Humilhada, ofendida, desrespeitada, criminalizada e alvo de machismo. Isso tudo em um só dia contra uma idosa de 62 anos de fala mansa, calma e respeitosa. Podia ser a mãe ou avó de qualquer cidadão, que nessa condição também estaria revoltado com o que fizeram com a Drª Nise Yamaguchi na CPI da Pandemia.
Sem dúvida, esse foi um dos piores momentos que essa CPI exibiu ao Brasil. Até senadoras de oposição se incomodaram com a forma como aqueles homens brancos, ricos e arrogantes se dirigiram a ela, com interrupções constantes, desdém e deboche, só porque não ouviam o que queriam da boca dela. Detalhe, ela era uma convidada, e não uma investigada. Mas nem investigados e criminosos confessos recebem esse tipo de tratamento em interrogatórios.
A coisa foi tão grotesca que até a Folha de São Paulo publicou matéria relatando os excessos cometidos na reunião. Avançaram o sinal, pegaram pesado e isso depõe contra os objetivos dessa CPI e o caráter de vários de seus membros. Não importa se o que ela falava não era verídico ou impreciso – e não era – o que ficou evidente é que se aproveitaram da sua evidente fragilidade ao falar para descarregarem nela todo o seu ódio político contra Bolsonaro e seus apoiadores.
Isso é tão verdade que com a Drª Mayra Pinheiro eles não tiveram nem a chance de chegar a esse ponto de grosseria, pois ela falou de maneira firme, desafiou quem tentou intimidá-la e colocou os machões nos seus lugares com argumentos técnicos e científicos. Se impôs de forma brilhante e talvez isso também tenha deixado os chacais babando à espera da Drª Nise. Basta comparar as duas oitivas.
O que mais revolta é que praticamente ninguém da grande mídia ousou manifestar repúdio com a situação. Não há solidariedade dos ditos movimentos feministas que sempre acusam o tal do manterrupting – quando um homem interrompe uma mulher – em favor da mulher Drª Nise. Apenas imaginemos se metade disso acontecesse com alguém que fosse simpático ideologicamente a esses grupos.
O grupo Médicos Pela Vida divulgou nota de repúdio à CPI da Pandemia (leia aqui). Mas falta um posicionamento do Conselho Federal de Medicina, pois o que aconteceu, em última análise, foi uma agressão à toda a classe. A Drª Nise é uma médica oncologista e imunologista com mais de 40 anos de profissão, com especializações no exterior e uma vasta experiência no atendimento aos pacientes na ponta. E isso foi totalmente ignorado por alguns ignorantes.
Esse fato apenas comprova o caráter odioso e político dessa CPI, dominada por senadores de oposição, que já não disfarçam a sanha acusatória antecipada contra o Governo Federal, ao passo que ignoram até hoje os desmandos do Covidão que, sem dúvida, contribuíram muito para a ineficiência do combate à pandemia nos Estados que receberam recursos federais para tal.
Não podemos continuar sendo pautados, censurados e perseguidos por gente que deveria estar presa respondendo por seus crimes ao invés de estarem posando de justiceiros num circo que é cada vez mais deprimente e vergonhoso.
Portanto, que a minha indignação seja a mesma de todos que ainda prezam pela democracia, pelo respeito ao contraditório, sobretudo quando se trata com pessoas que não são acostumadas à toxicidade do debate público que prevalece hoje.
Saul Christos, para Vida Destra, 02/06/2021 Sigam-me no Twitter, vamos debater o meu artigo! @saulchristos
Crédito da Imagem: Luiz Jacoby @LuizJacoby
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Exatamente isso Saul, um total desrespeito a pessoa humana, esse é o retrato do nosso parlamento atualmente.
Depois reclamam do descrédito que políticos tem atualmente.
O Conselho Federal de Medicina nunca foi notável em se posicionar. É composto por pessoas que não demonstram coragem moral nas horas cruciais da vida médica no Brasil.
Tenho 39 anos de formado, médico, e nunca ví os conselheiros ou a instituição trabalharem pelo plano de carreira de seus inscritos, nunca os ví falarem sobre os contratos precários ou sobre as condições de trabalho no Brasil profundo. Da mesma forma, enquanto o PT desmantelava a saúde, desabilitando 40.000 leitos em 10 anos de seu desgoverno, mais uma vez os conselheiros se mantiveram calados. São membros da “prudência e sofisticação”.
Se não fosse obrigatória a minha inscrição, jamais faria parte desta agremiação de covardes.
Desrespeito, arrogância, ignorância, são alguns dos substantivos que podemos a atribuir a esses senadores bandidos. É angustiante acompanhar uma profissional brilhante como a dra Nise ser tratada da forma que foi. Foi nojenta as palavras infames daqueles senadores.