Em Uvalde, está vindo à tona um quadro de extrema covardia e incompetência por parte da polícia local
Prezados leitores:
Publicamos mais uma tradução de artigo da imprensa internacional feita pela nossa colaboradora, a jornalista e tradutora Telma Reina Matheus. Apreciem!
Em Uvalde, está vindo à tona um quadro de extrema covardia e incompetência por parte da polícia local
Fonte: The Federalist
Título Original: In Uvalde, A Picture Is Emerging Of Extreme Cowardice And Incompetence Among Local Police
Link para a matéria original: aqui.
Publicado em 27 de maio de 2022
Autor: John Daniel Davidson
A repercussão [da tragédia] de Uvalde vem revelando uma polícia local repleta de incompetência, mentiras, autoproteção burocrática e policiais covardes.
À medida que surgem mais detalhes sobre o tiroteio na escola de Uvalde, Texas, mais difícil se torna não concluir o pior sobre a reação da polícia local: os policiais de Uvalde aparentemente mantiveram-se à parte e nada fizeram enquanto o atirador matava 19 crianças e 2 professores, dentro de uma sala de aula.
Uma surpreendente coletiva de imprensa, realizada na sexta-feira, revelou que mais de 1 hora transcorreu desde o início do tiroteio e até que uma equipe de agentes de elite da Guarda de Fronteira – que, mais cedo, a polícia de Uvalde havia impedido de invadir a sala de aula – decidisse ignorar tais ordens e confrontasse o atirador, encerrando o massacre.
Durante esse tempo, cerca de 78 minutos, algo como 19 policiais supostamente permaneceram no corredor, do lado de fora da sala de aula, enquanto vários estudantes dentro da sala de aula acionavam o [serviço] 911 implorando a presença da polícia. Mas ninguém apareceu.
Na coletiva de imprensa, o diretor do Departamento de Segurança Pública do Texas, Steve McGraw, disse que o comandante presente no local da tragédia acreditou, equivocadamente, que o atirador havia se trancado na sala de aula e que “não havia crianças em perigo” – o que não passa de um jeito eufemístico de dizer que se acreditava que todas as crianças já estavam mortas. Pressionado pelos repórteres em uma série de questionamentos tensos, McGraw, em determinado ponto, afirmou: “Em retrospecto, é óbvio que não foi uma decisão acertada. Foi a decisão errada. Ponto.”
Quem tomou essa decisão? McGraw disse que o comandante no local era o chefe de polícia do distrito escolar de Uvalde, um homem chamado Pete Arredondo. O chefe Arredondo não estava na coletiva de imprensa e ninguém teve notícias dele desde a terça-feira.
A questão central que precisa ser respondida talvez seja esta: como o chefe Arredondo pôde concluir que, possivelmente, não havia crianças em perigo e que não se tratava de uma “situação de atirador ativo”, se chamadas ao 911 chegavam de crianças que estavam dentro da sala de aula e na ‘companhia’ do atirador? Na sexta-feira, McGraw detalhou algumas daquelas angustiantes chamadas ao 911. Tenha em mente que, durante essas ligações, a polícia local se manteve à parte e nada fez.
Uma pessoa identificada – não direi o nome dela, mas ela estava na sala 112 – ligou para o 911 às 12:03 horas. A ligação durou 1 minuto e 23 segundos. Ela se identificou e sussurrou que estava na sala 112.
Às 12:10 horas, ela ligou novamente, na sala 112, e avisou que havia vários mortos.
Às 12:13 horas, novamente, ela ligou.
Às 12:16 horas, ela ligou outra vez e disse que havia oito ou nove estudantes vivos.
Às 12:19 horas, outra ligação para o 911, e outra pessoa na sala 111 ligou. Não direi o nome dela. Ela desligou quando outro estudante disse a ela para desligar.
Às 12:21 horas, foi possível ouvir, durante a chamada ao 911, que três tiros haviam sido disparados.
Às 12:36 horas, uma chamada ao 911 que durou 21 segundos. A primeira pessoa que havia ligado [antes] retornou a ligação. A criança ligou novamente e disseram a ela para permanecer na linha e ficar bem quieta. Ela contou que ele [o atirador] havia atirado na porta.
No período entre 12:43 horas e 12:47, aproximadamente, ela pediu ao 911 que, por favor, enviasse a polícia imediatamente.
Às 12:46 horas, ela disse que não podia… que ela podia ouvir a polícia na sala ao lado.
Às 12:50 horas, foram disparados tiros que puderam ser ouvidos durante a ligação para o 911.
Às 12:51 horas, muito barulho, e sons como o de policiais retirando as crianças da sala. Naquele momento, a primeira criança que havia telefonado estava do lado de fora, antes de a ligação ser cortada.
A conversa a seguir, entre um repórter e McGraw, durante a coletiva de imprensa da sexta-feira, é absolutamente comprometedora. Se isso não resultar na dissolução compulsória do Departamento de Polícia de Uvalde, deveria pelo menos implicar a demissão do chefe Arredondo e de cada policial que estava naquele corredor e nada fez para salvar aquelas crianças:
“What efforts were the officers making to try and break through either that door or another door to get inside the classroom?”
“None at that time” pic.twitter.com/CNHQmKyzkr
— Oliver Darcy (@oliverdarcy) May 27, 2022
“Quais foram as ações dos policiais para tentar passar por aquela porta ou por outra porta e, então, entrar na sala de aula?”
“Nenhuma, naquele momento.”
Tudo isso vem à tona à medida que reportagens recentes, juntamente com imagens em vídeo postadas na mídia social, detalham como pais desesperados se reuniram na parte externa da escola, durante o tiroteio, e exigiram que os policiais entrassem e confrontassem o atirador.
Uma mulher, Angeli Rose Gomez, mãe de duas crianças que estavam dentro da escola, aparentemente foi algemada pela polícia porque insistiu para que eles agissem. Quando finalmente se livrou das algemas, ela correu para dentro da escola, encontrou seus filhos e os resgatou ela mesma. Isso, depois de dirigir mais de 60 km desde seu local de trabalho, onde soube do tiroteio.
“A polícia não estava fazendo nada”, disse Gomez ao The Wall Street Journal. “Eles simplesmente estavam lá, parados do lado de fora da cerca. Eles não entravam nem corriam para lado nenhum.”
Mais detalhes certamente surgirão nos próximos dias, porém, até o momento, parece que a polícia local agiu com extrema covardia e incompetência, e, como consequência direta das decisões tomadas pelo chefe Arredondo, ainda é desconhecido o número de crianças assassinadas, as quais, de outro modo, teriam sido salvas.
Na próxima vez que estiverem frente às câmeras, McGraw e os demais oficiais da polícia terão que, no mínimo, dar respostas claras sobre o que aconteceu, e por quê. Se não o fizerem, é melhor que rascunhem suas cartas de demissão imediatamente.
*John Daniel Davidson é editor sênior do Federalist. Seus artigos já foram publicados no Wall Street Journal, na Claremont Review of Books, no New York Post e em vários outros meios de comunicação.
Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 02/06/2022. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus
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