De repente virou uma sangria desatada da imprensa, querem a qualquer custo a cabeça do chanceler Ernesto Araújo, Ministro das Relações Exteriores, em troca dos insumos para a vacina Coronavac, como em outras épocas quiseram a do Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pelo desmatamento e queimadas, ou do próprio Ministro da Economia, Paulo Guedes, quando este mencionou da possibilidade do AI-5 por um cenário de radicalização de protestos nas ruas do Brasil.
Mas isto tornou-se uma chantagem em troca de algo mais valioso, que os chineses estavam sendo rechaçados: o leilão da tecnologia 5-G. Mas com Donald Trump alijado do palco mundial, reacendeu a chama chinesa.
Desde que Rodrigo Maia participou de uma conferência virtual com o embaixador chinês em Brasília, Yang Wanming, no sentido de negociação de um novo lote de insumos da vacina da Coronavac, oriundo da China, criou-se um suposto imbróglio internacional, de que Ernesto Araújo não representaria mais o Brasil, sendo necessária a troca da mediação para um melhor contorno diplomático.
Antes de mais nada, é necessário dizer que Yang Wanming já serviu nas embaixadas chinesas no Chile e na Argentina, tendo sua reputação nos círculos mais conhecidos, como um “rato”, em razão de uma das maiores trapaças diplomáticas da história da Argentina, que pode ser conferida no artigo “O ano do rato”, escrito por Leonardo Coutinho, e publicado em 20/03/2020, na Gazeta do Povo.
A título de esclarecimento, 2020 é conhecido no calendário chinês como o ano do rato, de abundância, associado a novas oportunidades e a bons projetos.
Tratou-se no caso argentino, à época, de cooperação sino-argentina em ciência e tecnologia, que o Congresso argentino aprovou, para a construção de uma base de satélites chinesa no deserto da Patagônia. Ocorre que os argentinos não poderiam ter acesso às instalações, numa flagrante perda do território, ferindo a soberania argentina.
Quando o presidente argentino Maurício Macri interpelou o embaixador Wanming, simplesmente este argumentou que a revisão das cláusulas no contrato representava um jogo de bilhões de dólares de empréstimos e investimentos, o que significava que o presidente argentino tinha caído na ‘’ratoeira” armada por Wanming.
Melhor o brasileiro ficar atento ao jogo do bicho, porque do jeito que a sopa de morcego fez sucesso para a China, temos que ter um pé atrás com este rato!
Não é de hoje, que o embaixador Wanming ofende a soberania dos países, já tivemos um exemplo no ataque ao deputado Eduardo Bolsonaro, que tem no mandato, inviolabilidade por opiniões e palavras, conforme o artigo 53 da Constituição Federal. Tal ofensa foi muito bem retratada num artigo do meu amigo Sander, como um desagravo público do Vida Destra que pode ser lido aqui.
Em várias reportagens da semana passada, o jornalista Wilson Lima, da Gazeta do Povo — jornal de tradição conservadora — tratou do tema “China pressiona por demissão de Ernesto Araújo para liberar insumos das vacinas”. Na realidade, tratava-se da Embaixada da China que colocou como condição “sine qua non” tal exoneração, de forma a melhorar o relacionamento bilateral diante dos diversos ataques do chanceler à China.
Wanming dizia que com Ernesto Araújo a China não negociava mais, e que o Brasil demorou na requisição de insumos frente a outros países, mas que poderia antecipar a entrega de matéria-prima para fabricação das vacinas.
Tal situação fez com que Bolsonaro entrasse em contato diretamente com o Presidente Chinês Xi Jinping, que segundo a reportagem o Presidente do Brasil não teve retorno positivo sobre os insumos.
Todavia, a ‘’pièce de resistance” da reportagem é a de que o governo brasileiro estaria disposto a baixar o tom quanto à participação da empresa chinesa Huawei no leilão da tecnologia 5G, refutada pela ala ideológica em razão de instituir um sistema de espionagem, que era boicotada pelo então Presidente Donald Trump e coadunada por Bolsonaro.
