Se o Pentágono sair ileso por financiar o aborto sem se submeter à aprovação do Congresso, isso não vai parar por aí
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Se o Pentágono sair ileso por financiar o aborto sem se submeter à aprovação do Congresso, isso não vai parar por aí
O Departamento de Defesa existe para defender o país, e não para gastar incontáveis milhões [de dólares] em procedimentos médicos polêmicos
Fonte: The Federalist
Título original: If The Pentagon Gets Away With Funding Abortion Without A Vote In Congress, It Won’t Stop There
Link para o artigo original: aqui!
Publicação: 28 de setembro de 2023
Autora: Elaine Donnelly
O senador Tommy Tuberville tem se mantido firme em sua determinação de suspender os subsídios do Departamento de Defesa [DoD] para financiar viagens de mulheres que querem abortar [seus bebês]. A forte reação contra seu posicionamento não surpreende, mas a vilania direcionada ao Republicano do Alabama sugere que a controvérsia envolve bem mais do que o aborto financiado pelo contribuinte.
Em 20 de outubro de 2022, o secretário de Defesa, Lloyd Austin, enviou um memorando que oferecia generosos subsídios – em termos de licenças médicas e viagens – para mulheres e famílias de militares em busca de aborto em outros estados. Para frear a ação unilateral de Austin, Tuberville impôs um “bloqueio” nas confirmações em bloco de nomeações e promoções do quadro de funcionários do Departamento de Defesa.
Os críticos acusam Tuberville de prejudicar a segurança nacional, porém, como Tuberville recentemente provou, seu bloqueio não impede a confirmação de nomeações individuais. Os dois partidos políticos, historicamente, usaram essa opção legislativa de “pesos e contrapesos” para atrasar ou derrubar propostas do Poder Executivo.
Aumentam os ataques a Tuberville
A determinação de Tuberville levou líderes a surtarem com fúria desproporcional. O porta-voz da Segurança Nacional, John Kirby, proferiu um discurso acalorado exaltando o “dever fundamental e sagrado” do Pentágono de subsidiar abortos. Em seguida, um trio de importantes líderes civis condenou Tuberville em um artigo de opinião e em uma entrevista conjunta à CNN.
O secretário da Marinha, Carlos Del Toro, acusou o senador Tuberville de “ser cúmplice de um [governo] comunista” e de “fazer roleta-russa” com as vidas dos militares. O secretário da Força Aérea, Frank Kendall, reclamou dos “insultos” de um coronel chinês que criticou a nossa democracia.
De acordo com o Politico*, apenas “um pequeno número” de mulheres militares solicitou auxílio para despesas de viagens relacionadas a aborto. O membro do Comitê das Forças Armadas do Senado, Roger Wicker (Republicanos-Mississipi), perguntou ao secretário de Defesa, Lloyd Austin, em uma carta, se eram exatos os relatos de que “aproximadamente 12 mulheres” usaram o programa de viagens para fins de aborto.
*[mídia jornalística, https://www.politico.com/]
A força militar da América não depende de mulheres militares abortando seus bebês. E o Senado pode confirmar, posteriormente, os indicados que mereçam ser nomeados. Então, o que explica os implacáveis ataques pessoais a Tuberville?
Muito dinheiro e políticas de gênero
Considere o seguinte. Se Austin conseguir se safar ao subsidiar o aborto sem a aprovação do Congresso, os ideólogos do Pentágono e os ativistas externos não vão parar por aí. Os mesmos funcionários que se engajaram de bom grado na campanha do governo a favor do aborto até o nascimento exigirão “acesso” a outros serviços controversos, considerados “medicamente necessários”.
O memorando de Austin usou as palavras-chave “acesso” ou “acesso a cuidados de saúde reprodutiva”, ou seja, aborto, sete vezes em três páginas. A Instrução 1300.28 do DoD, que expandiu as regulamentações do Departamento de Defesa em relação ao pessoal identificado como transgênero, usou a palavra “acesso” ao chamado “atendimento de afirmação de gênero” 17 vezes em 22 páginas.
Não é difícil prever aonde os ativistas e os “especialistas” altamente remunerados do Pentágono querem chegar com isso. A menos que o Congresso intervenha, os subsídios de viagem do DoD para fins de aborto abrirão um precedente para mais despesas não autorizadas pelo Congresso. Isso incluirá generosas licenças e auxílios-viagem para adultos e crianças que buscam “cuidados de afirmação de gênero’ em outros estados.
