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Os ‘Arquivos do Twitter’ revelam que há uma profana aliança das Big Techs com os ‘Federais’ para controlar você

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Seguimos com o nosso compromisso de trazer até vocês, todos os sábados, artigos sobre temas relevantes publicados pela imprensa internacional e traduzidos pela nossa colaboradora, a jornalista e tradutora profissional Telma Regina Matheus. Apreciem!

 

Os ‘Arquivos do Twitter’ revelam que há uma profana aliança das Big Techs com os ‘Federais’ para controlar você

 

Os ‘Arquivos do Twitter’ mostram como o FBI cooptou o Twitter para impor a censura ilegal de cidadãos americanos e neutralizar a Primeira Emenda.

 

Fonte: The Federalist

Título original: The ‘Twitter Files’ Reveal Big Tech’s Unholy Alliance With The Feds Exists To Control You

Link para o artigo original: aqui!

Publicado em 21 de fevereiro de 2023

 

Autor: John Daniel Davidson*

 

O texto a seguir foi adaptado de uma palestra realizada no Hillsdale College, em 7 de fevereiro de 2023.

A aquisição do Twitter por Elon Musk em outubro passado e a subsequente reportagem sobre os ‘Arquivos do Twitter’ pelos jornalistas Matt Taibbi, Bari Weiss e um punhado de outros, a partir do início de dezembro [de 2022], compõem uma das notícias mais importantes do nosso tempo. A história narrada pelos ‘Arquivos do Twitter’ abrange e, em larga escala, conecta cada um dos importantes escândalos da era Trump-Biden. Simplificando, os ‘Arquivos do Twitter’ revelam uma aliança profana entre a Big Tech e o deep state [estado profundo], projetada para sufocar a liberdade de expressão e manter uma narrativa oficial através de censura e propaganda. Isto não deveria apenas nos preocupar, mas também nos levar a agir em defesa da Primeira Emenda, de eleições livres e justas e, de fato, do nosso país.

Depois que Musk concluiu sua aquisição do Twitter, ele demitiu um grande número de funcionários inúteis ou insubordinados, instituiu novas políticas de moderação de conteúdo e tentou reformar uma cultura corporativa identitária que beirava (e ainda beira) a paródia. No processo, Musk coordenou com Taibbi e Weiss a publicação de uma série de histórias baseadas em documentos internos do Twitter – documentos esses relacionados a uma ampla gama de importantes eventos políticos dos últimos anos: o escândalo do laptop de Hunter Biden; a política secreta de shadowbanning do Twitter; a suspensão do Presidente Trump do Twitter após a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro; a cooptação do Twitter pelo FBI para suprimir a ‘desinformação eleitoral’ antes das eleições de 2020; o envolvimento do Twitter em uma campanha de persuasão psicológica no exterior, promovida pelo Pentágono; o silenciamento da dissidência à narrativa oficial da Covid; a cumplicidade [da plataforma] com a farsa do Russiagate e sua capitulação gradual ao envolvimento direto da comunidade de inteligência americana – tendo o FBI como intermediário – na moderação de conteúdo.

Como Taibbi escreveu, os ‘Arquivos do Twitter’ “mostram o FBI agindo como maestro de um vasto programa de vigilância e censura da mídia social, envolvendo agências de todo o governo federal – desde o Departamento de Estado até o Pentágono e a CIA”.

Os ‘Arquivos do Twitter’ contêm uma infinidade [de histórias], mas a bem da brevidade, vamos considerar apenas três delas e suas respectivas implicações: a supressão da história do laptop de Hunter Biden, a suspensão de Trump, e a cooptação do Twitter pelo FBI. Juntas, essas histórias revelam não apenas uma empresa de mídia social disposta a fazer a vontade de uma burocracia federal fora de controle, mas de uma burocracia federal abertamente hostil à Primeira Emenda.

