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Faxina no Jacarezinho e a promíscua relação entre bandidos e letrados

Na primeira semana do mês de maio, ocorreu uma ação policial que deixou quase 30 mortos no complexo do Jacarezinho, uma favela do Rio de Janeiro. A polícia entrou na comunidade para cumprir mandados de prisão da operação Exceptis, que investiga o aliciamento de crianças e adolescentes para ações criminosas, como assassinatos, roubos e até sequestros de trens da Supervia, no Rio.

No entanto, os policiais foram recebidos com tiros de armas de guerra (submetralhadoras, fuzis, escopetas etc) e então resolveram abrir fogo, o que resultou na morte de 29 pessoas – muitos já com passagem pela polícia. Além disso, 6 pessoas foram presas e outras 3 escaparam. Apesar do desvalor da conduta dos criminosos (aliciamento de menores para cometerem roubos e assassinatos), a imprensa não pensou duas vezes em sair em defesa deles, com matérias que, é claro, demonizam a ação policial e traz o velho mantra em tratar os bandidos como vítimas da sociedade.

Neste artigo vamos entender o porquê da imprensa ser tão leniente com criminosos e investigar mais a fundo a relação que há entre os bandidos de todo o Brasil e os letrados jornalistas, que ditam de seus confortáveis apartamentos no Leblon as soluções para a criminalidade, ao invés de combater o crime face a face e entender como ele é na realidade, como fazem os policiais. Para isso, no final vamos responder à pergunta: por que a mídia defende tanto os criminosos?

Primeiro temos que entender que, diferente do que é pregado na imprensa, não existe esse negócio de “vítima da sociedade”, pois a sociedade é algo abstrato e consequentemente incapaz de executar qualquer ação. Assim, se o bandido, que é um indivíduo concreto, dotado de meios para agir, não for responsável pela sua própria conduta, como que a sociedade, que é algo abstrato, pode ser responsável pelo crime praticado por ele?

Essa é a teoria da coculpabilidade da sociedade, fruto das teorias de esquerda sobre criminalidade e tem forte influência da escola de Frankfurt, mas, como tudo que é de esquerda, não faz o menor sentido, até porque se a sociedade é culpada pelos crimes (e não quem o praticou), então a mídia não pode considerar os policiais que mataram os bandidos do Jacarezinho como criminosos, afinal teria sido “a sociedade”, certo?

Entretanto, mesmo assim a imprensa trata os policiais como os maiores responsáveis pelo crime, promovendo uma inversão de valores, visto que o policial, enquanto está exercendo sua profissão, faz o bem, ao passo que o sujeito que comete crimes, enquanto exerce a função de criminoso, faz necessariamente o mal.

Ademais, alguém até poderia usar a filosofia de Rousseau, pai do totalitarismo moderno, e argumentar que “o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe”, contudo, isso é pura balela, dado que, se fosse verdade, todos os homens seriam corrompidos pela tal sociedade, e o que vemos é justamente o contrário: ser bandido nas sociedades modernas é a exceção, não a regra.

Até a questão da “má influência” pode ser questionada, pois, como explicou o teólogo Reinhold Niebuhr no estudo Moral Man and Imoral Society: a Study in Ethics and Politics, a essência do esforço moral consiste em tentar ser justo em uma sociedade injusta. A verdade é que a sociedade sempre será “injusta”, uma vez que ela é o resultado da interação dos indivíduos, logo, se há um indivíduo que comete um ato imoral, a sociedade por si só se torna injusta e se isso servisse como desculpa para outros indivíduos cometerem crimes, viveríamos em um estado de anarquia.

