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Você não está louco. A nova esquerda está realmente em guerra com a realidade
Fonte: The Federalist
Título Roriginal: You’re Not Crazy. The New Left Really Is At War With Reality
Link para a matéria original: aqui.
Publicado em 1º de fevereiro de 2022
Autor: Mike Gonzalez
Em debates sobre a teoria crítica de raça e outras manifestações de políticas identitárias, os americanos são confrontados com uma forma de marxismo particularmente virulenta, que alguns chamam de marxismo cultural. Seus adeptos pensam que podem criar uma nova realidade, pois, em linhas gerais, eles não acreditam na natureza objetiva. Conservadores engajados no importante debate sobre a exata proporção da lei natural e dos direitos naturais precisam manter o foco e não se deixar distrair por seus oponentes declarados que negam a existência de ambos [os aspectos].
Muito a grosso modo, o grupo da lei natural enfatiza o “bem comum” da sociedade, enquanto o lado dos direitos naturais enfatiza as liberdades individuais. Eles, porém, têm problemas maiores do que essa divergência.
Os adeptos da nova esquerda não têm tempo para verdades fundamentais, e creem que a estrutura conceitual de cada era é o que cria a realidade. O homem pode assimilar os fenômenos naturais por meio dos sentidos, mas só pode compreender o mundo por meio dos conceitos prevalentes da sociedade.
Crença marxista
Marxistas acreditam que os que estão no poder criam essa superestrutura perceptiva. “As ideias dominantes em cada era sempre foram as ideias da classe dominante”, escreveu o próprio Marx no “Manifesto Comunista”. Max Horkheimer – o neocomunista que liderou a Escola de Frankfurt nos anos 1930 e 1940, e que foi o primeiro a falar da Teoria Crítica – foi, como de hábito, mais prolixo, porém disse essencialmente a mesma coisa.
“O poder do entendimento humano saudável, ou senso comum … é condicionado pelo fato de que o mundo dos objetos a ser avaliado é, em larga medida, produzido por uma atividade que é, ela mesma, determinada pelas muitas ideias que ajudam o indivíduo a reconhecer esse mundo e a compreendê-lo conceitualmente”, escreveu Horkheimer em um ensaio introdutório de 1935.
Para a teoria crítica de raça, uma mutação americana da teoria crítica, essa poderosa estrutura conceitual é a supremacia branca. De fato, a primeira tarefa da CRT [Critical Race Theory], escreveram os editores da coletânea de ensaios de 1995 – que serve de regramento da teoria (ao que eles se referem como “O Grande Livro Vermelho”) –, é “entender como um regime supremacista branco e respectiva subjugação das pessoas de cor foram criados e sustentados na América”.
Isso está incorporado aos “assuntos ordinários da sociedade”, escreveu Richard Delgado em sua cartilha bem mais concisa sobre CRT.
O homem cria a realidade
A implicação óbvia disso é que, se você eliminar a estrutura conceitual – pronto! você mudará a natureza e a realidade. Horkheimer afirma que isso é o que acontece em cada passagem de era histórica: “Há conexões entre as formas de julgamento e os períodos históricos. Uma rápida indicação mostrará o que isso significa. O julgamento classificatório é típico da sociedade pré-burguesa: é assim que é e o homem nada pode fazer quanto a isso. … A teoria crítica sustenta: não precisa ser assim; o homem pode mudar a realidade” (itálico acrescentado para ênfase).
A partir daí, podemos extrapolar por que os membros dessa nova esquerda acreditam que o homem pode mudar de sexo, algo que apenas lhe foi “atribuído” no nascimento: sendo ateus e materialistas, eles acreditam que o homem é onipotente. As coisas não são o que são porque Deus ou a natureza assim as criou. As coisas são o que são porque nós as concebemos assim. O homem cria a realidade.