Laptop de Hunter Biden

Em 14 de outubro de 2020, o New York Post publicou sua primeira grande reportagem sobre o conteúdo do laptop de Hunter Biden, que havia sido deixado, em abril de 2019, em uma loja de consertos de computadores em Delaware, e que ninguém pegara de volta. Foi a primeira de várias histórias detalhando a corrupção da família Biden e revelando o envolvimento próximo de Joe Biden – enquanto era vice-presidente e nos anos seguintes – nos negócios estrangeiros de seu filho. Hunter, embora não ocupasse nenhum cargo real, faturava dezenas de milhões de dólares de empresas estrangeiras, em lugares como Ucrânia e China. A informação bombástica do Post lançava uma luz forte sobre o que estava acontecendo.

De acordo com e-mails [arquivados] no laptop, Hunter apresentara o então vice-presidente Biden a um executivo de alto escalão da Burisma, empresa ucraniana de energia, que pagava a Hunter (que não tinha qualquer credencial ou experiência no setor energético) até US$ 50 mil por mês, por um cargo de diretor. Logo depois desse encontro, o [então] vice-presidente Biden pressionou o governo da Ucrânia a demitir um procurador que investigava a empresa.

Em um e-mail anterior [ao encontro], um executivo do alto escalão da Burisma perguntou a Hunter “como você [Hunter] poderia usar sua influência” para beneficiar a empresa. As histórias subsequentes do Post revelaram mais do mesmo: um nível alarmante de corrupção e tráfico de influência por parte de Hunter Biden, cujos e-mails sugerem que seu pai estava intimamente ligado aos seus empreendimentos comerciais no exterior. De fato, esses empreendimentos parecem consistir inteiramente em Hunter provendo acesso a Joe Biden.

O Twitter fez de tudo para suprimir a história de Biden. Removeu links para a reportagem do Post, anexou alertas de que podiam ser ‘perigosos’, e impediu os usuários de compartilhá-los via mensagem direta – uma restrição previamente reservada para casos de pornografia infantil e outros extremos. Em uma medida extraordinária, o Twitter também bloqueou a conta do Post e as contas de pessoas que compartilharam links para as reportagens, incluindo a [conta da] secretária de imprensa da Casa Branca, Kayleigh McEnany. Essas ações foram justificadas sob o pretexto de que as reportagens violavam a política do Twitter referente a materiais hackeados, mesmo não havendo qualquer evidência – à época ou agora – de que qualquer material no laptop tivesse sido hackeado.

Executivos do Twitter nos mais altos níveis envolveram-se diretamente em tais decisões. A ex-diretora jurídica, de política e confiabilidade, Vijaya Gadde – a principal censora da empresa – desempenhou um papel importante, assim como o ex-diretor de confiabilidade e segurança, Yoel Roth. Estranhamente, tudo parece ter sido feito sem o conhecimento do então CEO do Twitter, Jack Dorsey. E foi feito apesar do posicionamento contrário de outros departamentos.

“Estou com dificuldades para entender a base política para marcar isto como perigoso”, escreveu um executivo da área de Comunicações do Twitter, em um e-mail enviado a Gadde e Roth. “Podemos afirmar honestamente que isso faz parte da política?”, perguntou o ex-VP de Comunicações globais, Brandon Borman. Seu questionamento foi respondido pelo conselheiro geral adjunto, Jim Baker – um antigo advogado de primeiro escalão do FBI e o membro mais poderoso de um grupo cada vez maior de ex-funcionários do FBI trabalhando no Twitter –, que disse que “é preciso ter cuidado” e que alguns fatos “indicam que os materiais podem ter sido hackeados”.

Mas não havia tais fatos, como Baker e outros altos executivos do Twitter sabiam à época. O laptop era exatamente o que o Post afirmara que era, e todos os fatos relatados pelo Post eram precisos. Outros grandes veículos de mídia, como o The New York Times e o The Washington Post, admitiriam muito a contragosto [essa fidedignidade], cerca de 18 meses depois e após a posse de Joe Biden na Casa Branca.

