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Os Democratas* se tornaram uma séria ameaça à República
Fonte: The Federalist
Título Original: Democrats Have Become A Serious Threat To The Republic
Link para o artigo original: aqui!
Publicado em 27 de junho de 2022
Autor: David Harsanyi
*N.T. – Atenção: o termo Democratas, citado no título do artigo, refere-se aos ativistas do partido americano Democrata, alinhado à esquerda e à extrema esquerda.
Para a esquerda, a ‘democracia’ não é mais somente um eufemismo para ‘políticas que eu quero’; é uma crença em um sistema que existe fora dos limites da Constituição.
Aqueles que buscam destruir ou deslegitimar a Suprema Corte por defender a Constituição não são melhores do que os que desejam anular ou deslegitimar eleições presidenciais. De fato, eles provavelmente significam uma grande ameaça de longo prazo à “democracia” americana.
Agora, se você acredita que a alegação acima é hiperbólica, observe que muitos esquerdistas não estão simplesmente apoiando o aumento de membros da corte ou a anulação da decisão no caso Dobbs; eles justificam esses ataques com uma litania de outras queixas em relação à ordem constitucional.
Mesmo que a Suprema Corte abdicasse de seu poder e devolvesse a questão do aborto – que não é mencionada em nenhum lugar da Constituição – aos eleitores, uma horda de políticos e graduados em jornalismo, ignorantes dos fundamentos básicos de cidadania ou que os desprezam, apareceriam com avisos histéricos sobre o fim da “democracia”. Quase nenhuma de suas objeções se fundamenta em algum tipo de argumento legal sobre a alegada constitucionalidade de exterminar seres humanos indesejados. Ao contrário, o foco de sua militância está na ideia equivocada de que a corte boicotou a vontade dos eleitores ao não mais impor a política do aborto via determinação judicial.
A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, que, neste ponto, em praticamente nada difere da liderança do Senado ou dos autoritários que escrevem no Washington Post, enfatizou que sete dos nove juízes da corte “foram indicados por um partido que, em 30 anos, não venceu em votação popular mais do que uma vez”; que um dos assentos [na corte] “foi roubado”; e que “vários mentiram ao Congresso para garantir suas nomeações…”
Nenhuma dessas alegações é verdadeira. Cada juiz da corte, incluindo aqueles que os Democratas antecipadamente difamaram como pervertidos, a fim de sabotar a legitimidade da corte, foram nomeados pelo método constitucional prescrito, e que é usado por qualquer partido. E cada senador que votou pela confirmação desses juízes o fez usando o único processo legal disponível. O “voto popular” não é uma coisa real.
Quando os Democratas vencem no Senado e na Casa Branca, eles têm o poder de nomear e confirmar qualquer juiz que queiram. Mas, aparentemente, eles também acreditam que, quando vencem apenas na Casa Branca, ainda estão autorizados a ditar quem os Republicamos devem confirmar (como foi o caso de Merrick Garland). E quando estão completamente fora do poder nacional, eles simplesmente rejeitam a legitimidade dos juízes não alinhados com seus padrões inventados, transformadores e extra constitucionais. Os Democratas ameaçam cada vitória da oposição como duvidosamente conquistada.
“Os Pais Fundadores redigiram uma constituição elaborada para evitar a tirania da maioria”, diz o ex-conselheiro de Barack Obama, David Axelrod. “Mas, o que acontece quando há a tirania da minoria trapaceando o sistema para promover uma agenda radical que despreza a vontade da maioria, sob o pretexto do constitucionalismo?” Afirmações similares foram repetidas, no fim de semana, em todo o espectro de especialistas da esquerda.
