentes nomes, interesses, modos de falar e identidades de gênero. A TDI era conhecida como “transtorno de personalidades múltiplas”.

Não é surpresa para ninguém que essas pessoas geralmente desenvolvem o transtorno devido a situações de abuso prolongado, durante as quais se dissociam dos horrores perpetrados em seus corpos. Outro indício de como a alma e o corpo humanos estão entrelaçados, e como o que fazemos ou o que é feito com nossos corpos afeta as nossas almas.

No TikTok e no YouTube, diversas contas de tais pessoas emocionalmente destruídas, que se referem a si mesmas como “hosts” ou “sistemas” de múltiplos seres, têm milhões de seguidores. A pretexto de “informar” e “promover a conscientização”, elas exibem suas várias personalidades para conquistar notoriedade online.

Uma usuária do TikTok, que afirma sofrer de TDI, explica suas personalidades em uma seção de perguntas e respostas. “Não posso forçar ninguém [dentro de mim] a sair, mas posso me comunicar bastante bem dentro do sistema e pedir que alguém saia. Entretanto, algumas vezes é muito involuntário”. Em um artigo da Vice publicado há seis anos, uma pessoa afligida pelo transtorno, de maneira sinistra, “refere-se ao corpo como o ‘carro de carne’. Os nove membros de seu sistema simplesmente se revezam para dirigi-lo”.

Com frequência, essas pessoas se referem a si mesmas com pronomes no plural ou com uma mistura de pronomes no singular e plural, exatamente como os demônios faziam no mundo antigo. É bem conhecida a história em que Jesus Cristo pergunta a um homem possuído qual era o seu nome e recebe como resposta… “Meu nome é Legião, porque somos muitos”. Isso coloca a disputa de pronomes sob uma nova luz, concordam?

Como seria de se esperar caso houvesse o envolvimento de demônios, muitas pessoas afetadas pela TDI negam categoricamente que seja algo demoníaco ou mesmo que seja um problema, tal como o homem que chamou a si mesmo de Legião antes que Cristo o libertasse. Algumas sequer estão buscando reintegrar suas personalidades em uma única pessoa, em vez disso, tentam normalizar e glamurizar a condição de estarem possuídas por até centenas de personalidades. Outras, perigosamente deslumbradas com tudo isso, fazem de conta que sofrem do transtorno para ganhar atenção.

Eu gosto dos meus demônios

Alguns portadores desse transtorno mental “veem cada alter ego [personalidade] como único, com tanto direito a uma vida no corpo quanto o host do sistema. Eles visam um ‘estado de ser” denominado ‘multiplicidade’, em que os alter egos de um sistema possam viver harmoniosamente, compartilhando o corpo. Especialistas e médicos, porém, consideram que essa mentalidade é incomum e pode ser prejudicial à saúde dos portadores de TDI”, afirma o artigo da Input Magazine.

O artigo da Vice ainda pergunta, na manchete: “Múltiplas personalidades sempre constituem um transtorno?”

“Membros da comunidade pela multiplicidade insistem que são saudáveis, felizes e até mesmo normais – eles apenas têm centenas de personalidades confinadas em um só corpo”, diz o subtítulo do artigo.

Os que propõem a normalização desse transtorno utilizam os mesmos caminhos mentais que ajudaram a propagar a homossexualidade e a disforia de gênero: desarticulação de corpo e mente, rejeição da normalidade como conceito, percepção individual da realidade como determinante da realidade verdadeira, insistência em não considerar doença mental aquilo que, um dia, assim o foi – de fato, alegam eles, é até mesmo agradável viver com outros seres habitando o mesmo corpo. O artigo da Vice afirma:

A comunidade pela multiplicidade insiste em ser vista como saudável, normal mesmo. Esta é a nossa realidade, argumentam. Por que vocês nos impõem a sua realidade? O transtorno dissociativo de identidade (TDI) – e seu controverso predecessor, o transtorno de personalidades múltiplas – são termos totalmente rejeitados pela comunidade, e a maioria não se sente abrangida pelo Diagnostic and Statistical Manual (DSM) [Manual Diagnóstico e Estatístico]. 

…Contrariamente ao que implica um diagnóstico DDI/DDNOS, os múltiplos querem que todas as personalidades do seu sistema sejam reconhecidas como pessoas. Não fragmentos, alter egos ou personalidades, mas indivíduos distintos que, por acaso, “habitam” o mesmo corpo físico.

