Parodiando o escritor português Pedro Barbosa no livro cujo título é Não Levo Saudades, este artigo nos remete ao passado nada glorioso, talvez menos complicado do que o do personagem do livro.
As lembranças ou as memórias são uma encruzilhada nas nossas vidas, quando favoráveis nos dão estabilidade, porém quando tristes nos afundam em sentimentos inconsequentes, será?
A cada ano que passa somos assistentes de tragédias, infortúnios e tristezas humanitárias, vale a pena viver tanto? A lei da compensação existe? Somos destinados a sofrer? Dizem que a felicidade são momentos e que sofrer mais ou menos é uma decisão de cada um, pois não podemos interferir na vida alheia. Se temos a capacidade de escolher o melhor, então somos capazes do pior!
Não podemos esquecer e até driblamos tal sentimento, contudo sempre havemos de lembrar o sucesso, a alegria e até ternuras, mas as tristezas usamos para incomodar. Incomodar? Como assim? Quando os interesses para uma negociação financeira ou para uma conquista estão em jogo, lembramos de fatos que nos deixaram em desvantagem, levando o interlocutor ou desafeto mais sensíveis à causa a sofrer a dor do outro. Portanto, somos humanos para usar a memória no intuito de causar espanto e até compaixão nas relações.
A vida sem diferenças é como olhar a natureza e ter a mesma visão. A natureza muda a cada estação ou intempérie, todavia nós seres humanos temos a audácia de achar que nada muda ou que tudo retorna à condição primária. Lembro de Lavoisier, “Na natureza nada se cria…”
Nas relações entre humanos se dão as mesmas condições, tudo se transforma e aí o ignorante tem a percepção contínua e o sensível vê que o seu próximo mudou para melhor ou pior, salve esse ser! Sensível, sensato e senhor da sabedoria!
Vivemos em instabilidade emocional porque queremos! O querer é velado, portanto, difícil ser revelado devido ao bloqueio da nossa capacidade de separar o certo do errado, somos humanos! As vontades são sentimentos sagrados, mas sem ter esforço nada é conseguido.
Qual é o sentido da lembrança? Se para nos trazer insucessos de nada vale, se para reconstruir o passado, talvez tenha alguma valia. Então o que verdadeiramente é lembrança? Aquilo que ficou gravado na memória e que de vez em quando retiramos do passado para o presente, ou usamos as nossas lembranças a la vontê de acordo com as nossas necessidades do momento?
Não quero levar saudade da proclamação da república, mesmo porque não vivi à época, das guerras mundiais, também não vivida, mas relatadas pelos meus avós, dos golpes militares, não tinha idade para entender. Não quero levar saudades pelo excesso de empresas estatais criadas pela política nacionalista e do estatismo fabiano.
Não quero levar saudades pelo emprego do keneysianismo sem limites que causou a hiperinflação, essa situação vivi na carne e no bolso. Não quero levar saudades das políticas assistencialistas e por isso demagógicas. Da falsa proteção do estado na defesa do cidadão, mesmo porque alguns teimam em desacreditar as forças militares e policiais, porém não se vive sem elas.
Não quero levar saudades das manobras para corromper funcionários públicos a beneficiar empresas privadas e políticos bandidos, e ver que o sistema judiciário é inseguro, instável e até corrupto. Por fim, de tudo que a política tem de perverso não quero ter lembranças. Ah! Se pudesse apagar a memória como se fosse um HD de um computador, seria o feito mais nobre!
Enfrentar as vicissitudes da atual conjuntura passa a ser prioridade no alcance de uma vida melhor, portanto a escolha está realizada para sofrer menos e levar saudade do bem estar coletivo.
Segundo o historiador israelita Yuval Harari, a esquerda e direita radicais foram extintas pela ação do capitalismo globalista, assim ficamos meia-esquerda e meia-direita sem ideologia definida. Porém, na terra brasilis o gramscismo é latente, daí a necessidade de lutar contra, porém com sabedoria.
Estamos a poucos meses das eleições majoritárias, portanto precisamos convencer muitos de que o caminho iniciado em 2018 tem que ser seguido para tornar o Brasil uma nação digna, soberana, acreditada e exemplar nos destinos desejados para sua gente.
Welton Reis, para Vida Destra, 18/01/2022.
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