Os últimos dias têm sido difíceis para quem trabalha com notícias e análises, tanto da política nacional, como da geopolítica global. Temos testemunhado o avanço do autoritarismo em várias partes do mundo, em muitos casos acelerado pela pandemia de covid-19, que revelou a natureza autoritária de muitos governantes eleitos sob o verniz liberal ou social-democrata. Mas o avanço autoritário que está se espalhando rapidamente pelo mundo tem outros motivadores, e o caos no qual se encontra o Afeganistão, pode jogar uma luz sobre esta questão, para que possamos compreender melhor.
Ao estudarmos os acontecimentos ocorridos no Afeganistão, veremos que se trata de um país que, a despeito de ter se tornado independente apenas no século XX, possui uma cultura e história milenares, sendo um território influenciado por várias civilizações diferentes. O Afeganistão, como o conhecemos, possui fortes raízes islâmicas, que marcam de forma profunda o seu povo, praticamente não restando vestígios das influências persa ou budista de séculos atrás.
Recentemente, diante do desastre causado pela retirada desastrosa de suas tropas do país, o presidente Joe Biden disse algo que me fez pensar: “Nunca desistimos da caça a Osama bin Laden e o pegamos. [..] Nossa missão no Afeganistão nunca foi pensada para ser a construção de uma nação, ela nunca foi destinada a criar uma democracia central unificada“. Apesar de revoltante, por jogar toda a responsabilidade dos acontecimentos sobre os afegãos, a declaração de Biden me fez refletir sobre as inúmeras e infrutíferas tentativas americanas de construir democracias em países muçulmanos. Concluí que os fracassos se devem principalmente à questão cultural, reforçada pela questão religiosa.
Como sabemos, a democracia tem origem grega, mais especificamente, em Atenas. A democracia atual nada mais é que o conceito original grego, influenciado pela filosofia grega, pelo direito romano e os valores judaico-cristãos. Não é à toa que nos países ocidentais a democracia ocorre quase que naturalmente, pois a maioria dos países possuem em suas raízes culturais a influência de ao menos um desses conceitos. Já os países muçulmanos possuem raízes culturais na fé islâmica, que possui valores distintos dos valores que são a base das democracias ocidentais. Por isso é difícil que a implantação da democracia como a conhecemos seja bem sucedida nestes países.
Já os países do extremo oriente, como a Coreia do Sul e o Japão, se adaptaram mais facilmente à democracia, por possuírem raízes culturais com forte presença do Budismo, que possui valores que não se chocam com os valores ocidentais como os valores muçulmanos. Infelizmente não é difícil concluir que as pessoas que vivem em países muçulmanos dificilmente desfrutarão de uma democracia como a conhecemos. A tirania que se impõe no Afeganistão possui raízes históricas que são difíceis de serem combatidas. E de forma alguma estou afirmando que o povo afegão é conivente com tal autoritarismo, apenas creio que as raízes culturais desse povo não permitem que ele tenha a visão de valores alternativos para embasar e impulsionar uma luta por mudanças.
Se no Afeganistão, a implantação de uma democracia nos moldes ocidentais fracassou, aqui o Brasil a nossa democracia está desmoronando justamente porque há um grande esforço para destruir os valores culturais que servem de alicerce à nossa democracia. Os jovens e estudantes já não aprendem e estudam a filosofia grega, a influência do Direito romano na nossa Justiça, e tampouco valorizam a ética e a moral judaico-cristãs.
Os conceitos de direito natural, de liberdade individual, de Estado, de Governo e de Justiça, antes firmados em valores éticos e morais robustos, passaram a ser redefinidos por mentes mal intencionadas, que trabalham em prol de um projeto de poder. E as pessoas medíocres, que sequer são capazes de entender o seu próprio eu interior, psicologicamente perturbadas, que permitem que outros lhes digam quem são, desprovidas de valores morais, intelectualmente rasas, incapazes de um debate profundo de ideias, o que as tornam facilmente manipuláveis, são os soldados do nosso “Talibã Tupiniquim”, que está disposto a romper com a ordem social vigente, para impor um regime utópico criado pelos seus “gurus” iluminados.
Embora geograficamente distantes e culturalmente diferentes, Brasil e Afeganistão enfrentam hoje aqueles que querem subverter o modo de vida tradicional, colocando por terra séculos de tradição e história. No Afeganistão, os militantes extremistas do Talibã destruíram estátuas milenares de Buda, em Bamiyan. No Brasil, mais que destruir estátuas, como a de Borba Gato, nossos extremistas fundamentalistas trabalham incansavelmente para destruir os valores éticos e morais judaico-cristãos que herdamos dos nossos antepassados, como a consciência dos limites aos direitos individuais, o respeito às regras que regem o convívio em sociedade; e destruir os pilares da nossa sociedade, como a família.
Temos que lutar em defesa da nossa democracia e das nossas liberdades, contra a tirania togada que aos poucos se impõe sobre todos nós. E uma das melhores maneiras de lutar, é fortalecendo os valores éticos e morais que formam a base da nossa sociedade, e da nossa democracia. É o enfraquecimento dos nossos valores que estão minando a nossa democracia, abrindo espaço para a implantação de uma sociedade utópica, que só funciona na mente limitada destes militantes acéfalos de esquerda.
A nos conservadores, cabe a responsabilidade de lutar pela preservação dos nossos valores, da nossa história, das nossas liberdades e da nossa democracia. Nenhuma árvore, por maior que seja, vive sem as suas raízes. A nosso favor temos a nossa história, que nos inspira, e a nossa fé, n´Aquele que nos fortalece!
Sander Souza (ConexãoJapão), para Vida Destra, 20/08/2021.
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