Bom… segundo o estamento, todo conservador é um extremista maluco terraplanista, medieval, fanático e adorador de teorias conspiratórias (muitas já se realizaram). Pois então, partindo dessa premissa “suave” e “inclusiva”, faz-se necessário abordar um tema de uma outra forma já que está na moda o tal do: E se…? (Do inglês What If – série da Marvel no streaming Disney+).
Então, vamos lá!
“E se”… os 85 bilhões de dólares em equipamentos e armas deixados para trás nas mãos do regime Talibã trouxerem desdobramentos até então impensáveis?
Antes, torna-se fundamental descrever o que sejam estes 85 bilhões de dólares, para que tenhamos a real noção do tamanho do desastre gerado pelo governo de Joe Biden. Seguem dados do Departamento de Defesa dos Estados Unidos:
– São 22.174 mil jeeps Humvee;
– 634 veículos blindados MII7;
– 155 veículos MxxPro;
– 169 tanques MII3;
– 42 mil veículos pick-up trucks e SUVs;
– 64.363 metralhadoras;
– 8 mil caminhões de transporte;
– 162.043 rádios;
– 16.035 óculos de visão noturna;
– 358.530 rifles de assalto;
– 126.295 pistolas;
– 126 canhões de artilharia;
– 33 helicópteros MI 17;
– 33 helicópteros UH 60;
– 60 aviões de transporte C-130;
– 23 aviões Embraer Super Tucano.
Confira alguns destes itens nesta matéria da BBC ou neste link do canal Terça Livre.
Para se ter uma ideia, segundo o departamento de defesa do governo do Brasil o ano de 2021 está com um orçamento atualizado no valor de 80,69 bilhões de REAIS. Ou seja, tio Biden “doou” para um regime instável e altamente violento 442 bilhões de reais em armas e equipamentos ou, praticamente, o orçamento de 6 anos de toda a verba de defesa do estado brasileiro, com seus mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados para serem protegidos.
O famoso site de rankeamento de potências militares, o Global Firepower (https://www.globalfirepower.com/) , listou o Brasil como a décima potência mundial em defesa. Porém, mesmo sabendo da credibilidade desse site, seremos mais precavidos seguindo as análises do canal “Hoje no Mundo Militar”. Esse canal usa outras prerrogativas e filtros mais realistas e, mesmo assim o Brasil fica bem colocado. Porém, tio Biden, parece que gosta de dormir um bocado e, nestas de roncar pelos salões da Casa Branca, o mínimo que podemos dizer é que ele pegou no sono e, quando acordou, o Talibã se transformou em uma potência bélica tão ou mais forte que nosso Brasil.
Aqui estamos falando da elite militar do mundo. Segundo a ONU (Organizações das Nações Unidas), atualmente, existem 193 estados-membros. O regime fundamentalista teocrático islâmico, baseado na Sharia (corpo da lei religiosa islâmica), cujos conceitos remetem a práticas rigorosas que mesclam religião e direito e que, pelas ações do governo do partido democrata americano, se transformou em uma das maiores potências bélicas do mundo entre estes quase duzentos países afiliados a ONU. Afinal, se grupos radicais conseguem articular um ataque em solo americano, derrubando dois arranha-céus, porque não conseguiriam pilotar um helicóptero Black Hawk ultramoderno?
Mas o Talibã não é a Al Qaeda e são super moderados, não é mesmo?…
Algumas informações mostram que uma certa quantidade de equipamentos, aviões e helicópteros foram danificados para que o Talibã não os utilizasse. Ufa, que alívio?! Só que não.
Aqui surgem dois problemas a se questionar. Uma óbvia negligência com o patrimônio público, já que o orçamento militar é financiado pelos impostos do cidadão americano; além disso, o que fica em terras afegãs, funcional ou não, é uma clara exposição de tecnologia exclusiva estadunidense que será atentamente estudada por nações rivais como Rússia e China.
Na semana passada, em coletiva à imprensa, congressistas americanos responsabilizaram o presidente Joe Biden, já prevendo que essas armas, um dia, poderão ser usadas como um novo 11 de Setembro, rememorando o doloroso ataque às torres gêmeas (Edifício World Trade Center), na cidade de Nova York.