Se não havia material hackeado na reportagem do Post, por que o Twitter reagiu tão imediatamente como se houvesse? Porque, muito antes de o Post publicar sua primeira reportagem sobre o laptop, a comunidade de inteligência já empreendia um trabalho coordenado para desacreditar informações vazadas sobre Hunter Biden. O laptop, afinal, estava sob custódia federal desde dezembro do ano anterior, quando o FBI o apreendeu na loja de consertos de computadores. Portanto, o FBI sabia muito bem que o equipamento continha provas da clara atividade criminosa (como o uso de drogas ilícitas), bem como da corrupção e tráfico de influência.

Na noite anterior à publicação do Post de sua primeira história sobre o laptop, o agente especial do FBI, Elvis Chan, enviou 10 documentos para Roth no Twitter, através de um canal especial de comunicação unidirecional que o FBI estabelecera com a empresa. Durante meses, o FBI e outras agências federais de inteligência municiaram Roth para rejeitar notícias sobre Hunter Biden antes das eleições de 2020, classificando-as como resultantes de operações ‘hackear-e-vazar’ por agentes de Estado. Eles fizeram a mesma coisa com o Facebook, como seu presidente, Mark Zuckerberg, admitiu para Joe Rogan em um podcast de agosto de 2022.

Como Michael Shellenberger relatou no sétimo episódio dos ‘Arquivos do Twitter’, o FBI questionou repetidamente Roth e outros no Twitter sobre operações de influência estrangeira na plataforma e, repetidamente, foi informado de que não havia nada de significativo. O FBI também pressionou rotineiramente o Twitter para que lhe fornecesse dados sem um processo normal de mandado de busca, a cuja solicitação o Twitter resistiu no início.

Em julho de 2020, Chan conseguiu que os executivos do Twitter obtivessem permissões de segurança ultrassecretas, para que o FBI pudesse compartilhar informações sobre possíveis ameaças às próximas eleições presidenciais. No mês seguinte, Chan enviou a Roth informações sobre um grupo de hackers russos, chamado APT28. Mais tarde, Roth diria que, quando veio à tona a história do Post sobre o laptop de Hunter Biden, “isso disparou todos os meus alarmes sobre uma campanha de hackear-e-vazar do APT28”. Muito embora nunca tenha havido qualquer evidência de que algo no laptop tivesse sido hackeado, Roth reagiu exatamente como o FBI o tinha condicionado a fazer, e se valeu da política da empresa sobre materiais hackeados para suprimir a reportagem assim que ela surgiu, exatamente como a agência sugerira, e isso a menos de um mês das eleições.

***

Suspensão do Presidente

A erosão dos padrões de moderação de conteúdo do Twitter se intensificou após o escândalo do laptop de Hunter Biden, atingindo seu ápice em 8 de janeiro de 2021, dois dias após a invasão do Capitólio. Foi quando o Twitter tomou a extraordinária decisão de suspender o Presidente Trump, mesmo ele não tendo violado qualquer política do Twitter.

Como mostram os ‘Arquivos do Twitter’, a suspensão ocorreu em meio a interações contínuas com agências federais – interações que foram aumentando em freqüência nos meses que antecederam as eleições de 2020, quando Roth se reuniu semanalmente com o FBI, o Departamento de Segurança Nacional e o gabinete do diretor de Inteligência Nacional. À medida que se aproximavam as eleições, as políticas de moderação de conteúdo baseadas em regras do Twitter, aplicadas de forma desigual, se deteriorariam drasticamente.

A moderação de conteúdo do Twitter sempre fora um conjunto instável de imposição automática de regras e intervenções subjetivas por parte dos altos executivos que, em sua maioria, usaram as ferramentas de censura do Twitter para diminuir o alcance de Trump e de outros integrantes da direita, por meio de shadowbanning e outros instrumentos. Isso, porém, estava mudando. Como escreveu Taibbi no terceiro episódio dos ‘Arquivos do Twitter’:

Com a proximidade das eleições, os executivos seniores – talvez pressionados pelas agências federais com as quais se reuniam com maior frequência à medida que o tempo avançava – se debatiam cada vez mais com as regras, e começaram a falar de “vios” [violações] como pretextos para fazer o que provavelmente teriam feito de qualquer forma.

Após o 6 de janeiro, o Twitter abandonou até mesmo a aparência de uma política de moderação baseada em regras, suspendendo Trump por dois tuítes que os altos executivos alegaram falsamente serem violações dos termos de serviço do Twitter. O primeiro tuíte, publicado no início da manhã de 8 de janeiro, declarava: “Os 75.000.000 de grandes patriotas americanos que votaram em mim, pelo AMERICA FIRST e MAKE AMERICA GREAT AGAIN, terão uma VOZ GIGANTE por muito tempo no futuro. Eles não serão desrespeitados ou tratados injustamente de nenhuma maneira, forma ou formato!!!”. O segundo, publicado cerca de uma hora depois, simplesmente declarava que Trump não compareceria à posse de Joe Biden em 20 de janeiro.

Nesse mesmo dia, funcionários relevantes do Twitter determinaram corretamente que os tuítes de Trump não constituíam incitação à violência nem violavam qualquer outra política do Twitter. Mas a pressão continuou crescendo por parte de pessoas como Gadde, que queriam saber se os tuítes equivaliam a uma “incitação codificada para [gerar] mais violência”. Alguns sugeriram que o primeiro tuíte de Trump talvez violasse a política da empresa sobre glorificação da violência. As discussões internas então tomaram um rumo ainda mais bizarro. Membros da “equipe de aplicação da lei em larga escala”, do Twitter, supostamente consideraram Trump “como o líder de um grupo terrorista responsável por violência e mortes, comparável ao atirador de Christchurch ou a Hitler, e com base nisso e na totalidade de seus tuítes, ele deve ser banido da plataforma”.

Na tarde do dia 8 de janeiro, o Twitter anunciou o banimento permanente de Trump “devido ao risco de aumento na incitação à violência” – uma frase sem sentido, que não correspondia a nenhuma política escrita do Twitter. O banimento de um Chefe de Estado em exercício não tinha precedente. O Twitter jamais implementara tal providência, mesmo com chefes de Estado da Nigéria e da Etiópia que, efetivamente, incitavam a violência. Deliberações internas reveladas pelos ‘Arquivos do Twitter’ mostram que se justificou parcialmente o banimento de Trump com base “no contexto e nas narrativas globais” de palavras e atos de Trump – como descreveu um executivo – “ao longo das eleições e, francamente, no decorrer dos últimos mais de 4 anos”.

Ou seja, não se tratava do que Trump dissera ou fizera; tratava-se da vontade dos censores do Twitter que queriam culpar o Presidente por tudo o que acontecera no dia 6 de janeiro e removê-lo da plataforma. Para isso, estavam dispostos a mudar toda a estrutura intelectual da moderação de conteúdo, descartando a aplicação de regras objetivas e implantando a avaliação de “contexto e narrativa”, o que permitiu aos executivos se engajarem no que equivale à discriminação de pontos de vista.

As empresas privadas, obviamente, em grande parte têm o direito de se envolver na discriminação de pontos de vista – algo que o governo está proibido de fazer pela Primeira Emenda. O problema é que, quando o Twitter baniu Trump, a plataforma estava operando menos como uma empresa privada e mais como uma extensão do governo federal.

***

Entre as revelações mais chocantes dos ‘Arquivos do Twitter’ está a amplitude com que as agências federais de aplicação da lei e de inteligência passaram a considerar o Twitter como uma ferramenta para censura e controle narrativo. No episódio 6 dos ‘Arquivos do Twitter’, Taibbi relata o contato “constante e pervasivo” entre o FBI e o Twitter após janeiro de 2020, “como se [o Twitter] fosse uma subsidiária”. Em particular, o FBI e o Departamento de Segurança Nacional queriam que o Twitter censurasse tuítes e bloqueasse contas que, na opinião deles, envolviam “desinformação eleitoral”; e, regularmente, enviavam conteúdos que haviam pré-classificado para moderação da empresa, essencialmente arrastando o Twitter para o que, de outra forma, seria censura ilegal do governo. Taibbi deu a essa relação a denominação de “controle canino”. Quando os federais enviavam seus pedidos de censura, o Twitter os acatava obedientemente – mesmo quando os tuítes em questão eram claramente piadas ou postagens de contas com poucos seguidores.

Alguns executivos do Twitter estavam inseguros sobre o que fazer com esse relacionamento. O diretor de Políticas, Nick Pickles, em determinado momento, questionou como ele deveria se referir à cooperação da empresa com as agências federais de aplicação da lei e de inteligência, sugerindo que fosse descrito como “parcerias”. Repetidas vezes, as agências federais enfatizaram a necessidade de uma estreita colaboração com seus “parceiros do setor privado”, usando a suposta interferência da Rússia nas eleições de 2016 como pretexto para um regime maciço de vigilância e censura governamental, operando a partir de dentro do Twitter.

As solicitações de moderação de conteúdo, que se assemelhavam cada vez mais com exigências, vieram não apenas do FBI e do DHS, mas também de uma rede emaranhada de outras agências federais, empresas e think-tanks associados ao governo, tais como o Projeto de Integridade Eleitoral da Universidade de Stanford. De acordo com Taibbi, as linhas fronteiriças entre o governo e seus “parceiros”, neste esforço, eram “tão confusas a ponto de não terem sentido”.

A cooptação do Twitter

Após as eleições de 2016, tanto o Twitter quanto o Facebook enfrentaram a pressão dos Democratas e seus aliados da mídia para erradicar a “interferência eleitoral” russa, sob a teoria amplamente desmascarada de que uma operação de influência da mídia social baseada em Moscou fora responsável pela vitória eleitoral de Trump. Na realidade, a suposta ingerência russa se resumiu a uma minúscula compra de anúncios no Facebook e a um punhado de bots no Twitter. Mas a verdade não era aceitável para os Democratas, nem para a mídia, nem para a burocracia federal anti-Trump.

Em 2017, o Twitter foi alvo de uma tremenda pressão para “continuar produzindo material” sobre a interferência russa e, em resposta, criou uma Força-farefa Russa para caçar contas vinculadas à Agência de Pesquisa na Internet de Moscou. A força-tarefa não encontrou muita coisa. De cerca de 2.700 contas analisadas, apenas duas resultaram como significativas, e uma delas era a Russia Today, um órgão de notícias apoiado pelo Estado.

Mas diante da má imprensa e das ameaças dos Democratas no Congresso, os executivos do Twitter decidiram se alinhar à narrativa oficial e fingir que havia um problema com a Rússia. Para aplacar Washington e evitar novas regulamentações onerosas, eles se comprometeram a “trabalhar com [membros do Congresso] em seu desejo de legislar”. Quando alguém no Congresso divulgou a lista das 2.700 contas que a força-tarefa do Twitter havia examinado, a mídia explodiu com histórias que sugeriam que o Twitter estava repleto de bots russos – e o Twitter continuou a seguir em frente.

Depois disso, como descreveu Taibbi, “este ciclo – legislação ameaçada, vinculada a manchetes assustadoras impulsionadas por fontes do Congresso e da inteligência, seguidas pelo Twitter acatando solicitações de moderação [de conteúdo] –, [acabou] formalizado em parcerias com autoridades policiais federais”.

No final de 2017, o Twitter adotou discretamente uma nova política. Em público, diria que toda a moderação de conteúdo ocorrera “a critério exclusivo [do Twitter]”. Porém, sua diretriz interna estipulou a censura de qualquer coisa “identificada pela comunidade de inteligência dos EUA como entidade que, patrocinada pelo Estado, conduzisse ciberoperações”. Desse modo, o Twitter permitiu que, cada vez mais, a comunidade de inteligência, o Departamento de Estado e uma série impressionante de agências federais e estaduais enviassem pedidos de moderação de conteúdo através do FBI, o que Chan sugeriu que poderia funcionar como “o umbigo [do governo dos EUA]”. Estes pedidos aumentariam e se intensificariam durante a pandemia da Covid e no período que antecedeu as eleições de 2020.