Agora com a posse de Joe Biden, a tendência é a de que Brasil mudasse a sua postura, a qual tem apoio da ala pragmática do Governo e os militares, principalmente o General Mourão, Vice-Presidente da República, que em várias entrevistas tem se manifestado a favor da Huawei, colocando na bandeja a cabeça de Ernesto Araújo para os chineses.
Você que leu o artigo até aqui deve estar surpreso, uma vez que o Chanceler Ernesto Araújo apareceu em live semanal com o Presidente Jair Bolsonaro, que ressaltou que não vai demitir o ministro, e que inclusive é uma questão de soberania nacional.
Aliás, o Chanceler Ernesto Araújo foi responsável pela negociação com o embaixador da Índia, Suresh Reddy, da aquisição de dois milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, que chegaram no Brasil na sexta-feira passada, as quais o próprio embaixador recepcionou, juntamente com autoridades brasileiras.
É verdadeiramente uma conversa para “boi dormir”, que foi noticiada por William Bonner no Jornal Nacional, e foi feito questionamento ao próprio Ministro na live do Presidente pelo jornalista Guilherme Fiúza dos Pingos nos Is da Jovem Pan, a qual foi desmentida de pronto.
Por falar em boi, no Brasil já tivemos um “Touro Bandido” famoso nos rodeios de Barretos, que inclusive participou de novelas. E podemos citar que segundo o calendário chinês, o ano de 2021 é o ano do “Boi de Metal”, que é considerado por muitos leal, disciplinado e determinado. Características do nosso Presidente Jair Bolsonaro para responder a esta imprensa que inventa estas narrativas, e colocar no chão as pretensões do rato.
Piora a situação, quando vira DESINFORMAÇÃO alardeada por representantes conservadores da direita, que com o atraso da vacina chinesa, quem tomou a primeira dose perderá a eficácia do imunizante, sendo necessária nova aquisição de vacinas da China. Tal desinformação é combatida com a autorização da ANVISA, na sexta-feira passada, com a compra de novo lote, da ordem de 4,8 milhões de doses da CORONAVAC.
A propósito, existe outro artigo da revista Vida Destra, de Reginaldo Brito, que pode ser lido aqui, no qual incluo a mídia alternativa, no sentido de querer vender o pato, sem qualquer correspondência com a realidade, descumprindo o artigo 4 do Código de Ética dos Jornalistas, o qual transcrevo: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela correta divulgação”.
Concluo dizendo que, inclusive, engoli a narrativa, ainda mais com a coincidência do incêndio no Instituto Serum na Índia, maior responsável pela produção da vacina AstraZeneca, que ficaríamos ao “Deus dará”, sem vacinas. Este embaixador chinês Wanming deveria ter sido considerado como “Persona Non Grata” a muito tempo, por não respeitar a soberania brasileira e fazer chantagem, e ter tido um “bota-fora” do Brasil, como manda o figurino.
Claro que eu não me vacino “Nem a Pau, Juvenal”! Tomo Ivermectina.
Luiz Antônio Santa Ritta, para Vida Destra, 27/01/2021.
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Crédito da Imagem: Luiz Augusto @LuizJacoby
Sintetiza bem os últimos dias de “sangue” em que estamos vivendo. Parabéns
Muito obrigado, Nunes!
A China já penetrou fortemente na Europa e na África. Se localiza no leste asiático em posição que pode controlar tudo. Falta a América do Sul para fechar o cerco geopolítico aos EUA, único ente que pode lhe inviabilizar o domínio mundial. E esse embaixador chinês vem trabalhando muito bem nisso. Aqui, já comprou a imprensa e boa parte dos políticos. Em 2022 vão soltar dinheiro a rodo. Excelente artigo. Parabéns Santa Ritta.
Muito obrigado pelo comentário Fábio Paggiaro!