Prezados leitores:
Publicamos hoje a terceira e última parte deste excelente estudo escrito pelo economista Lívio Oliveira. Caso tenham perdido os artigos anteriores, podem acessá-los facilmente pelos links abaixo:
Continuação:
O grande economista austríaco Ludwig Von Mises (1881-1973) já previa o fracasso do experimento socialista em seu opúsculo “O Cálculo Econômico Sob o socialismo”. Nele, Von Mises afirmava que o socialismo não poderia ter êxito porque, para funcionar, precisaria do cálculo de preços. Numa sociedade socialista, não há mercado ou o mercado é clandestino. Logo, calcular os preços dos bens de produção não seria possível. Mas sem preços, não poderia existir um planejamento estatal com bases racionais. Mas, por outro lado, sem esse planejamento, não haveria socialismo. Isso foi afirmado em 1922, no mesmo ano em que surgiu a União Soviética sob a liderança de Vladimir Lênin. Setenta anos depois, quando o Império Soviético foi destruído, sob o peso de suas contradições, o mundo viu que Von Mises estava certo. Mas, para isto ser constatado, cem milhões de vidas humanas foram ceifadas no experimento socialista no decorrer do século XX. E apesar de todas essas calamidades produzidas pelas tentativas de se criar o Paraíso Terrestre sob a direção do planejamento central socialista, os utópicos igualitaristas continuam insistindo no mesmo erro, dizendo que, em uma próxima tentativa, seria tudo diferente. Como já disse o genial Albert Einstein certa vez: “Fazer as mesmas coisas esperando ter resultados diferentes é sinônimo de loucura”. E a loucura revolucionária é a essência do pensamento igualitarista de esquerda, pois quer alterar e formatar a realidade à imagem e semelhança de indivíduos que não aceitam e estão desconectados totalmente da realidade: os defensores do igualitarismo utópico. É como tentar obter a quadratura do círculo, ou misturar água com óleo.
O bem e o mal estão presentes e arraigados na essência do ser humano. Isso está escrito na Bíblia. Na metáfora da queda do primeiro casal, assim que eles comem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, esses dois aspectos antagônicos passam a fazer parte da essência do ser humano, já que comer implica em fazer com que o alimento torne-se parte da constituição do ser. Não existe essa estória do bom selvagem, como propôs Rosseau. O selvagem, mesmo aquele que ainda não teve contato com a civilização, tem o mal e o bem dentro de si da mesma forma que o homem dito civilizado. Suas ações e obras, portanto, trarão a marca da imperfeição, do erro e do pecado. Nenhuma ideologia ou utopia tem o poder ou a capacidade de arraigar, remover ou extirpar o mal da essência do ser humano, tornando-o completamente bom. Somente a Graça de Deus, por meio da fé no Sacrifício Vicário de Cristo Jesus, tem o poder de fazer isso, regenerando o ser humano e tornando o capaz de realizar boas obras que glorifiquem ao seu Criador.
O ser humano, restrito pela sua imanência e pela sua finitude, consegue abarcar e manipular apenas uma franja extremamente limitada do conhecimento disponível, o qual, aliás, dobra rapidamente em espaço muito curto de tempo e que está se acelerando cada vez mais. Por mais brilhante que seja a utopia, jamais irá alcançar instalar o paraíso na terra por suas próprias forças, pois o ser humano é pecador, falho, limitado, imanente e imperfeito. Somente Deus é Onisciente e Transcendente. Somente o Grande Criador tem a exata noção do que cada ação sua trará como resultado. Por isso Seus Planos são perfeitos e se realizam exatamente de acordo com o modo como foram idealizados. Já os planos humanos, por mais lógicos e inteligentes que pareçam, não tem essa capacidade. E quando se tratam de planos com fundamentos equivocados e premissas erradas, como é o caso dos planos utópicos igualitaristas, já que atentam contra a própria natureza do ser, que em si mesma prima pela diversidade e pela diferença, os resultados dos mesmos serão mal sucedidos.
