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Quando a América corporativa estimula um PayPal, não há como escapar do gulag digital

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Seguimos com o nosso compromisso de trazer até vocês, todos os sábados, artigos sobre temas relevantes, publicados pela imprensa internacional, e traduzidos pela nossa colaboradora, a jornalista e tradutora profissional Telma Regina Matheus. Apreciem!

 

Quando a América corporativa estimula um PayPal, não há como escapar do gulag digital

 

 

Somente leis que penalizem legalmente empresas privadas, como o PayPal, por violarem direitos constitucionais dos americanos poderão abolir o gulag digital.

 

Fonte: The Federalist

Título original: When Corporate America Pulls A PayPal, There’s No Escaping The Digital Gulag

Link para o artigo original: aqui!

Publicado em 12 de outubro de 2022

 

Autora: Helen Raleigh

 

Na semana passada, o PayPal publicou um novo Acordo do Usuário que permitiria à empresa debitar até USD 2.500 da conta de qualquer usuário que se envolvesse em “atividades restritas”, incluindo a propagação de “desinformação”.

O anúncio foi muito criticado, inclusive por um dos cofundadores do PayPal, David Marcus, que tuitou: “O novo Acordo do Usuário do PayPal vai contra tudo em que acredito. Uma empresa privada agora decide que pode pegar o seu dinheiro se você disser alguma coisa da qual ela discorde. Insano.” O provável futuro proprietário do Twitter, Elon Musk, tuitou em resposta: “Concordo”.

Muitos usuários furiosos postaram screenshots deles próprios encerrando suas contas PayPal em protesto contra a política anti-liberdade de expressão, fazendo com que a hashtag #BankruptPaypal [algo como PayPal falido] atingisse os trend topics [da mídia social]. Aparentemente, a reação adversa foi forte o bastante para que, no domingo, o PayPal recuasse em sua política, alegando que o novo acordo do usuário “fôra divulgado com erros” e que a empresa não puniria usuários por propagarem desinformação.

Dito isto, as pessoas que valorizam a liberdade de expressão não devem declarar vitória. O PayPal reverteu apenas parcialmente sua política. A empresa ainda multará os usuários em até USD 2.500 por outras ofensas listadas em seu acordo do usuário, incluindo atividades que, presumivelmente, promovam “ódio” e “intolerância”. Afinal, o PayPal tem uma longa história de rotular, como “discurso de ódio” e “intolerante”, qualquer fala que se oponha à ideologia identitária.

No mês passado, o PayPal, sua subsidiária Venmo e o Google se uniram para banir as contas dos Gays Against Groomers*, acusando o grupo de violar seus acordos do usuário, sem fornecer provas [da violação]. O grupo Gays Against Groomers é “uma coalizão de gays que se opõe à sexualização, doutrinação e medicação de crianças” e que, declaradamente, combate a realização, em escolas, de eventos de contação de histórias por drag queens.

*Em tradução livre, algo como gays contra aliciadores de menores.

No mesmo mês, o PayPal também encerrou várias contas no Reino Unido, entre elas, as contas do Free Speech Union e de seu fundador, Toby Young. A organização e Young são conhecidos pela luta contra a cultura do cancelamento e por defenderem acadêmicos que criticam o transexualismo. Além de banir um grupo de pais, o UsForThemUK – que brigou para manter as escolas abertas durante os lockdowns –, o PayPal confiscou seus recursos financeiros. Um dos cofundadores do grupo disse: “É extremamente difícil não concluir que motivações políticas baseiam esse cancelamento de uma organização que, de algum modo, ofende o PayPal”.

Você não precisa concordar com as perspectivas de alguém que foi banido para, então, ficar preocupado com a abordagem anti-liberdade de expressão do PayPal. E apesar de, no momento, todos os olhos estarem voltados para o PayPal, a plataforma de pagamentos online não é a única empresa identitária que busca regular o discurso em nome da conformidade ideológica.

Big Techs, como Facebook e Twitter, expulsaram das plataformas muitas vozes das quais não gostavam, inclusive a do ex-Presidente dos Estados Unidos. Para a maioria das pessoas, ser banido da mídia social não acarreta muitas consequências na vida real; por isso, as empresas têm recorrido, cada vez mais, à imposição de encargos financeiros aos dissidentes.

No ano passado, a Amazon baniu o livro de Ryan Anderson, When Harry Became Sally: Responding to the Transgender Movement*, citando a política da empresa de barrar, em sua plataforma, obras “inadequadas e ofensivas” e de “discurso de ódio”. Entretanto, a Amazon continua vendendo livros como, por exemplo, Minha Luta de Adolf Hitler. Considerando que a Amazon controla 80% da distribuição total de livros nos Estados Unidos, a expulsão do livro digital custou a Anderson uma significativa perda financeira, além de ter calado sua voz “na maior livraria do mundo”.

