Desde a posse do presidente Jair Bolsonaro ouvimos a militância oposicionista afirmar aos quatro ventos que existia um “gabinete do ódio” no coração do governo, que seria responsável por conduzir uma milícia virtual encarregada de atacar a reputação de opositores do governo e promover linchamentos virtuais, além de produzir e disseminar as chamadas Fake News. Tal narrativa ganhou proporções tão grandes, que muitos julgaram ser verdadeira, levando até à instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a existência do tal gabinete, quem eram os seus membros e qual a sua atuação na disseminação de Fake News.
Todos nós testemunhamos o trabalho digamos, simplório, realizado pelos parlamentares, mostrando que o nosso parlamento perdeu totalmente a aura de respeito que deveria ter, enquanto palco dos debates que definem os rumos da nação. Esta CPMI serviu para que ficasse bem clara a todos os brasileiros, a baixa qualidade intelectual dos nossos parlamentares. Acho simplesmente preocupante saber que as pessoas que receberam a incumbência de elaborar as leis que regem a nossa sociedade, sejam tão despreparadas e limitadas intelectualmente, com raríssimas exceções. E esta comissão mostrou que o tal gabinete do Planalto não existe ou, como disse um parlamentar, já foi desmontado!
Que existem fake news e que existe uma guerra de narrativas, isto todos nós sabemos! Eu mesmo já escrevi sobre isto aqui, no Vida Destra! E, ao contrário do que queriam que todos acreditassem, o tal gabinete do ódio não está sediado no Palácio do Planalto. Sim, ele existe mesmo! Mas não da maneira como foi pensado e divulgado! Seu endereço verdadeiro é bem próximo do Palácio do Planalto, na verdade fica na mesma Praça dos Três Poderes. Seria então o Congresso Nacional a sede do tal gabinete do ódio? Não amigos, na verdade o verdadeiro gabinete do ódio atua no Supremo Tribunal Federal.
Não é difícil perceber que a nossa corte suprema, que deveria ser a guardiã da nossa Constituição, não só não a protege, como é a primeira a rasgá-la, em defesa de interesses escusos. Já vimos os ministros togados torcerem as leis, alterarem o entendimento legal sem nenhum motivo concreto que o justificasse, criar nova legislação usurpando as atribuições do Poder Legislativo, e tudo isso para defender os interesses criminosos do ex-presidente presidiário e seus comparsas. A nossa corte suprema se sujeitou a isto, não por acaso, mas porque foi devidamente aparelhada durante anos para que cumprisse este papel. E o Poder Legislativo parece legislar de acordo com as orientações da corte suprema, quando a atuação deveria ser do modo contrário, em outras palavras, a corte deveria trabalhar de acordo com as leis redigidas e aprovadas pelo Congresso!
Embora seja o verdadeiro gabinete do ódio, o Supremo Tribunal Federal não é o possuidor deste ódio. O tribunal simplesmente é o mais alto escritório jurídico a serviço de um projeto de poder que, este sim, destila ódio pelo Brasil, pela Democracia, pelo Estado de Direito, pelas próprias instituições que o servem e por todas as pessoas de bom caráter e cumpridoras das leis. O Supremo, e o próprio Congresso, estão sendo manipulados por pessoas que estão usando todas as estruturas do Estado brasileiro para construir um projeto que pretende tomar o poder e depois perpetuá-las no comando da nação. E os líderes desta quadrilha já mostraram que não tem o menor pudor de sugerir que poderão causar ao Brasil os mesmos danos e as mesmas mortes que vimos ocorrer recentemente no Chile. Tudo em nome de um ideal político que despreza a maioria da sociedade em benefício de uns poucos escolhidos. Espalhar notícias falsas e achincalhar adversários políticos é apenas uma cortina de fumaça usada por esta organização criminosa para tentar dissimular o seu controle sobre as instituições nacionais.
Ontem vimos o Tribunal Regional Federal da 4ª Região confirmar em segunda instância mais uma condenação do ex-presidente presidiário, mostrando que ainda existe seriedade no Poder Judiciário. A podridão parece restrita à nossa corte suprema, que precisa sofrer uma faxina urgente. Mas para que esta faxina ocorra, precisamos da atuação do outro poder que compõe o Estado brasileiro, o Poder Legislativo, em especial precisamos do Senado Federal, a quem cabe atuar quando o STF extrapola as suas atribuições constitucionais. Mas infelizmente já vimos que o parlamento não tem a menor intenção de agir em relação aos desmandos do STF e o Senado nem pretende analisar os vários pedidos de impeachment de ministros do STF que já foram protocolados. O senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado e a quem cabe pautar os pedidos de impeachment para análise do plenário, nem sequer teve a consideração de responder aos eleitores, que se manifestaram aos milhares nas ruas pedindo o impeachment do ministro Gilmar Mendes. E isto por puro medo de represálias, já que o próprio Alcolumbre e muitos parlamentares estão enrolados com a Justiça!
Infelizmente, este gabinete do ódio é hoje o grande responsável pela insegurança jurídica que paira sobre o Brasil, afetando a atração de investimentos externos, e desgastando a imagem brasileira no exterior, podendo inclusive impedir o país de ingressar na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), um pleito antigo do Brasil. As atuações do STF chegam a ser questão de segurança pública! Teremos muito trabalho para acabar com este gabinete e restaurar as nossas instituições, para que atuem da maneira para a qual foram criadas! Eleger um presidente correto e íntegro foi muito bom, mas insuficiente para resolver os graves problemas do Brasil! Mas não podemos desistir desta luta, o bem precisa vencer este ódio!