Isso foi brilhantemente exposto pelo teólogo Aurélio Agostinho de Hipona (354-430), conhecido como Santo Agostinho, em sua obra magna A Cidade de Deus. Nela, ele traça um paralelo entre a cidade dos homens e a cidade divina. A primeira seria simbolizada nas várias tentativas, ao longo da história, de instaurar o paraíso terrestre com base apenas nas paixões, nas vontades, nos impulsos, nos instintos, na racionalidade, nos desejos, nas capacidades, nas habilidades e nos esforços humanos, sem o auxílio Divino. Tais iniciativas sempre estiveram condenadas ao insucesso, já que tem a pretensão, tola e soberba, de prescindir do auxílio do único Ser que poderia resgatar e trazer de volta o antigo paraíso: o Próprio Deus. Isso é evidenciado pelo nascimento, ascensão e queda de diferentes impérios no decorrer da história humana: Império Egípcio, Sumério, Acádico, Caldeu, Assírio, Hitita, Babilônio, Medo-Persa, Parta, Sassânida, Macedônio, Grego, Romano, Mongol, Otomano, Britânico, dentre outros e, por último, o Soviético, já que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a extinta URSS, denominada pelo Presidente Ronald Reagan como o Império do Mal, foi a encarnação do totalitarismo cesariano de Roma sob feições socialistas. Todos aqueles impérios conheceram sua glória, seu apogeu, mas um dia tiveram seu fim, assim como tudo que é meramente decorrente do esforço humano. Todos eles estiveram submetidos à Segunda Lei da Termodinâmica: nasceram, cresceram em complexidade e organização, atingiram seu apogeu, entraram em declínio e, finalmente, colapsaram, deixando apenas ruínas e desaparecendo nas brumas da história. Tais impérios lutaram violentamente para se opor ao Reino de Deus, muitas vezes privando os seus súditos de um do seus bens mais preciosos, que é a liberdade, causando, com isso, a morte de milhões de pessoas, muita destruição, miséria, dor e sofrimento. Este é um conflito milenar entre a cidade do homem e a cidade de Deus. No final, a cidade de Deus terá a última palavra e o próprio Deus Eterno irá trazer o paraíso de volta. Isso foi possível pelo Supremo Sacrifício do Cordeiro de Deus, Cristo Jesus, pela humanidade. Por isso Jesus disse:
“Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (grifo meu).
Sem Mim, NADA podeis fazer. Sem Jesus, sem seu auxílio, sem sua ajuda, sem sua direção, sem sua benção e sem sua Graça serão infrutíferas e nulas todas as tentativas e esforços humanos, para resgatar o Paraíso, não importando em que medida pareça bem estruturada, atraente e lógica a ideologia.
A única coisa dada a todos de forma igualitária é o tempo. Todos compartilham de um dia com as mesmas 24 horas, com cada hora com os mesmos 60 minutos e cada minuto com os mesmos 60 segundos. Mesmo assim, a forma de uso do tempo, pelos indivíduos, é extremamente desigual. Enquanto uns usam o tempo produtivamente, criando empreendimentos, trabalhando, estudando e fazendo pesquisas que resultam em inovações tecnológicas, progresso econômico, inventos úteis e cura de doenças, beneficiando a si e à humanidade; há muitos que desperdiçam tolamente o seu precioso tempo, empregando-o, por exemplo, na construção de teorias e ideologias que só tem a capacidade de tornar o mundo um lugar muito pior e hostil à própria humanidade. Assim, mesmo que o tempo seja o único recurso disponível a todos de forma idêntica, a utilização do mesmo, por parte dos seres humanos, é também profundamente desigual, devido à diversidade de prioridades, interesses, vontades, desejos e preferências dos indivíduos. Mais uma amostra de como a desigualdade faz parte da própria condição existencial humana.
“Os homens não podem melhorar uma sociedade ateando fogo nela: precisam buscar suas antigas virtudes e trazê-las de volta à luz.“
Russel Kirk (1918-1994)
“Todo mundo pensa em mudar o mundo, mas ninguém pensa em mudar a si mesmo”.
Liev Tolstoi (1828-1910)
Lívio Oliveira, para Vida Destra, 19/04/2021. Sigam-me no Twitter! Vamos debater o assunto! @liviololiveira
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“A desigualdade faz parte da própria condição existencial humana.” Excelente, Lívio.
Grato pelo seu comentário Fábio. Deus o abençoe