Mas esse amor da imprensa por criminosos não é de hoje. O filósofo brasileiro Mário Ferreira dos Santos já alertava, em 1967, no livro Invasão Vertical dos Bárbaros, que havia no Ocidente inteiro uma tendência de benevolência para com o criminoso, para que ele seja tratado como uma vítima pelo fato de a ideia de liberdade ter sido falsificada. Mário argumenta que esse fenômeno (o da glamourização do bandido) é fruto da tragédia humana esmagada pela superficialidade, que estava começando seu reinado nos anos 60, década que trouxe o sexo livre, o uso gourmet de drogas, críticas à igreja e demais coisas que hoje muitos desses jornalistas defendem com unhas e dentes em nome da “liberdade”, que, como o filósofo brasileiro explicou na década de 60, foi falsificada.

Um ponto que foi muito batido, e que foi dito que poderia ter evitado a morte das “vítimas da sociedade”, é a legalização das drogas. O argumento da legalização das drogas é o seguinte: uma vez legalizadas, as drogas poderiam ser vendidas e produzidas por qualquer um, logo, o tráfico acabaria e, com ele, acabaria também as mortes e a violência que existem nas favelas contra os mais pobres.

Para um leigo em economia esse argumento até pode fazer sentido, mas se você analisá-lo um pouco melhor, verá que ele tem diversas falhas. A primeira é a de que as drogas, uma vez legalizadas, teriam necessariamente o consumo aumentado, como ocorreu, por exemplo, com a maconha nos lugares onde ela foi liberada, segundo o psiquiatra Sérgio de Paula Ramos, especialista em dependência química. Isso porque a maconha é uma droga que causa dependência psicológica, apenas, e não química, como o crack ou cocaína.

Se a maconha, que causa uma dependência extremamente baixa, teve o consumo aumentado onde foi legalizada, logo, o que aconteceria se legalizássemos, no Brasil, essas drogas mais pesadas, como heroína, crack, cocaína, LSD e etc? Viraríamos uma terra de zumbis, uma vez que as drogas, hoje, como demonstra Joseph Douglass nos livros Red Cocaine e The Drugging in America and the West, drogas são utilizadas como armas políticas para desfibrar o tecido de uma sociedade e assim destruir seus valores. Será que, no Brasil, a China não usaria drogas como meio de comprar nosso território a preço de banana e colocá-lo sob controle do Partido Comunista?

O segundo ponto que mostra a fragilidade desse argumento é que, uma vez legalizadas as drogas mais pesadas, como o crack, que, como vimos, causa muita dependência, os dependentes iriam preferir comprá-lo legalmente, nas farmácias, em quantidades limitadas e pagando mais caro, já que haveria impostos, ou iria preferir comprar do traficante, em quantidades ilimitadas, sem burocracia, por um preço menor e muitas vezes até fiado? A resposta é óbvia, mas os defensores das drogas legalizadas não se atentam a isso e defendem a legalização puramente por ideologia.

O terceiro contra-argumento, que está relacionado com os outros, é que o mercado de drogas é um oligopólio, isto é, há poucos produtores a ponto de eles conseguirem controlar o mercado inteiro. Se o mercado é um oligopólio, qualquer novo concorrente pode ser uma vítima de execução, afinal, é isso que já ocorre hoje em muitos lugares, como no Uruguai, nas disputas das gangues. Quem garante, ainda, que o tráfico não daria conta de eliminar os pequenos produtores legalizados nas partes mais remotas das cidades, como as farmácias próximas das favelas – ou dentro das próprias – do Rio de Janeiro? Afinal, já fazem com alguns dos produtores não legalizados, que ousam entrar no mercado e desafiar o oligopólio reinante. Essas são questões que a esquerda sequer leva em consideração na hora de defender esse tipo de coisa.