*Em tradução livre, Quando Harry se tornou Sally: uma resposta ao movimento transgênero.

Como enfatizou outra escritora, Abigail Shrier, o efeito aterrador da ação da Amazon é que “muitos livros extraordinários, agora, deixarão de ser escritos; não serão comercializados caso a distribuição da Amazon tenha a mínima dúvida [sobre eles]”.

Em fevereiro [de 2022], a plataforma GoFundMe encerrou uma conta que apoiava o Comboio Canadense pela Liberdade e se recusou a liberar os USD 10 milhões arrecadados em nome do grupo. O Comboio pela Liberdade protestava – na capital do país, Otawa – contra a obrigatoriedade da vacina da Covid, imposta pelo governo canadense. O GoFundMe justificou sua ação alegando que “os relatos de violência e outras atividades ilegais” violavam os termos de serviço da empresa, embora a mídia corporativa, como o New York Times, não tenha conseguido especificar um único incidente violento instigado pelos caminhoneiros. Como não puderam acessar esse dinheiro, os caminhoneiros não puderam comprar a comida e o combustível necessários para sustentar seu protesto durante o inverno rigoroso.

Enquanto confisca ativos legais do pacífico Comboio pela Liberdade, o GoFundMe continua permitindo a arrecadação de fundos para campanhas como, por exemplo, Black Lives Matter NYC to engage in ‘civil disobedience and disruption’  [algo como “Vidas Negras Importam, cidade de Nova York: pelo engajamento na ‘desobediência e ruptura civis’]. O GoFundMe não parece se importar com a desordem política e menos ainda com a violência, desde que conduzidas pelas linhas ideológicas apropriadas.

No mundo digital, pensar e agir fora da caixinha da ortodoxia identitária resultarão, muito provavelmente, num exílio no gulag digital, onde você não poderá prover seu sustento nem falar o que pensa. Empresas como PayPal, Amazon e GoFundMe estão trabalhando para garantir esse resultado.

O gulag digital de hoje compartilha o mesmo objetivo de seus predecessores de tijolos e cimento. A meta é silenciar a dissidência e impor a conformidade ideológica. Embora o gulag digital ainda não cause extremo dano físico, suas penalizações financeiras causaram dificuldades reais para aqueles que foram punidos. O medo de ser enviado ao gulag digital fez com que muitas pessoas adotassem uma postura rigorosa de autocensura.

O recente recuo parcial do PayPal em sua política de censura provavelmente não impedirá que outras empresas identitárias penalizem as pessoas por expressarem ideias das quais discordem. Inúmeras empresas americanas de grande porte se tornaram as principais potencializadoras da ideologia identitária. No mês passado, American Express, Mastercard e Visa anunciaram que rastrearão as vendas das lojas de armas de fogo, um movimento que muitos proprietários de armas e defensores do direito à autodefesa afirmam que perseguirá a venda legal de armas.

Juntas, esses 3 empresas controlam mais de 90% do volume de compra por cartão de crédito nos Estados Unidos, portanto, é razoável admitir que, muito em breve, essas empresas seguirão o comando da Amazon e do PayPal e imporão políticas de “controle de armas” ao se recusarem a processar pagamentos de lojas de armamento.

Os americanos que amam a liberdade podem tentar boicotar essas empresas identitárias, mas a onipresença delas deixa poucas alternativas disponíveis. Somente leis que penalizem essas empresas privadas por violarem os direitos constitucionais dos americanos poderão abolir o gulag digital. Mas não espere que um Congresso americano controlado por Democratas tome alguma providência quanto a isso.

Nossa única esperança para refrear empresas identitárias é eleger, em novembro, uma maioria Republicana para o Congresso. A controvérsia do PayPal é só mais um lembrete de quão altas estão as apostas nas eleições de midterm.

 

Helen Raleigh, CFA*, americana, é empreendedora, escritora e palestrante. Ela é colaboradora sênior no Federalist. Seus artigos são publicados em outras mídias nacionais, incluindo The Wall Street Journal e Fox News. Helen é autora de vários livros, entre eles, Confucius Never Said [Confúcio nunca disse isso] e Backlash: How Communist China’s Agression Has Backfired [Contra-ataque: Como a Agressão da China Comunista Falhou].

*CFA: certificação internacional que habilita o profissional a atuar como analista financeiro e de investimentos.

 

 

Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 22/10/2022.                                  Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail  mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus

 

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Telma Regina Matheus Jornalista. Redatora, revisora, copydesk, ghost writer & tradutora. Sem falsa modéstia, conquistei grau de excelência no que faço. Meus valores e princípios são inegociáveis. Amplas, gerais e irrestritas têm que ser as nossas liberdades individuais, que incluem liberdade de expressão e fala. Todo relativismo é autoritarismo fantasiado de “boas intenções”. E de bem-intencionados, o inferno está cheio. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail: mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus