Aqui no nosso Brasil muitos dos grandes jornais, revistas e emissoras de rádio e TV trocaram as notícias pelo ativismo político escancarado, a exemplo do que ocorre em outros países.
Trocaram a notícia pela ficção.
O dicionário Michaelis nos diz sobre notícia: “Relato de fatos e acontecimentos atuais de interesse público, veiculado em jornal, televisão, rádio, revista.”
Relato de fatos, portanto opiniões não são notícias e narrativas também não são. (Confira o significado do verbete neste link).
Ainda seguindo o Michaelis, ficção: “Prosa literária criada a partir de elementos imaginários fundados na realidade e/ou elementos reais introduzidos no mundo da imaginação.” (Aqui o link do verbete).
Tempos bem outros estes de hoje, quando em boa parte da grande mídia a militância e o viés político ideológico ficam explícitos nas manchetes, e até nas notícias menores, todas pinçadas cuidadosamente e muitas vezes alteradas para servir ao fim maior, qual seja o de defenestrar a pessoa ocupante do cargo supostamente máximo da nação brasileira.
Essa parte da mídia é pragmática e atua especificamente contra Bolsonaro.
A grande imprensa repercutiu o que publicou em redes sociais a organização não-governamental (ONG) OCCRP- Organized Crime and Corruption Reporting Project, um consórcio de centros de investigação, mídia e jornalistas que operam na Europa Oriental, Cáucaso, Ásia Central e América Central.
Essa ONG elegeu o presidente Jair Bolsonaro como “Pessoa Corrupta do Ano de 2020”.
Em comunicado, o grupo diz que o mandatário brasileiro “venceu por pouco” o chefe da Casa Branca, Donald Trump, e o líder da Turquia, Recep Erdogan, devido a seu suposto papel na promoção do crime organizado e da corrupção.
Aprendemos outrora que o correto é que a primeira parte de um artigo jornalístico, conhecida como lide, com o significado de comando, introdução (do inglês lead), deve responder a: o quê (a ação), quem (o agente), quando (o tempo), onde (o lugar), como (o modo) e por que (o motivo) se deu o acontecimento central da história.
Então como uma insanidade jornalística dessas pode ser repercutida?
Não sou afeto a debitar tudo às teorias da conspiração, mas nesse caso isso não pode ser descartado.
Bolsonaro pode ser bronco, pode por vezes confundir alhos com bugalhos, meter os pés pelas mãos; mas ninguém em sã consciência pode classifica-lo de governante corrupto, a não ser que quem acusa esteja irremediavelmente mal intencionado.
O presidente disse durante a campanha que não é santo e até que já cometeu alguns pecadilhos, como de resto age a grande maioria de nós.
Isso é uma coisa, mas nada há de concreto que pudesse rotular nosso presidente de corrupto.
Os dois primeiros anos de governo, que se completam neste mês foram vasculhados com lupa e com má vontade, e ainda assim nada apareceu, muito menos corrupção institucionalizada como vimos vigorar até o final de 2018.
Não se obstrui impunemente um esquema da magnitude dessa corrupção brasileira, e todos os que se sentiram prejudicados caem de pau e viram inimigos do governo.
E não nos deixemos enganar, isto não está resolvido, o bicho está estrebuchando, mas se deixarmos ele se recupera e pode tornar-se ainda mais forte. Convém que estejamos atentos.
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, ou “Água mole em pedra dura, tanto bate até que a água desiste”.
O tempo dirá se prevalecerá o provérbio original ou se a sua variante humorística.
Então por que grandes jornais e revistas repercutem a matéria sem questionar o “por quê” e o “como”?
Porque os editores certamente se utilizam do Raciocínio Instrumental, pelo qual os fins não estão sujeitos à razão, são antes questões não racionais de emoção ou de desejo. Trata-se de tentar provar o que está predefinido, e isso tudo nada tem a ver com “fatos”, dessa forma os fins justificariam os meios.
A notícia deixa de ser o foco desse tipo de mídia, que passa a ter o objetivo de “contribuir” para impedir a atuação daquele que recebeu os votos da maior parte da nação brasileira; jornalistas que eram e pouco a pouco se transformaram em ativistas descaradamente, ou no mínimo resolveram adotar um lado.
O fato noticiado deve permitir que o leitor ou espectador se utilize dele como base para o seu raciocínio, mas o que fazem é jogar no prato do eleitor algo pronto, carregado em alguns temperos, acrescidos de ingredientes outros e já formatado para ser apenas engolido.
O prazer da leitura diária deixou de existir, já não se permite o leitor diletante
Lá pelo meio do século XIX surge a figura do Quarto Poder caracterizado pela imprensa como um órgão fiscalizador dos três poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário), e com o objetivo de denunciar violações.
A definição desse papel deu um novo status para a imprensa, que viu a partir dai ocorrer o processo de inchamento de ego. Como se diria hoje, estavam se achando!
É natural da imprensa ter autonomia para fazer o jornalismo, com sua autoridade e sem controles, mas hoje essa autonomia já não está tão presente, vez que a maioria está subordinada a grandes grupos globais, e isso torna boa parte da grande mídia como centralizadora e autocrática; e esse processo é irremediável, infelizmente.
O leitor e/ou expectador precisa estar cada vez mais atendo ao que lhe é servido no prato de notícias.
Saudades dos bons tempos, quando líamos por prazer e para nos alimentarmos de fatos!
Reginaldo, para Vida Destra, 22/01/2021. Sigam-me no Twitter! Vamos debater o assunto! @Reginaldoescri1
Crédito da Imagem: Luiz Augusto @LuizJacoby
No primoroso art. de @Reginaldo escr1 s/a grande imprensa brasileira agoniza, não tenho dúvidas disto. No entanto, a narrativa falaciosa de querem a cabeça de Ernesto Araújo a qq custo em troca de insumos p/Coronavac fez até mídia alternativa dar spoiler. Só parei de acreditar na live de Bolsonaro. A que ponto chegamos!
Excelente!
Excelente artigo!
Excelente artigo, Reginaldo. Mas creio que a “agonia” seja moral, pois o poder da imprensa, no mundo todo, foi elevado ao topo. De “quarto poder”, passou a ser “o poder”, pois a liberdade de imprensa democrática lhe permitiu se assenhorar e determinar “a verdade” sem prestar contas à sociedade. A imprensa se tornou um ente supra estatal intocável. Tempos sombrios. Orwell diria que seu “1984” se consuma agora.