A ideia não é nova. Algumas empresas privadas – como Indeed, Intuit, Netflix e Starbucks – oferecem benefícios de viagens e garantia de “cuidados de afirmação de gênero” para seus funcionários. Se o DoD estender, aos militares e suas famílias, subsídios similares para viagens e tratamentos, isso criará um imenso e novo mercado para os fornecedores desses serviços.
Isso talvez explique por que 155 membros do Congresso – um grupo regular de ativistas LGBT de esquerda – assinaram uma carta exigindo que os membros do Congresso – aqueles que estão trabalhando na Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) para 2024 – removam todas as proibições sobre o uso de recursos financeiros do Departamento de Defesa para tratamentos transgênero. A carta menciona especificamente as seções da NDAA da Câmara, as quais proíbem o financiamento por meio do seguro TRICARE ou do Exceptional Family Member Program (EFMP)* para crianças que recebem intervenções de “afirmação de gênero” (incluindo mutilação genital e castração química), em estados onde foram legalizadas.
*Em tradução livre: Programa para Familiares com Necessidades Especiais.
Segundo o The Daily Caller, o Departamento de Defesa já usa discretamente os recursos do EFMP para custear despesas de viagem de pais que buscam intervenções médicas para seus filhos transgênero. Em resposta, o deputado Ralph Norman (Republicano-Carolina do Sul) patrocinou com sucesso uma emenda à NDAA, para proibir o Departamento de Defesa de usar os recursos do EFMP para “procedimentos de transição de gênero”.
O deputado Matt Rosendale (Republicano-Montana) patrocinou uma medida que impede a cobertura do TRICARE para terapias hormonais e cirurgias de negação de sexo, que consta do projeto de lei pendente, e o deputado Ronny Jackson (Republicano-Texas) apresentou outra medida, que foi aprovada na Câmara, para pôr um fim aos subsídios do DoD para viagens a propósito de aborto.
Se os congressistas removerem essas cláusulas da NDAA, nada impedirá os subsídios unilaterais do Departamento de Defesa às viagens para fins de abortos, intervenções transgênero “medicamente necessárias” e cirurgias, para adultos e crianças que cruzarem as fronteiras estaduais.
Priorização de militares transgênero
Os principais beneficiários desses recursos serão organizações como, por exemplo, a Planned Parenthood, e instalações médicas financiadas pela extremamente rica J.B. & M.K. Pritzker Foundation.
A jornalista investigativa Jennifer Bilek relatou que a bilionária família Pritzker e entidades filantrópicas relacionadas promovem “identidades sexuais sintéticas”, conhecidas como SSI, despejando milhões [de dólares] em grupos LGBT, incluindo alguns que aconselham autoridades do Pentágono sobre políticas transgênero.
O Pentágono não está informando os atuais gastos relacionados às políticas de Biden, mas um comitê de especialistas do [então] governo Trump, que avaliou os custos das políticas transgênero implementadas durante o governo de Barack Obama, relatou um aumento de 300% nos custos médicos de 994 militares da ativa diagnosticados com disforia de gênero.
O comitê também descobriu que alguns comandantes tiveram que desviar verbas operacionais e de manutenção para pagar as viagens de militares da ativa que, para obter tratamentos e cirurgias especializadas de “transição”, viajaram por todos os Estados Unidos.
Um novo relatório do Government Accountability Office (GAO)* revelou condições de vida precárias e inseguras nos quartéis militares, mas o Pentágono provavelmente dará prioridade ao “sacramento” do aborto e às tentativas onerosas de obter identidades sexuais sintéticas.
[GAO: órgão governamental responsável por auditar as contas do governo federal.]
O Departamento de Defesa existe para defender o país, e não para gastar incontáveis milhões [de dólares] em procedimentos médicos polêmicos. Se Tuberville recuar em relação aos subsídios para aborto, logicamente surgirão demandas por despesas de viagem e licenças médicas para os militares em busca de tratamentos e cirurgias de negação de sexo, para si mesmos ou para seus filhos dependentes.
Tuberville precisa continuar firme, o Congresso precisa apoiar o projeto de lei pendente e Austin precisa rescindir, sem mais delongas, os subsídios ao aborto que desencadearam o impasse da confirmação [de nomeações].
Elaine Donnelly é presidente do Center for Military Readiness [em tradução livre, Centro de Prontidão Militar], uma organização de políticas públicas, independente, que reporta e analisa questões militares e sociais.
Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 30/09/2023. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus
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