No mundo moderno, por influência do liberalismo esquerdista, tendemos a não questionar certos dogmas que supostamente não nos afetariam e não nos dizem respeito, pelo menos de forma direta. A frase “entre 4 paredes, cada um faz o que quiser” se tornou um mantra que reflete bem esse fato da sociedade moderna, e o melhor exemplo é a questão da pornografia: hoje, a promoção de material visual erótico é tão “normal” que ninguém ousa questioná-la, mesmo esse tipo de conteúdo tendo efeitos devastadores na mente humana. É por isso que a nossa história de hoje será sobre um homem chamado Thomas Schiro, uma vítima da pornografia – se é que podemos chamá-lo assim, já que ele é um assassino –, que teve sua vida destruída por conta deste tipo de material, além de ter destruído a vida de outras pessoas. Após terminar de ler o artigo, por se tratar de um tema polêmico, não se esqueça de deixar um comentário sobre sua visão acerca da distribuição de pornografia como é hoje e se ela deveria ser proibida.
Tom Schiro era um americano como qualquer outro que, na década de 1980, tinha seus problemas: era viciado em drogas e álcool, contudo, participava de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e estava fazendo progresso no controle da bebedeira. Mas Schiro era também viciado em outro tipo de conteúdo, para o qual, na época, não havia nenhum tratamento: pornografia. De acordo com o depoimento de sua ex-esposa, Mary Lee, o vício de Schiro em material pornográfico era tamanho que ele se masturbava de 10 a 12 vezes por dia, até que as revistas eróticas não o excitassem mais. Controlado pela compulsão, Tom desenvolveu outra forma de se satisfazer: segundo Mary Lee, ele começou a sair à noite para espiar casais tendo relações sexuais e se masturbar assistindo-os, ou seja, se tornou um voyeur.
Não é preciso dizer que foi questão de tempo para que o mero ato de assistir casais tendo relações sexuais deixou de ser excitante, tal como a pornografia padrão que ele via nas revistas, o que levou Schiro a começar a invadir as casas para estuprar as mulheres que ele via fazendo amor com seus maridos. Na verdade, os vícios e compulsões de Tom estavam todos associados à pornografia: ela o levava a beber e se drogar e, uma vez sob o efeito desses entorpecentes, suas inibições caíam e ele se sentia à vontade para praticar todas as coisas que via nas livrarias proibidas para menores de 18 anos. Além do comportamento sexual libertino e criminoso, a pornografia fazia de Schiro um homem extremamente violento e sem escrúpulos: Mary Lee conta que, enquanto ela saía para trabalhar, ele levava o filho dela para pedir esmola nas ruas e gastava o dinheiro com mais pornografia. Uma vez, Lee o repreendeu por isso e Schiro, em um surto de violência, agrediu-a e quebrou seus dois dentes da frente.
Foi nessa época que Schiro começou a consumir os filmes quarter nas livrarias para adultos, que eram filmes de 15 minutos, em que as pessoas pagavam cerca de 0,20 centavos para assistir cada 3 minutos. E nos filmes quarter havia todo o tipo de depravação sexual possível, como sadomasoquismo, estupro, necrofilia e demais fetiches estranhos, os quais Tom tentava reproduzir com Mary. Eis então que, em janeiro de 1980, Schiro viu da janela da empresa em que trabalhava uma mulher saindo de casa de camisola para pegar o jornal. O nome da mulher era Darlene Hooper, e sua imagem ficou na cabeça de Schiro, que começou a se imaginar tendo relações sexuais com Darlene, praticando todos os tipos de depravações que vira nos filmes pornográficos, ou seja, na prática, Tom estava criando em sua cabeça um filme quarter no qual ele era o principal ator e o diretor.
Foi então que, no dia 4 de fevereiro de 1980, Schiro decidiu realizar sua fantasia: por volta de 9:30 horas, seguiu para a rua Tennesse, 1210, em Evansville, com o intuito de encontrar Darlene Hooper, mas, para sua infelicidade, ela não estava em casa. Mas sua colega, Laura Jane Luebbehusen, estava. Schiro disse a ela que seu carro havia quebrado e que ele precisava usar o telefone para ligar para seu pai ajudá-lo, mas, uma vez na casa, tentou convenceu Laura a ter relações sexuais com ele, e ela se recusou, o que levou Schiro a estuprá-la e, depois, sem nenhum motivo significante, ele começou a agredir Laura, primeiro com uma garrafa, depois com uma barra de ferro, até ela morrer. Após a perda de sinais vitais, Schiro praticou necrofilia com o corpo dela, mais um comportamento depravado que vira nos filmes.
A explicação do porquê Schiro ter feito tudo isso, segundo o psicólogo que acompanhou o caso, o Dr. Frank Osanka, especialista em pornografia, é que esse tipo de conteúdo não produz satisfação sexual como um todo, mas apenas parcial, e chega uma hora em que o mero ato masturbatório não é o suficiente para o indivíduo ter um orgasmo. Assim, a pessoa viciada em pornografia, na busca da satisfação sexual, começa a ter comportamentos sexuais cada vez mais anormais, como a pedofilia, o incesto, o sadomasoquismo, o estupro, a necrofilia e, por fim, o assassinato seguido ou precedido de ato sexual, como ocorre nos filmes quarter e snuff. Indivíduos como Tom têm perfeita consciência de que seu comportamento sexual libertino é errado, mas o vício em pornografia cria uma escravidão tão grande que torna o autocontrole impossível. Tanto é verdade que, segundo Mary Lee, enquanto estava estuprando e matando Laura Jane, Schiro chorava e falava sem parar: “Deus, por favor, me impeça, não quero fazer isso, mas não consigo parar”.
Além disso, quando questionado pelo Dr. Osanka sobre por que havia matado Laura, Tom respondeu “porque nunca tinha feito isso antes”. Tom, de fato, não havia feito isso antes, porém, já tinha visto cenas desse tipo nos filmes pornográficos que assistia. “Ele [Schiro] viu tanta estimulação sexual relacionada a assassinatos que decidiu que precisava experimentar aquilo”, afirmou o Dr. Osanka em uma entrevista concedida em agosto de 1985 ao The Courier-Journal, de Louisville, Kentucky. O assassinato, entretanto, não foi a única prática que Thomas aprendeu nos filmes. Durante seu julgamento, ele próprio afirmou ao Tribunal que a prática de invadir casas para estuprar mulheres foi aprendida por ele em um filme chamado “Cry Rape (Grite Estupro)”, de 1973, do diretor Carey Allen.
Mas a pornografia não afetou apenas a vida sexual de Schiro; ela afetou todas as partes de sua vida – e dos que estavam à sua volta. As agressões sem motivo à sua esposa Mary Lee eram corriqueiras; certa vez, Schiro foi em uma livraria consumir um filme quarter e, quando seus créditos acabaram, ele foi ao caixa comprar mais com seu órgão genital à mostra, e agrediu a atendente quando ela pediu educadamente para que ele o guardasse; nem mesmo Willie, o filho de Mary Lee, escapou: além de usá-lo para pedir esmolas com a finalidade de conseguir dinheiro para comprar material erótico, Schiro tinha o hábito de afogá-lo e reanimá-lo na banheira repetidas vezes. Schiro também desenvolveu um relacionamento com um manequim de uma loja perto de sua casa, para o qual contava seus problemas, inclusive, pediu a autorização dele para se casar com Mary Lee. Quando os funcionários da loja trocaram a peruca do manequim, Schiro ficou furioso com eles. Tom também exigia que Mary Lee ficasse imóvel quando eles tinham relações sexuais, o que demonstrava uma tendência à necrofilia, visto que Schiro demonstrou interesse em trabalhar em uma funerária justamente para poder ter relações com os cadáveres, coisa que não havia experimentado até o ocorrido com Laura Jane.
Para explicar essas atitudes que Thomas tinha para além da vida sexual – mas em função dela –, Edward Donnerstein, um perito em pornografia e agressão sexual, que testemunhou no julgamento de Schiro, seguindo a mesma linha do Dr. Osanka, afirmou que há um vínculo direto entre a exposição de imagens pornográficas com teor de agressão e violência – as quais Schiro passou a consumir – e o aumento de atitudes insensíveis, como o estupro. Esse tipo de material cria no agressor a crença de que a mulher deseja e aprecia ser estuprada, então, a cabeça de gente como Tom o faz crer que suas vítimas acham esses atos agressivos muito prazerosos, desde o estupro em si até o afogamento de Willie.
Por fim, Schiro foi condenado em 1981 a 26 anos de prisão pelo assassinato de Laura Jane, contudo, em 2005, enfrentou novas acusações, além de ter cometido novos crimes sexuais quando teve direito à progressão de pena. De acordo com o site do Departamento de Correções do Estado de Indiana, no entanto, ele deixou a prisão no último dia 7 de janeiro. Você pode estar se perguntando se, mesmo após evidências pesadas como essas, nunca houve nenhuma tentativa de diminuir a quantidade de pornografia, e na verdade houve: em 1985, o então Procurador Geral dos Estados Unidos instituiu a Comissão Meese durante o governo Reagan, cujo relatório concluiu o óbvio: há uma relação direta entre pornografia e aumento da violência e comportamento antissocial, algo que ficou extremamente claro no julgamento de Thomas Schiro. Mas, por outro lado, a indústria da pornografia movimenta bilhões de dólares todos os anos – coisa de 100 bilhões, de acordo com pesquisadores da Universidade do Novo México. Logo, há um interesse na direita e principalmente na esquerda para que a pornografia continue se expandindo, apesar dos problemas que ela gera. Ademais, promotores da pornografia estão hoje em cargos de grande influência, a exemplo de Yoel Roth, ex-chefe de segurança do Twitter, que em sua tese de doutorado afirmou que menores de idade deveriam ter acesso ao Grindr – um aplicativo usado por homossexuais para trocar fotos pornográficas e marcar encontros – e que fazia vista grossa para a pornografia infantil que circulava no Twitter durante sua gestão, o que terminou quando Elon Musk comprou a empresa.
Vinicius Mariano, para Vida Destra, 27/03/2023.
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