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As Balenciagas de um mundo anticristão ‘condenam’ o abuso infantil enquanto castram, traumatizam e exploram crianças

Prezados leitores:

Publicamos mais uma tradução de artigo relevante da imprensa internacional feita pela nossa colaboradora, a jornalista e tradutora Telma Regina Matheus. Apreciem!

 

As Balenciagas de um mundo anticristão ‘condenam’ o abuso infantil enquanto castram, traumatizam e exploram crianças

 

Em uma sociedade que rapidamente se descristianiza, como a nossa, não devíamos nos escandalizar quando marcas de luxo da moda condenam e, ao mesmo tempo, se engajam no abuso infantil.

 

Fonte: The Federalist

Título original:  The Balenciagas Of An Anti-Christian World ‘Condemn’ Child Abuse While Castrating, Traumatizing, And Exploiting Kids

Link para o artigo original: aqui!

Publicado em 30 de novembro de 2022

 

Autor: John Daniel Davidson*

 

É difícil pensar em um episódio mais oportuno para confirmar as mais desvairadas teorias conspiratórias do QAnon – segundo as quais as elites globais são um bando de pedófilos adoradores de Satanás – do que o atual escândalo da Balenciaga.

Aqui, você tem uma luxuosa marca da moda literalmente apanhada no ato de aliciamento por meio de uma recente campanha publicitária que apresentou crianças pequenas em roupas Balenciaga, tendo nas mãos ursinhos de pelúcia usando acessórios de fetiche sexual e bondage. Outra campanha publicitária, por sua vez, incluiu imagens de documentos judiciais de uma decisão da Suprema Corte que, em 2008, no caso Estados Unidos vs. Williams, deliberou sobre uma lei que proibia a exploração de pornografia infantil.

Balenciaga suspendeu todos os anúncios e publicou um pedido de desculpas surreal sobre como era uma “opção errada” retratar crianças com ursinhos BDSM, que fora um “erro de avaliação e validação de imagens” e que “nunca foi nossa intenção” incluir o abuso infantil na “narrativa” da empresa.

Quanto aos documentos judiciais sobre pornografia infantil, Balenciaga alega ignorância e responsabiliza a “negligência imprudente” de um terceirizado por usar “documentos não aprovados” no ensaio fotográfico. Desde então, entrou com uma ação judicial de US$ 25 milhões contra o cenógrafo – muito embora Balenciaga também “assuma a responsabilidade” e admita que “poderia ter feito as coisas de outra maneira”.

(Outra imagem dessa campanha é a de uma mulher posando em um escritório de Manhattan, tendo uma pilha de livros atrás dela. Um desses livros é do pintor belga Michael Borremans, cujo trabalho frequentemente apresenta crianças e incluiu imagens de bebês lambuzados de sangue, comendo membros decepados. Até agora, a marca não disse nada sobre o livro de Borremans.)

O “pedido de desculpas” da Balenciaga não resiste ao menor escrutínio. Dezenas, talvez centenas de pessoas viram as fotos de bebês segurando ursos BDSM antes do lançamento da campanha publicitária. Como essas imagens foram aprovadas? Quantos executivos da Balenciaga, e quais exatamente, as aprovaram? Quantos funcionários estavam no set quando as imagens foram fotografadas? Nunca saberemos, porque Balenciaga provavelmente nunca dirá, apesar das admoestações da embaixadora da marca Balenciaga, Kim Kardashian. A empresa só emitiu seu pseudo pedido de desculpas depois que os anúncios aterrorizantes provocaram indignação na Internet. A ideia de que qualquer pessoa na empresa se arrepende de alguma dessas coisas é risível.

Porém, há aqui uma história mais abissal, que vai além da hipocrisia e da depravação de uma luxuosa marca da moda: empresas como a Balenciaga, juntamente com quase todas as marcas corporativas de hoje, não têm qualquer critério para dizer por que tais imagens são uma “escolha errada” ou por que publicá-las é um “erro grave”.

Em sua declaração, Balenciaga diz: “Condenamos com veemência o abuso infantil”. Mas será que é verdade? As próprias fotos, nas quais crianças pequenas foram expostas a ursinhos de pelúcia com trajes BDSM, eram indiscutivelmente abusivas. Como a marca pode tanto condenar quanto se engajar no abuso infantil?

A resposta é que o termo “abuso infantil” não significa nada para os administradores da Balenciaga, assim como nada significa para as pessoas que fornecem “assistência à afirmação de gênero” no Hospital Infantil de Boston, um dos muitos hospitais onde menores de idade são rotineiramente castrados, mutilados e medicados com fortes bloqueadores da puberdade, os quais causam danos irreversíveis. O mesmo vale para aqueles que promovem espetáculos de travestis para crianças de todas as idades, ou que pressionam para que material pornográfico seja disponibilizado em bibliotecas escolares públicas. Para essas pessoas, “abuso infantil” é uma expressão sem conteúdo, um resquício de um universo moral que elas acreditam ter transcendido ou talvez destruído.

Na verdade, somente em um mundo de completo relativismo moral é possível simultaneamente condenar e se engajar no abuso infantil, e este é o mundo onde nossas elites, hoje, habitam. Eis porque a Balenciaga pode empregar alguém como a estilista russa Lotta Volkova, uma suposta satanista, cuja conta no Instagram, agora privada, divulga imagens demoníacas e abusivas de crianças, juntamente com o chique BDSM que afundou a Balenciaga neste escândalo.

Por mais que tudo isso seja revoltante, você não deveria ficar escandalizado. A civilização ocidental está sendo rapidamente descristianizada e, à medida que este processo avança, é de se esperar o colapso das normas morais e comportamentais que se baseavam em uma compreensão unicamente cristã da humanidade e do cosmo.

O que isso significará, na prática, serão manifestações cada vez mais frequentes (e perturbadoras) do que está substituindo o cristianismo como o etos moral dominante da sociedade, que é uma espécie de neopaganismo. Não quero dizer um retorno do velho politeísmo que o cristianismo destruiu, mas um niilismo que assume a forma exterior de paganismo – não um culto a muitos deuses elementais, mas um culto a si mesmo, e finalmente um culto à concupiscência, à emoção, à extravagância e ao desejo.

O neopaganismo que está substituindo o cristianismo – e, entre nossas elites, já o substituiu – é incapaz de reconhecer, muito menos condenar algo como o abuso infantil. O quadro moral simplesmente não existe mais. É por isso que a Balenciaga tanto perpetrou como condenou o abuso infantil em seus anúncios. É por isso que nossas elites tanto abraçaram como denunciaram Jeffrey Epstein.

Essas pessoas, como disse C.S. Lewis, saltaram para “o vazio absoluto”, onde não há nada para conter o mal que espreita o coração do homem.

À medida que o declínio do cristianismo avança rapidamente, devemos esperar mais desses absurdos. Mas não devemos esperar que as falsas desculpas persistam por muito mais tempo. Não demorará muito e já teremos superado tudo isso.

 

*John Daniel Davidson é editor sênior no Federalist. Seus artigos já foram publicados no Wall Street Journal, Claremont Review of Books, New York Post e outras mídias de notícias.

 

 

Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 08/12/2022.                                  Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail  mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus

 

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Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus