No meu último artigo, abordei de forma breve um fato histórico de extrema importância, a assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, o acordo de não agressão entre a Alemanha nazista e a comunista União Soviética. Este pacto tratava de vários assuntos, entre eles a anexação e a divisão territorial da Polônia entre as duas potências. Esta divisão teve início com a invasão nazista da Polônia, ocorrida em 1º de setembro de 1939, há 82 anos.
Na verdade, a invasão da Polônia foi apenas mais uma anexação feita pelos nazistas, que nos anos anteriores já tinham anexado a Áustria e a Tchecoslováquia. E esta invasão jogou por terra praticamente todos os acordos firmados entre os países europeus após o final da Primeira Guerra Mundial, como o próprio Tratado de Versalhes, assinado entre a Alemanha e os países vencedores ao final do conflito.
De fato, a própria Polônia tinha assinado com a Alemanha, o Pacto de Não Agressão Alemão-Polonês, em 26 de janeiro de 1934. Este tratado visava normalizar as relações entre os dois países, definindo fronteiras e estabelecendo que ambas as partes se comprometiam a buscar as soluções para as suas divergências através da diplomacia, e se privavam de conflitos armados pelo prazo de dez anos, ou seja, até 1944.
Mas as ambições expansionistas de Hitler, aliadas ao seu desejo de vingança sobre os algozes da Alemanha na Primeira Guerra Mundial, levaram o Führer a descumprir os acordos e pactos firmados pela Alemanha, levando o seu país, e o resto da Europa, à uma guerra numa escala sem precedentes!
A invasão alemã da Polônia ocorreu apenas uma semana depois da assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop, e somente um dia após a ratificação do acordo pelos soviéticos. Como a Alemanha tinha um pacto de não agressão com a Polônia, e como este país era aliado da França e do Reino Unido, os alemães usaram um subterfúgio, simulando um ataque polonês contra as suas tropas, para ter a justificativa que necessitavam para violar o pacto e atacar. Esta simulação de ataque polonês feito pelos alemães entrou para a história como o Incidente Gleiwitz. Com a invasão alemã da Polônia, França e Reino Unido declararam guerra à Alemanha em 03 de setembro de 1939, dando início a Segunda Guerra Mundial.
Mesmo com os ingleses e franceses a favor dos poloneses, isso não impediu que a União Soviética invadisse a Polônia, pelo leste, em 17 de setembro de 1939. As campanhas alemã e soviética foram concluídas em 06 de outubro daquele ano, com a Polônia totalmente ocupada por nazistas e comunistas, e dividida e anexada segundo os termos do Pacto Molotov-Ribbentrop.
A ocupação alemã e soviética foi brutal, com os poloneses sendo tratados como seres inferiores. Judeus e outras minorias étnicas foram perseguidas e massacradas pelos nazistas, e escravizadas pelos comunistas soviéticos, sendo enviados para trabalhar em fábricas, fazendas e obras públicas.
Não podemos nos esquecer que ficava no sul da Polônia o complexo de Auschwitz, com vários campos de concentração, destinados a aprisionar, e depois exterminar, milhões de pessoas, em sua maioria de origem judia. Mas ciganos, comunistas, homossexuais e outras minorias, bem como opositores do regime, também foram enviados a estes campos no decorrer da Segunda Guerra Mundial.
A invasão da Polônia foi um dos passos mais importantes dados por Hitler para a implementação do seu plano de construção de uma nação germânica, baseada na pureza racial e na suposta superioridade da raça ariana. Em sua mente doentia, o ditador alemão acreditava que cabia aos alemães a condução dos destinos da Europa, e aliado a outros dois regimes autoritários e também guiados por ambições expansionistas, da Itália e do Japão, jogou o mundo numa guerra em larga escala, causando milhões de mortes e destruição sem precedentes. As pessoas só seguiram seus líderes, pois estes se apresentavam como sendo os salvadores da pátria, prometendo prosperidade e uma vida melhor a todos, caso os planos fossem bem sucedidos e os “causadores dos problemas” eliminados. Com muita retórica, belos discursos e muita propaganda, Hitler se apresentava como o legítimo defensor dos interesses do povo alemão, e assim os ideais nazistas conquistaram as massas, e os opositores foram sistematicamente silenciados.
Claro que não é possível aprofundar um tema tão denso neste espaço, mas é importante mantermos vivas as lembranças destes fatos, pois de tempos em tempos surgem líderes dispostos a adotar as mesmas posturas, com aparência diferente, mas com o mesmo propósito, a conquista do poder.
Estamos vivendo na terceira década do século XXI, mas vemos ambições expansionistas em curso; vemos o autoritarismo e a arbitrariedade crescendo; sob o pretexto de uma pandemia, vemos as pessoas comuns mais uma vez tendo os seus direitos naturais violados, tudo supostamente pelo bem da maioria, por uma “causa maior”.
Mas ao contrário do que ocorreu no fim da década de 1930 na Europa, hoje são os que verdadeiramente defendem as liberdades individuais, os direitos humanos e os verdadeiros interesses da maioria, que são chamados de “nazistas e fascistas”; são acusados de serem antidemocráticos, e são enquadrados em inquéritos ilegais, dignos de um Estado de Exceção; são perseguidos, presos e banidos do debate público; enquanto os violadores das liberdades e propagadores do medo e do caos, se autointitulam “defensores da Democracia e do Estado de Direito”, sendo aplaudidos e defendidos por aqueles que se deixaram enganar, que se tornaram a massa de manobra que no passado aplaudiu Adolf Hitler e Benito Mussolini.
Por isso é tão importante conhecermos a História, e sabermos os reais significados de termos como “nazista” e “fascista”, para não sermos enganados por discursos vazios de significado, que só têm o objetivo de manipular as massas em favor dos planos sombrios dos dirigentes e daqueles que ocupam posições de poder. Precisamos ter em mente que os homens sempre estarão em busca do poder, e para isso, muitos não terão escrúpulos, e farão o que for necessário para obtê-lo.
Só o conhecimento poderá nos ajudar a seguir em frente e superar as dificuldades. A verdade precisa ser dita e conhecida por todos. Não podemos nos dar o luxo de permitir que os mesmos erros do passado sejam novamente cometidos. Ditadores não têm lugar entre nós.
Sander Souza (ConexãoJapão), para Vida Destra, 03/09/2021.
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Crédito da Imagem: Luiz Jacoby @LuizJacoby
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