De qualquer forma, como vimos, se legalizadas as drogas, o tráfico não diminuiria, muito pelo contrário, ele aumentaria – e muito –, pois, como mostrado, os lugares onde a maconha, droga de baixa dependência, foi legalizada o consumo aumentou. Um bom exemplo disso foi o Uruguai, que legalizou essa droga em 2013 e viu o tráfico dela aumentar. Ainda, segundo o ex-Diretor Nacional de Polícia daquele país, Mario Layera, em entrevista à rádio El Espectador, a legalização da maconha fez com que aumentasse os homicídios no país, que saltaram de 258 em 2013 para 416 em 2019 – um aumento de aproximadamente 60%. Esse aumento ocorreu devido à disputa de gangues pelo mercado que sobrou do tráfico, que se tornou mais sanguinário.

Então, chegamos à grande pergunta desse texto: por que, afinal, a imprensa defende bandidos? São vários os motivos. Primeiro porque, desde a década de 60, só são produzidas novelas, romances e obras teatrais que idolatram o bandido, vendendo a imagem dele como uma pessoa neutra ou como uma pessoa boa, que não teve oportunidades na vida e que está lutando contra o sistema opressor o qual foi inserido como uma vítima (daí vem a teoria da vítima da sociedade). Faça a si mesmo a pergunta: conhece alguma obra que exalte as virtudes da classe média e do cidadão de bem, cumpridor dos seus deveres e que se preocupa com sua família? Aliás, a própria palavra “cidadão de bem” foi demonizada recentemente, e para alguns ela é mais negativa que a palavra traficante.

O segundo motivo é porque defender bandidos tornou-se algo descolado, principalmente entre os mais jovens, que são as maiores vítimas das teorias de garantismo penal da escola de Frankfurt nas universidades. Algo que pode evidenciar isso é o crescimento do partido PSOL, que com um discurso socialista e pró criminalidade, ganhou muito espaço nas Câmaras legislativas em 2020 – e tende a ganhar mais ainda em 2022 e 2024.

O terceiro ponto é que é muito fácil para jornalistas criticarem a ação dos policiais que mataram diversos criminosos que atiraram contra eles com armas pesadas, mas é difícil para eles (os jornalistas) terem o mínimo de empatia e se colocarem no lugar do policial que é alvo desses bandidos. Pelo contrário, talvez de seus apartamentos do Leblon sequer consigam enxergar a realidade por trás dessa operações e o que o pessoal da favela passa com os bandidos lá.

De qualquer forma, hoje, devido à relação entre crime e mídia, o bandido não aponta mais apenas o cano da arma para nós, inocentes, aponta também, com a garantia dos jornalistas que irão defendê-los – mesmo praticado crimes graves, como aliciamento de menores para cometerem outros crimes –, o dedo da “justiça” e da crítica de parte da sociedade que foi corrompida pelas baboseiras propagadas por Folha de São Paulo, Estadão, Globo e etc. O que essa bandidolatria vai nos reservar para o futuro só Deus sabe, mas uma coisa é fato: ela só vai acabar no dia que esses que defendem os criminosos com tanto afinco nas redações dos jornais tiverem um ente querido alvo deles, pois, como diz o ditado: quem não aprende pelo amor, aprende pela dor.

 

 

Vinicius Mariano, para Vida Destra, 17/05/2021.
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Luiz Antonio
Luiz Antonio
3 anos atrás

Neste brilhante art. de @viniciussexto,aposto q se a operação contra o tráfico fosse no Leblon a imprensa esquerdopata arrasaria + os policiais. Ainda temos que aguentar FHC e Barroso serem a favor da liberação de drogas. E Saudades-SC não vão falar nada?

joao cardosi
joao cardosi
Reply to  Luiz Antonio
3 anos atrás

é porque lá em Saudades o bandido é branquinho e de classe média sem antecedentes como se isso o tornasse menos bandido.

Alvaro
Alvaro
3 anos atrás

Texto impecável, parabéns.

joao cardosi
joao cardosi
3 anos atrás

muito bom seu artigo. faltou apenas defender os bravos policiais das alegaçoes de que teriam cometido excessos na operação, atirando em bandidos já rendidos que pediam para se entregar. tem de dizer que o policial pode e até deve matar pessoas nessas condicoes.