Axelrod, bem ao estilo Obama, levantou a questão. O fato, porém, de o Colégio Eleitoral não se alinhar ao “voto popular” não é um aspecto desqualificador da política americana, este é o ponto central. Se o Colégio Eleitoral estivesse sempre sincronizado com o resultado das contagens nacionais democráticas da inexistente votação direta, ele não teria razão de existir. Não se trata de uma brecha; é um mecanismo criado deliberadamente, que impede que um punhado de estados domine a política. (Não só a votação nacional é imaterial, como também não temos realmente nenhuma ideia do que seria uma [votação nacional], porque os candidatos (vencedores) não buscam aumentar o placar nos grandes estados; eles fazem campanha nacionalmente.)
Contudo, eu realmente me pergunto qual a solução que Axelrod ou Ocasio-Cortez tem em mente para solucionar este suposto problema. Deveria o Partido Republicano abdicar da presidência em favor de um Democrata sempre que não vencer o inexistente “voto popular”? Deveriam os senadores Republicanos de estados menores ignorar seus eleitores e pedir permissão a Elizabeth Warren para apoiar indicados ao Judiciário? Isso me parece um governo de partido único.
Além disso, cabe mencionar que a falta de uma legislação nacional sobre alguma questão não é “tirania da minoria”. Isso é federalismo. Não há outro modo de manter livre e autônoma uma nação diversificada – em termos territoriais, geográficos, étnicos, culturais e religiosos. É por isso que existem os poderes enumerados.* É também por isso que a esquerda progressista crescentemente radical está obcecada em se livrar do instrumento da obstrução, a única coisa que guarda algum vestígio de limitação legislativa ao poder federal. As únicas pessoas que se referem ao federalismo como “governo da minoria” são aquelas que, para começo de conversa, acreditam que os americanos precisam ser “governados”. Na verdade, a corte não impediu que Illinois crie suas próprias políticas de aborto. É Axelrod que quer que a corte obrigue, por decreto, uma política de aborto em estados como o Mississippi.
*[N.T.: Poderes enumerados: também citados como explícitos, expressos ou delegados. São os poderes listados no Artigo 1, Seção 8 e em outras partes da Constituição dos Estados Unidos, os quais definem os poderes do Congresso e do governo em geral.]
Os Democratas querem que a Suprema Corte – que foi criada para adjudicar a constitucionalidade das leis, de forma isenta de pressões políticas – siga as pesquisas de opinião pública. A única maneira de podermos saber, verdadeiramente, como os eleitores se sentem sobre o aborto é submetendo o tema ao processo democrático. Se o caso Roe, uma decisão legal, é popular, isso é irrelevante – embora não surpreenda que a maioria dos americanos, após décadas de apoio midiático ao aborto, pouco saiba sobre ele. Porque, em algum momento, os eleitores decidirão o que é mais radical: se a nova posição do Partido Democrata – aborto sob demanda e financiado pelo governo, até o último instante da gestação, ou a posição de estados como o Mississippi, que proíbe o aborto [de crianças] após 15 semanas [de gestação].
Quando a Suprema Corte fabricou o “direito” constitucional ao aborto em 1973, o movimento pró-vida não prometeu desmantelar o sistema; em vez disso, passou 50 anos criando um movimento intelectual e político que restaurasse os limites constitucionais adequados. Eles votaram para presidentes que prometiam nomear juízes originalistas e elegeram senadores que os confirmariam. Se você está infeliz com essas regras, você é livre para propor emenda à Constituição. Mas, para a esquerda contemporânea, “democracia” não é mais só um eufemismo para “políticas que apoiamos”; é uma crença perniciosa com a qual os Republicanos têm a obrigação de conviver em um sistema político que existe fora da Constituição. E um sistema com dois conjuntos de regras é insustentável.
David Harsanyi é editor sênior no Federalist. Harsanyi é colunista conhecido nacionalmente e autor de 5 livros – o mais recente, Eurotrash: Why America Must Reject the Failed Ideas of a Dying Continent.* Seu trabalho é publicado na National Review, no Wall Street Journal, Washington Post, na Reason, no New York Post e em várias outras publicações.
*[N.T.: Em tradução livre – Eurolixo: Por que a América deve rejeitar as ideias fracassadas de um continente moribundo.]
Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 02/07/2022. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus
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