Além disso, eles ficaram com informações, registradas por impressão digital e leitura ocular, de afegãos que ajudaram os Estados Unidos na estada dos americanos no Afeganistão durante 20 anos (Confira neste link). Mas fiquem tranquilos, pois, como reportado pela jornalista da BBC News, Yalda Hakin, em ligação do Talibã à emissora, o porta-voz do novo regime acalmou a todos dizendo: “Não haverá vingança!” (Veja aqui).
Mas “e se”… essa nova potência militar seguir a sua natureza revolucionária e gestar essa fortuna bélica da maneira como costuma conduzir, ainda mais agora de posse desse poderio todo?
Para começar, os Talibãs não são modelo de gestão pública. Originários de agrupamentos e etnias diversas, ligados por princípios teocráticos, não se vê grandes empreendimentos e modelos econômicos partindo desse regime.
Em um bom mineirês, muito provavelmente, eles ficarão com o que “dão conta”. Administrarão essa gigante massa militar até o limite de seu poder de gestão e contingente. O resto (e bota resto nisso) será vendido à revelia no mercado negro, no prático “quem dá mais”. Não se espantem se, nos próximos anos, as armas americanas começarem a brotar em algumas repúblicas africanas, pequenos países da América Central, narcomilícias mexicanas e colombianas e até nos morros do Rio de Janeiro.
Ora, e aqui destacamos o óbvio: aparte todos os desdobramentos mundo afora, agora, o Oriente Médio virou um barril de pólvora com o estopim acesso.
O mundo ficou mais inseguro! Entretanto, apesar de se saber o porquê dessa afirmação, é neste momento que vem a turminha oportunista da foice e do martelo que dirá: “Está vendo como arma é perigoso!”.
Antes, como resposta, em uma lógica de zeros e uns, respiramos fundo, torcemos o pâncreas e educadamente, questionamos: até uma bala soft na boca de uma criança torna-se perigosa – E vamos combinar que falta muito equilíbrio emocional e maturidade para alguns que carregam o poder de implodir o mundo.
Mas “e se”… o tio Biden não apenas dormiu?
E se o tio Baden, deliberadamente deixou (digamos) o barco correr ou, em melhor e mais realista metáfora, deixou o avião decolar. Se isso aconteceu, o mundo ganhará novos contornos.
É importante lembrar que, na matéria do Washington Post, do dia 24 de agosto de 2021, é revelada uma reunião, até então secreta, entre o governo Joe Biden e os Talibãs, para a entrega do país ao grupo fundamentalista. O resto são os fatos, quando vimos, estarrecidos, o caos que imperou no aeroporto de Cabul, naquele histórico dia 15 de agosto de 2021.
Nunca, em toda a história, houve uma explícita transferência tão significativa (e sem custos) de um poder bélico de uma nação para outra. Desta maneira, a longo prazo, esse “generoso presente” para agrupamentos e “estados” instáveis tornará o mundo em algo ainda mais melindroso e cheio de bebês chorões (o que de fato já o é), mas com o inconsequente poder de brincar de evaporar comunidades inteiras.
Mas “e se”…. isso acontecer, como o mundo reagirá?
Ora, posso garantir que virão os paladinos do equilíbrio e da temperança, vendendo suas ideias bonitinhas, em caixinhas de soja vegana, dizendo que o mundo precisa mudar. “Que é necessário criar mais uma administração mundial para solucionar os incansáveis problemas bélicos que, “magicamente”, apareceram nos últimos anos, e que a humanidade carece de uma mudança de paradigma para salvar as pobres almas sofridas e indefesas deste mundo mal e descontrolado”.
Mas “e se”… tudo que eu falei foi uma grande bobagem e esses 85 bilhões de dólares em armamentos, na verdade, não impactar nem um pouquinho no equilíbrio mundial?
Aí você poderá ficar tranquilo, já que a “ciência” confirmou que o aquecimento global destruirá a humanidade nos próximos 5 anos. Porque isso, sim, é muito mais plausível.
Adriano Gilberti, para Vida Destra, 08/09/2021. Sigam-me no Twitter, vamos debater o meu artigo! @adrianogilberti
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Excelente análise! Sempre lúcido e sagaz em suas colocações.