QUEM ESSE POVO ACHA QUE É?

Quem esse povo acha que é, para ousar discordar da ordem reinante nesse país desde o dia 15 de novembro de 1889?

Por que agora ele se acha no direito de se rebelar contra o nosso poder de persuasão e todas as coisas que nós já definimos que seriam assim desde Gutemberg?

Por qual razão esse povo decidiu tomar as rédeas do próprio destino, ignorando o que sempre lhe dissemos? Como ousa fazer o que não queremos que faça?

Quem esse povo acha que é, para levantar-se contra nossos privilégios, poder e benesses que já recebemos há tanto tempo, mesmo sem precisarmos ser honestos ou estar ao lado da verdade.

Quem esse povo acha que é, para decidir não querer mais ser roubado, enganado, ludibriado. Como pode uma coisa dessas?

Quem esse povo acha que é, para querer que um governo que ele mesmo elegeu faça a vontade dele e não a nossa?

Quem esse povo acha que é, para se levantar contra os fortes e poderosos? Contra nós, que sempre fomos donos desse país.

Quem ele pensa que é, para tomar as rédeas e decidir o próprio destino, nos ignorando e fazendo chacota de nós?

Por que esse povo não preferiu manter tudo como estava? Por que não continuou acreditando no que lhe dizíamos?

Como esse povo ousa fazer uso da democracia, que nós sempre dissemos que era o governo dele, mas que nunca permitimos que ele governasse.

Quem esse povo acha que é, para exigir de nós que façamos a sua vontade ao invés da nossa, que a bem da verdade, foi sempre o que fizemos sem nunca dar ouvidos a ele?

Quem esse povo acha que é, para se achar no direito de marchar contra nós e denunciar nossos desmandos, planos macabros de poder eterno, corrupção, conluios nefastos, oligarquias e associações criminosas?

Como esse povo ousa?

Esse povo é aquele que acredita e marcha por um país melhor, mais seguro, mais justo e menos corrupto, apesar de vocês.

Dia 15 eu vou, e você?

Espero que tenha gostado da crônica, caro leitor.

Obrigado pela leitura! Eu fico por aqui! Até breve!

Dica de livro: Democracia: o Deus que falhou, Hans-Hermann Hoppe

João Alves, para Vida Destra, 06/03/2020
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