Aos amigos leitores, que já se habituaram a acompanhar meu trabalho para Vida Destra, confesso ruborizado que estou sem muita inspiração em tempos de Covid-19, quarentena e todas as questões que os circundam. Às vezes, fico imaginando o trabalho daqueles que vão editar os programas de retrospectiva/2020. É certo que estarão enfarados, mas cumprirão, bem ou mal com o compromisso de mostrar ao seu telespectador, algo que já passaram o ano assistindo ao vivo e a cores. Portanto, resolvi ousar, e peço escusas ao leitor que está acostumado com análises ponderadas, mas hoje, excepcionalmente, fujo do estilo sisudo que o analista político carrega consigo.
Quando criança, ainda no primário , a minha querida Professora Maria José, lançou em sala de aula, uma das matérias preferidas na Língua Portuguesa, a análise sintática, que consistia em identificar os elementos de uma oração. A partir de então, passei a brincar e identificar o sujeito e predicado em qualquer que fosse a frase. Com o passar do tempo, outras disciplinas, outras matérias, outras tarefas, a análise sintática me servia para acompanhar músicas, inclusive resolvi estudar francês como sozinho, analisando a belíssima canção de Jaqcues Brel, “Ne me quite pas” , sem a menor sombra de dúvida, a canção que mais me marcou, pois pude dar vida a uma vida, de fato vivida, não era simplesmente uma peça do autor, e confesso que a situação de Jacques Brel, um bon vivant belga em solo francês sofrendo as agruras do abandono, me comoveu sobremaneira, mas voltemos ao Brasil e as nossas agruras!
Ontem, assisti estarrecido, ao episódio da Sra. Silvana Tavares Zavatti sendo arrestada em praça pública em Araraquara SP: estava solitária, sentada, sem incomodar quem quer que seja. Durante a reprodução do vídeo, veio em minha cabeça, involuntariamente, uma canção muito famosa e muito cantada na década de 70. O autor é e sempre foi um expoente da velha esquerda brasileira, detentor de vários clássicos, ícone da música popular brasileira, embora fanho, um intérprete de relativo prestígio no mundo latino. A canção? Geni e o Zepelim. O autor? Chico Buarque.
Tive a malograda ideia de fazer análise sintática da canção de Chico Buarque, e encontrei tarefa das mais difíceis. Quem era o sujeito? A Geni. Mas a Geni era um travesti ou uma prostituta? Não se sabe se Genivaldo atendia sob a alcunha de Geni, enfim! Quem era o comandante do Zepelim?
Após muito analisar, já sabendo que a canção fora centenas de vezes, estudada, e ainda não se tem um consenso, consegui enquadrar os personagens, mas agora, só me comovo com o desfecho.
O zepelim é o STF, o comandante, o Ministro Alexandre de Moraes, a Geni, o Sr. João Agripino, não por coincidência, prefere ser chamado pelo seu nome de guerra, Dória.
Acreditando que a vida humana é mais importante que a economia, o Ministro Alexandre de Moraes, numa absorção digna de um comandante viçoso, impediu o Presidente da República em sustar o teratológico decreto idealizado por Dória e utilizado por outros governadores. Dória, envaidecido como a cortesã preferida do comandante, mas com a garra do travesti Genivaldo, impôs sua vontade, enclausurando seu povo. Mas a hora de o Zepelim voltar a flutuar está por vir e enfim, voltará aos braços de suas dezenas de sujeitos, de tudo que é nego torto… dos cegos, dos retirantes… é a rainha dos detentos! Ela dá pra qualquer um, maldita Geni! Joga pedra na Geni!
Para concluir, especialmente para os mais novos, a canção tinha um significado, que resumo aqui, a Geni, seria o Brasil, o Zepelim gigante, as Forças Armadas, e todos aqueles que se deitavam com Geni, o povo brasileiro, mas conforme dito no início, eu quis ousar, e locupletar a ideia de Chico Buarque, que enquanto houve censura, no intuito de driblar os seus censores, produziu uma obra magnífica, mas hoje não passa de animador do Bonde do PT.
Vai, Geni!
https://www.youtube.com/results?search_query=geni+e+o+zepelim
Max Miguel, para Vida Destra, 15/4/2.020.
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Bom dia! Perfeita analogia. Uma pergunta: você estudou no Fernão? É que se refere a uma professora: Maria José, nossa professora nos idos de 1960.
Bom dia, Dalva! A professora Maria José, é do Colégio Pitágoras, de Belo Horizinte, na década de 80. Obrigado pela leitura!
Permita-me discordar.
Geni hoje é o Presidente Bolsonaro, O Zeppelin é a máquina governamental e o comandante, é claro, a esquerda brasileira. Com uma diferença. O próprio comantante está posando de salvador. enquanto que Geni continua sendo apedrejada.
O comandante do Zeppelin não sossegará enquanto não alcançar o objetivo principal, que é a aniquilação da Geni, a qualquer custo, deixando que a população pereça sob os efeitos de uma pandemia amplificada pelos seus ideiais de destruição.
O problema é que a munição das armas do Zeppellin está mofada, Os seus tiros não mais surtem efeito. Fazem um grande ruido parecido com panelas batendo, mas só isso. O povo ainda quer a Geni. O povo precisa da Geni.
ótimo artigo Max.
???? muito bom! Parabéns, amigo!