Em 2020, havia uma enxurrada de demandas por censura, às vezes, sem qualquer explicação – apenas uma planilha do Excel com uma lista de contas a serem banidas. Essas demandas afluíram de escritórios do FBI de todo o país, sobrecarregando o pessoal do Twitter. Por fim, o governo pagou ao Twitter uma compensação de US$ 3,4 milhões. Uma ninharia, considerando o trabalho que o Twitter executou a mando do governo, mas o pagamento ilustrou uma dura realidade: o Twitter, um dos principais guardiões da praça pública digital e, possivelmente, a plataforma de mídia social mais poderosa do mundo, havia se tornado um terceirizado da comunidade de inteligência dos Estados Unidos.

***

Os ‘Arquivos do Twitter’ revelaram ou confirmaram três verdades importantes sobre a mídia social e o deep state.

Primeira, todo o conceito de “moderação de conteúdo” é um eufemismo para a censura via empresas de mídia social que falsamente alegam ser neutras e imparciais. Na medida em que exercem o monopólio virtual do discurso público na era digital, é preciso parar de considerá-las como empresas privadas que podem “fazer o que quiserem”, como os libertários gostam de dizer. As políticas de moderação de conteúdo das empresas são, no melhor dos cenários, uma justificativa esfarrapada para banir ou bloquear o que seus executivos não gostam. No pior dos cenários, fornecem cobertura para uma política generalizada de censura governamental.

Segunda [verdade], o Twitter recebeu ordens de um aparato de segurança do deep state, o qual fora criado para combater terroristas, e não para censurar ou manipular o discurso público.  Na medida em que o deep state está usando empresas de mídia social, como o Twitter e o Facebook, para subverter a Primeira Emenda e executar operações de manipulação psicológica da informação em meio ao público americano, essas empresas se tornaram agentes perversos do governo. Como questão política, a abordagem regulatória da liberdade e da não interferência – que adotamos para essas empresas – deve cessar imediatamente.

Terceira, o estado administrativo se transformou em um deep state devastador, que ameaça provocar o colapso do sistema constitucional da América ainda durante o tempo de nossas vidas. A ameaça emblemática está no fato de que “a comunidade de inteligência” provou-se incapaz de não interferir nas eleições americanas. O FBI, em particular, se imiscuiu diretamente nas duas últimas eleições presidenciais, e em tal escala que sua existência continuada deveria ser questionada. De fato, a transformação do FBI, após o 11 de setembro, de uma agência de aplicação da lei para uma agência de contraterrorismo e coleta de informações, com atribuições aparentemente ilimitadas, tem sido um desastre para as liberdades civis e para a Primeira Emenda. Precisamos impor reformas radicais, ou eliminá-lo completamente e começar de novo.

O falecido Angelo Codevilla, grande cientista político, argumentava que nossa resposta ao 11 de setembro foi completamente errada. Em vez de implantar um abrangente aparato de segurança e vigilância para detectar e interromper potenciais complôs terroristas, deveríamos ter dado um ultimato aos regimes que estavam abrigando a Al Qaeda: ou você declara guerra contra esses terroristas e os leva à justiça, ou nós entraremos em guerra com você. A razão para não fazermos o que fizemos, contestava Codevilla, é que um aparato de segurança e vigilância suficientemente poderoso e pervasivo, para fazer o que queríamos que fizesse, era incompatível com uma sociedade livre. [O aparato até] poderia derrotar os terroristas, mas acabaria se voltando contra o povo americano.

Os ‘Arquivos do Twitter’ deixam poucas dúvidas sobre a realização da previsão de Codevilla. A questão que agora enfrentamos é se o povo americano e seus representantes eleitos irão revidar. O destino da república repousa nesta resposta.

 

*John Daniel Davidson é editor sênior no Federalist. Seus artigos foram publicados no The Wall Street Journal, Claremont Review of Books, The New York Post etc.

 

 

Traduzido por Telma Regina Matheus para Vida Destra, 25/02/2023.                                  Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail  mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus

 

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Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus