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A Crisálida Comunista

A crisálida é o estágio de pupa ou intermediário entre a larva e o inseto adulto, característica por sua metamorfose até chegar à condição de borboleta. E aqui, sem rodeios faço uma relação direta entre a crisálida e o perene e intencional status de metamorfose do comunismo.

Em 1923, Ludwig von Mises (membro da Escola Austríaca de Pensamento Econômico) já havia discorrido em seus estudos a grande fragilidade do pensamento econômico marxista descrito no livro “O Capital”, e como a realidade tornava a práxis comunista algo tão utópico. Se a estatização dos meios de produção gerava uma estagnação do mercado pelo simples fato de não existir a livre iniciativa de construir ou gerar riqueza, tal ausência de mercado gerava a inexistência dos preços e, por consequência, a nulidade de um cálculo de preços e uma impossibilidade de se fazer economia.

Antônio Gramsci, percebeu que não seria pela economia que as bases sólidas da sociedade tradicional ruiriam, mas ao contrário, tornava-se necessário atingir a supra estrutura social para determinar o destino econômico de um povo. Ou seja, atingir em profundidade os alicerces judaico-cristãos determinantes no planeta. Temos aí uma das primeiras tentativas da larva comunista em se cristalizar numa pupa. Vale lembrar que, no estado de crisálida, o inseto pouco se move, o que deixa esta associação ainda mais interessante, pois o comunismo adotou em vários momentos uma postura reflexiva para o seu remodelamento.

Paralelo à crisálida gramsciniana, na década de 1930, o já Instituto para Pesquisa Social, hoje conhecido como Escola de Frankfurt, ganhava destaque como grupo dissidente marxista que questionava o comportamento fundamentalista de seus seguidores. Sendo assim, por seus pensadores Max Horkheimer, Theodor Adorno, Jûrgen Habermas, Herbert Marcuse, Friedrich Pollock, dentre outros, pretendiam uma nova concepção do entendimento do comunismo no mundo. Novamente temos uma metamorfose gerando mais uma cabeça da Hidra.

A influência da Escola de Frankfurt nos Estados Unidos, e sua estadia em Columbia na América por alguns anos até seu retorno a Alemanha, produziu uma comunidade intelectual americana disposta a metamorfosear mais uma vez a já desgastada Internacional Comunista, manchada por anos de intensa repressão e assassinatos em massa nos países do leste europeu, Ásia, África, bem como no ovo da serpente, a extinta União Soviética.

Desses “filhos” americanos afins aos preceitos da revolução russa, temos o início da “New Left” criada na década de 1960, principalmente por David Horowitz. Novamente, a larva comunista apressou-se em buscar sua cômoda crisálida que sempre encubava seu desejo de mundo perfeito no campo das ideias, mas quando transferida das longas pautas, reflexões e ensaios filosóficos do idealismo para o campo prático, via de regra o caminho para a hegemonia sempre chegava aos excessos e totalitarismo, impondo um conceito que nada tinha de natural ou expansivo às características inerentes de sobrevivência e ordenação do homem.

Vale destacar, que anos depois de criar a “New Left” David Horowitz, decepcionado com a postura beligerante de seus companheiros de luta socialista, trocou de lado transformando-se em um conservador e opositor ferrenho aos ideais comunistas.

Outro exemplo de mais uma tentativa de reestruturação das insistentes teorias comunistas, surgiu com o continuador de David Horowitz, o senhor Saul Alinsky e seu desejo de refinamento dos conceitos já desenvolvidos pela nova esquerda americana. Cria-se com Alinsky, as tão populares ONGs e o fracionamento das demandas humanas com seus grupos politicamente organizados.

No Foro de São Paulo, em 1990, depois de aceito o fracasso socialista no leste europeu com a queda do Muro de Berlin, Luís Inácio Lula da Silva aliado ao ditador cubano Fidel Castro, criou novamente uma crisálida comunista na América do Sul.

Encubamos, por assim dizer, esses trinta e um aos de uma experiência programática e executada à exaustão na América Latina. Não precisamos aprofundar nas consequências que este projeto causou aos povos dos países afetados.

Desta forma, o comunismo se reconstrói ano após ano, pupa após pupa. Outros casos poderiam ser citados acerca das ditas “dissidências” marxistas que nada mais são do que uma tentativa de consertar o que começou estragado. Como simples exemplo, basta observar o que antes Marx via no “lumpen proletariado” algo como descartável e incômodo para a revolução de classe, mas agora, no engajamento progressista, são justamente os lumpens (minorias segregadas da sociedade) que estabelecem a militância de esquerda atual.

Assim, como uma borboleta que não atinge grandes alturas e voa de forma aleatória, segue o comunismo de igual forma testando suas teorias na medida que o sangue de muitos inocentes alimenta suas proposições utópicas e pseudo-altruístas.

Desta maneira, o comunismo nunca pode ser definido apenas como um conceito estanque. Sua capacidade intrínseca de metamorfosear-se para sobrevida o torna sempre perigoso e confuso. E esta confusão apropriada para a teoria desconstrucionista do filósofo Jacques Derrida, é que gera a desorientação necessária para conduzir a população ao vento da idealização utópica comunista.

Como uma borboleta pode, à primeira vista, parecer graciosa, assim também o canto da sereia comunista melodia um mundo igualitário. Entretanto, nada há de extraordinário quando se observa mais próximo, e com acuidade, a bela borboleta se transformar em um simples e despretensioso inseto.

 

 

Adriano Gilberti, para Vida Destra, 14/04/2021.                                                              Sigam-me no Twitter, vamos debater o meu artigo! @adrianogilberti

 

Crédito da Imagem: Luiz Augusto @LuizJacoby

 

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4 COMMENTS

  1. Boa tarde Adriano Gilbert e parabéns pela sua estreia e pelo seu belo texto “A CRISÁLIDA COMUNISTA.” E que só vai engrandecer o nosso conhecimento a respeito das táticas e comportamentos Comunistas…

  2. Parabéns, Adriano. Excelente estreia. Talvez as borboletas não sejam o melhor exemplo. Talvez sejam os virus, pois sempre que inventamos algum remédio ou vacina para neutralizá-los, eles se transmudam e se apresentam como uma nova cepa, tão ou mais maligna quanto as anteriores.

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Adriano Gilberti – C.O da Startup Transcender Studios. Comunicólogo, Relações Públicas, Cineasta, escritor e roteirista com diversos trabalhos no cinema e teatro. Autor dos livros “Cartas para Palavra” e “Necas de Pitibiriba”. Indicado como melhor ator longa metragem 2010 com o filme "Bem Próximo do Mal" pelo prêmio Sesc/Sated. Sua dramaturgia Belatriz recebeu três indicações no prêmio Usiminas/Sinparq.