Na cabeça deles, isso transforma a filosofia e a teoria. A filosofia estuda a verdadeira natureza das coisas, mas, como não há uma verdade fundamental, a filosofia se torna o motor para criar uma nova realidade.
O próprio Marx, mais uma vez, foi o início disso, ao escrever em 1843: “Até agora, os filósofos só interpretaram o mundo de várias maneiras; o que importa é transformá-lo”. Cinco anos mais tarde, ele acrescentou ao Manifesto: “O comunismo abole as verdades eternas, abole a religião, abole a moral”.
A meta da CRT é desmantelar a sociedade
Cerca de um século e meio mais tarde, Derrik Bell, da Universidade de Harvard, o padrinho da CRT, escreveu: “No meu ponto de vista, a teoria crítica de raça reconhece que a revolução cultural começa com uma avaliação radical da cultura”. Os trabalhos da CRT se disseminam por meio de chamados à “desconstrução teórica” e similares.
Estes são os verdadeiros inimigos daqueles que querem conservar o que a América tem de bom (ou seja, os conservadores). Eles [os inimigos] veem toda a sociedade americana como uma narrativa hegemônica opressora, que deve ser destruída e substituída por uma contranarrativa. “Eu acredito que todos nós temos que trabalhar para prosseguir com a destruição do princípio organizador desta sociedade”, declara Alicia Garza, fundadora do Black Lives Matter [Vidas Negras Importam], uma força que já provocou muita destruição cultural.
Porém, no final de 2020, começou a surgir uma força de oposição: os pais. “Não demorou muito para que os pais de todas as raças entendessem que seus filhos estavam sendo doutrinados em uma ideologia repulsiva. Desde o início da implementação da CRT no nível escolar, uma genuína resistência dos pais agitou o cenário”, escreve Abe Greenwald em um artigo para o Commentary sobre a contra-revolução.
Conservadores não podem se esquecer do inimigo em comum
As brilhantes mentes conservadoras engajadas no debate intelectual sobre o futuro do conservadorismo não podem se esquecer dessa outra luta contra nossos inimigos em comum.
Em um dos lados do debate conservador, (e isto é extremamente simplista) estão alguns dos que acreditam que a ênfase deve estar na lei natural (os preceitos eternos que governam a ação humana); de outro lado, estão os que enfatizam os direitos naturais, ou direitos individuais, que o homem possui devido à sua natureza.
Como me disse recentemente Melissa Moschella, da Universidade Católica, ambos os lados estão interconectados. Temos o direito natural à livre expressão porque nossa natureza nos permite falar, mas também porque a liberdade de expressão é um pré-requisito para a descoberta da verdade, um aspecto do desenvolvimento humano. Nossa natureza também nos permite cometer assassinato, mas não temos o direito de exercer essa capacidade porque isso contraria a evolução humana e, portanto, infringe a lei natural.
Essas distinções, posso assegurar, se perderam em Marx, Bell ou Garza.
Tenho bons amigos e mentores nos dois lados do debate conservador. Eles são inteligentes, patrióticos e corajosos. Suas questões realmente importam. Porém, vamos nos lembrar de quem são os verdadeiros inimigos da verdade fundamental, em vez de ficarmos imersos em debates internos sobre princípios teológicos, como fizeram os Bizantinos em 1453, quando os Otomanos já estavam nos portões.
*Mike Gonzalez, pesquisador sênior da Angeles T. Arredondo, na E Pluribus Unum, The Heritage Foundation, atuou quase 20 anos como jornalista – 15 dos quais fazendo reportagens na Europa, Ásia e América Latina. É autor do novo livro “The Plot to Change America: How Identity Politics Is Dividing the Land of the Free”. [A trama para mudar a América: como as políticas identitárias estão dividindo a Terra da Liberdade]
Traduzido por Telma Regina Matheus, para Vida Destra, 12/02/2022. Faça uma cotação e contrate meus trabalhos através do e-mail mtelmaregina@gmail.com ou Twitter @TRMatheus
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