[N.T.: DDI = TDI e DDNOS = transtorno dissociativo não especificado de outra forma; sem sigla em português.] 

“Sempre que um grupo múltiplo teme as consequências de sair do armário, a ele estão sendo negados seus direitos sociais”, afirmou uma portadora de personalidades múltiplas à Vice. “Não deveria existir a imposição de um único modelo de realidade para todos. A sociedade pode e deve mudar para aceitar aqueles que são diferentes, e não forçar um único padrão de normalidade e punir os que não se encaixam”.

Há um problema essencial com a visão de mundo relativista, resumida acima: ela remove os padrões objetivos necessários para que as sociedades sejam tão saudáveis e funcionais quanto possível. Não há realidades ou verdades múltiplas. Devemos todos buscar e reconhecer a realidade objetiva e a moralidade ao máximo possível, em vez de multiplicar e amplificar a psicose em massa que resulta de negá-las.

Mídias sociais lucram com o sofrimento

As mídias sociais, é claro, trabalham contra a coesão social, a virtude e a normalidade, pois não só monetizam o fator bizarro de qualquer condição ou comportamento esquisito, mas porque também transformam as vítimas em mini celebridades. Algo nada diferente dos circos que monetizavam deformidades físicas, cobrando ingresso para permitir que as pessoas vissem a mulher barbada ou o homem de 3 metros.

Só que isso – isso é pior. Naquela época, ninguém queria ser a mulher barbada ou o homem de 3 metros com problemas ósseos. Agora, as pessoas querem. São tantas as pessoas famintas de amor que, aparentemente, estão dispostas a pegar caminhos genuinamente psicóticos para obter um substituto muito ruim: alguns segundos de likes no TikTok ou no Facebook.

A atenção que as pessoas podem atrair com a postagem de vídeos de si mesmas alternando personalidades, no TikTok, também tem gerado situações dramáticas em locais como o Reddit, onde os usuários discutem se a pessoa por trás de um determinado nome de usuário é realmente portadora de TDI ou se está fingindo para atrair atenção. Há postagens que evidenciam que alguns jovens adotam uma persona de personalidades múltiplas.

Quer sejam portadores do transtorno, quer finjam, isso sinaliza uma vida realmente triste, se não atormentada. Os próprios portadores do transtorno, suas famílias e pessoas queridas, além das plataformas das Big Techs, tiram proveito de suas vidas cheias de angústia. As mídias sociais aparentemente aumentam esse tormento, mesmo quando os usuários alegam que se sentem bem ao encontrar “amigos” online que apoiam suas psicoses. A exibição do tormento confere dramatização e encoraja imitadores entre aqueles em que o único transtorno talvez seja a carência de amigos verdadeiros.

Nunca dê boas-vindas ao inferno

Em vários momentos dos últimos seis anos, tive o sentimento repulsivo de que os portões do inferno estavam sendo reabertos para soltar outro nível de tormento humano. Este é outro daqueles momentos.

O transtorno de personalidades múltiplas, por si só, parece emanar diretamente do inferno – quer você entenda isso literal ou metaforicamente –, pois, em geral, origina-se da tortura infantil. A maioria dos verdadeiros portadores é composta por crianças que, com menos de 10 anos de idade, estavam aprisionadas em situações abusivas indizíveis de tão horrendas. O TDI resulta de um trauma que precisa de cura verdadeira, e não do abuso continuado de fingir que é legal e divertida a consequência de um trauma indescritível. E certamente não merece a zombaria de pessoas que adotam alguns comportamentos a ele relacionados para obter atenção.

Tornar célebre e normal uma coisa como essa é aceitar horrores que as pessoas não entendem e que não deveriam tolerar em nenhum nível, nem mesmo no mundo da fantasia. Usuários do Reddit propagam postagens bizarras (para as quais também não fornecerei os links), inclusive de pessoas que, dizendo-se portadoras de TDI, alegam que uma das personalidades é um serial killer ou um pedófilo, e que tudo que essa personalidade faz não é responsabilidade das outras personalidades.

Isso é o que nos dizem que devemos “aceitar” e permitir que “saia do armário”. Não. Esse tipo de coisa precisa ficar confinada no armário e com a porta firmemente trancada para tudo que não seja ser humano.

 

*Joy Pullmann é editora-executiva do Federalist, esposa feliz e mãe de seis crianças. Publicou vários livros, entre eles, “The Education Invasion: How Common Core Fights Parents for Control of American Kids”.

 

 

Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 31/07/2021.                                  Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail  mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus

 

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Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus