Faleceu em Moscou, no dia 30 de agosto de 2022, Mikhail Gorbatchev, o último líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Gorbatchev ficou conhecido como o homem responsável pelas medidas de abertura econômica e política que aceleraram o colapso do império soviético, que já estava podre e ruiria mais cedo ou mais tarde.
Muitos o consideram como sendo um herói, pelo seu papel durante as negociações que levaram às assinaturas de tratados de redução de armas nucleares com os Estados Unidos, e também o veem com bons olhos por ter sido o responsável por colocar um fim no império soviético e, com isso, encerrar a Guerra Fria e a ameaça comunista.
A verdade, entretanto, é que a queda da União Soviética era inevitável e foi causada pelo próprio fracasso do modelo socialista adotado pelo país. A URSS estava com a sua economia em frangalhos e há tempos não conseguia atender as necessidades básicas da sua população e muito menos conseguia manter sob rédeas curtas os países-satélites ainda envoltos pela Cortina de Ferro. A abertura econômica, conhecida como Perestroika e a abertura política, conhecida como Glasnost, nada mais foram que tentativas desesperadas de salvar um regime nefasto que já se encontrava moribundo.
A União Soviética colapsou em 1991 e apenas dois anos depois, em 1993, Mikhail Gorbatchev fundava a Cruz Verde Internacional, entidade criada logo após a Rio-92, a conferência internacional sobre meio ambiente realizada no Rio de Janeiro. A Cruz Verde Internacional tem como objetivo alertar os governos e as pessoas para as consequências das mudanças climáticas que, segundo afirmava Gorbatchev, são resultado direto da ação humana.
A princípio a iniciativa parece inofensiva e até mesmo louvável, pois a preservação ambiental é de fato necessária. Porém, por trás da pauta ambiental há outros interesses, nada nobres, que visam a criação de uma sociedade pós Guerra Fria. O colapso do regime soviético escancarou a falência do modelo socialista e a superioridade do capitalismo e da economia de mercado. Porém, para os antigos líderes comunistas como Gorbatchev, reconhecer tal fracasso significaria também abrir mão do seu poder político e econômico, e da sua influência sobre a sociedade. Era necessário encontrar uma nova maneira de continuar sendo relevante na nova era que se iniciava e a maneira encontrada por Gorbatchev foi se tornar ativista em defesa do meio ambiente, mas defendendo uma pauta falsa, contudo, capaz de mantê-lo longe do ostracismo e da decadência. O seu objetivo era não ficar soterrado nos escombros soviéticos.
Como mencionei, Gorbatchev fundou uma organização não governamental voltada à defesa do meio ambiente e muitos ignoram que foi sob o comando de Mikhail Gorbatchev que o mundo assistiu ao maior desastre nuclear da história, ocorrido na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, que era uma das repúblicas que compunham a União Soviética. Muitos não se lembram ou não sabem, mas o governo soviético escondeu o desastre nuclear por vários dias e só admitiu o ocorrido após os países europeus terem detectado níveis elevadíssimos de radiação na atmosfera. Tal omissão de Gorbatchev poderia ter custado muito caro. Para se ter uma ideia, a cidade ucraniana de Pripyat, próxima da usina, foi evacuada às pressas após o acidente em Chernobyl e até hoje se encontra inabitável devido à contaminação por radiação.
Além disso, tanto a União Soviética como os países da Cortina de Ferro foram grandes destruidores do meio ambiente. Durante o regime comunista, o consumo de carvão para a geração de energia causava elevados índices de poluição atmosférica. Os despejos descontrolados de resíduos industriais mataram vários rios e lagos e muitos deles continuam em processo de recuperação ainda hoje, três décadas após o colapso soviético, mostrando a gravidade da poluição a que foram submetidos.
Outro exemplo da degradação ambiental causada pelo regime comunista pôde ser visto após a reunificação da Alemanha, com o lado pertencente à antiga Alemanha Oriental comunista estando muito mais degradado que o lado ocidental capitalista.
A queda da União Soviética mostrou ao mundo que o império comunista não estava podre apenas nas áreas econômica e política mas também na área ambiental. A pujança mostrada na área tecnológica e militar foi alcançada com um alto preço a ser pago pelo meio ambiente.
E foi justamente o líder desse regime que, depois do colapso da nação a qual dirigia, se apresentou ao mundo como sendo um defensor do meio ambiente, supostamente com toda a credibilidade que esta tarefa exige.
Hoje vemos que as pautas de esquerda já não se baseiam mais no marxismo puro e simples, que pretendia uma revolução do proletariado e a criação de uma nova sociedade nos moldes socialistas. Hoje os objetivos são outros, e para que tais objetivos sejam atingidos vale defender qualquer pauta, de “direitos humanos” a meio ambiente.
A defesa das pautas ambientais é importante mas precisa ser feita de forma racional e baseada em dados concretos e não em informações confusas e alarmistas. Hoje vemos vários governos, entidades e celebridades bradando aos quatro ventos que o mundo está passando por uma crise climática que requer medidas urgentes.
Estão levando as pessoas a níveis de estresse e medo similares aos provocados pela histeria da pandemia da covid-19. E já vimos que, sob estresse e medo, as pessoas aceitam quaisquer medidas que lhes prometam um mínimo de paz e segurança. A farsa das pautas ambientais defendidas pelo establishment mundial precisa ser escancarada para que todos tomem conhecimento da verdade.
Que Mikhail Gorbatchev tenha o seu lugar na história mas que seja o lugar correto, sem qualquer tipo de heroísmo e sem nenhum tipo de pompa. Que todos se lembrem dele como o homem que tentou desesperadamente salvar o seu regime nefasto, mesmo que para isso precisasse esconder um desastre nuclear que causaria inúmeras mortes, não apenas em seu próprio país, como em boa parte da Europa; como o homem que fez de tudo para permanecer sendo relevante no cenário internacional, inclusive se tornando porta-voz de uma pauta que contrasta com tudo aquilo que ele apresentou como legado após ser o líder de uma poderosa nação.
É uma pena que não possamos enterrar com Mikhail Gorbatchev todo o seu legado nefasto. Isto certamente faria ao mundo um bem maior do que as pautas que ele defendeu.
Sander Souza (Conexão Japão), para Vida Destra, 02/09/2022.
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Excelente relembrar a história, meu amigo. Parabéns pelo artigo
Um regime que matou milhões de pessoas não poderia ser permanente. A imprensa internacional realmente não aceita a verdade dos fatos e proclamam o comunista como herói. Artigo excelente para que a juventude tome rédea e extermine essa ideologia nefasta. Parabéns!