Imagem de capa: Portão de entrada de Auschwitz, onde está escrito “Arbeit Macht Frei”, que significa “O Trabalho Liberta”
Ontem, dia 27 de janeiro, foi o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, um dos maiores genocídios perpetrados no século XX. Durante o período em que os nazistas estiveram no poder, pessoas identificadas como sendo judias, ciganas, polonesas, homossexuais, deficientes, comunistas, entre outros, foram perseguidas e exterminadas de forma sistemática.
A data foi instituída por resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, em 27 de janeiro de 2005, durante sessão em alusão ao 60º aniversário da libertação do maior campo de concentração construído e mantido pelos nazistas, Auschwitz-Birkenau, que ficava na Polônia e foi libertado pelas tropas soviéticas em 27 de janeiro de 1945.
A libertação deste campo ajudou a expor ao mundo os horrores perpetrados pelos nazistas, que segundo estimativas, assassinaram mais de seis milhões de judeus, além de outras pessoas consideradas indesejadas pelo regime e suas medidas de eugenia.
Neste ano, completaram-se 77 anos desde a libertação de Auschwitz-Birkenau, talvez um dos mais conhecidos campos de concentração, mas que não foi o único. Vários outros locais abrigaram campos de extermínio de seres humanos, que eram assassinados de forma sistemática, fria, organizada como numa linha de produção industrial. Neste caso, uma indústria da morte.
Quanto mais o tempo passa, mais a memória destes eventos vai desaparecendo do seio da sociedade, à medida em que os sobreviventes, que são testemunhas oculares da maldade nazista, vão nos deixando. Por isso é importante que estes eventos sejam constantemente relembrados, em memória das vítimas, e de forma a impedir que este tipo de tragédia volte a ocorrer.
Em tempos onde o termo genocídio teve o seu significado banalizado, é ainda mais importante relembrar estes acontecimentos, de forma a colocar as coisas nos seus devidos lugares. Genocídio, em termos simples, é o extermínio deliberado de um determinado grupo de pessoas, baseado em critérios étnicos, religiosos, culturais, etc. Diante deste conceito simples, podemos facilmente compreender que, ao contrário do que muitos afirmam de forma leviana, não há nada em curso no Brasil que nem de longe se assemelhe ao que foi perpetrado pelos nazistas. Não há genocídio em curso no Brasil. Afirmar isto, é relativizar o Holocausto e afrontar a memória das vítimas do nazismo.
É importante que a memória do Holocausto não se perca, pois o assassinato deliberado de seres humanos foi a “solução final” adotada pelos nazistas, depois de terem implementado várias outras medidas de discriminação e perseguição. O Holocausto foi uma consequência de medidas que foram sendo tomadas ao longo do tempo. O processo começou devagar, os direitos dos judeus e outras pessoas consideradas indesejadas pelos nazistas foram sendo progressivamente retirados. Escrevi a respeito das Leis de Nuremberg, que são um bom exemplo das medidas que precederam o Holocausto, e o artigo pode ser lido aqui!
Hoje vemos que existem no Brasil várias tentativas de separar as pessoas em grupos, cerceando os direitos e liberdades daqueles que não se enquadrarem nas regras para compor o grupo considerado “correto”. Medidas são tomadas tendo como justificativa o “bem comum”, o “bem coletivo”, que são conceitos bem subjetivos e elásticos o suficiente para incluir praticamente qualquer ideia e permitir que qualquer medida seja implementada sob estas justificativas.
Como conservadores, temos o dever moral de manter viva a memória do Holocausto, em respeito aos milhões de vítimas, e também com o firme propósito de conscientizar as pessoas destes fatos e combater todos aqueles que flertem com medidas que possam nos conduzir pelo mesmo caminho.
Alguns creem que a história se repete de tempos em tempos, como se fosse um processo natural e inevitável. Eu creio que a história só se repete quando permitimos que a nossa passividade supere o nosso desejo de construir um mundo melhor, ou quando permitimos que outros assumam as rédeas das nossas vidas, tomando decisões em nosso lugar.
Em outras palavras, somos os responsáveis pelo nosso futuro.
Holocausto, nunca mais!
Sander Souza (Conexão Japão), para Vida Destra, 28/01/2022.
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