Demorei um pouco mais do que o habitual pra escrever esse texto. Não só porque me faltava inspiração, mas pelo fato da semana estar estranhamente pesada. Desde as passeatas do último dia 01 de maio, em que os brasileiros (falou-se em 25 milhões) foram às ruas, dando ao presidente uma espécie de ‘salvo conduto’, o clima no país está denso.
Vários são os fatores que eu poderia descrever aqui, começando pela famigerada abertura da CPI da Covid-19, que aparentemente está tendo um uso muito mais político – no sentido de palanque, mesmo – cheio de discursos vazios e uma tentativa desesperada de se onerar o governo como único responsável pela condução ao combate à pandemia, do que propriamente investigativo.
Há também o eterno ativismo judicial – tão falado aqui e causando insegurança jurídica – e que, dessa vez, vem do próprio legislativo, que continua sendo subserviente aos seus próprios interesses. Vede a derrota hoje (05), na CCJ, do projeto de lei que restringiria a ação do STF no congresso.
Com tanta gente jogando contra, fica difícil pensar em uma luz no fim do túnel. Não dá pra esperar muito de uma classe que, com mais privilégios que deveres, simplesmente trata até mesmo seu eleitor com um desdém que tira completamente a vontade de continuar acreditando em dias melhores.
Que o brasileiro tem a fé no seu DNA, todo mundo sabe. Que a esperança é a última que morre, também. Mas que ninguém se sinta culpado quando bate o desânimo. Porque em alguns momentos, só a corda bamba é o que nos resta.
O show tem que continuar, mesmo quando não há plateia assistindo. Ou quando os palhaços somos nós. Mesmo com tudo o que nos cerca tentando nos derrubar – e nos fazer chorar.
“Dança, na corda bamba de sombrinha, e em cada passo dessa linha, pode se machucar…”
(O bêbado e a equilibrista, João Bosco e Aldir Blanc).
Lucia Maroni, para Vida Destra, 07/05/2021. Sigam-me no Twitter, vamos debater o tema! @rosadenovembroo
Crédito da Imagem: Luiz Jacoby @LuizJacoby
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O ativismo judicial é, em minha opinião, o maior câncer do Brasil.
Excelente texto Lúcia.
Neste primoroso artigo de @rosadenovembroo s/arte de andar na corda bamba, realmente não sei se com inúmeros fechamentos de empresas e com brasileiros comendo até gatos, como em Araraquara, o show possa continuar.