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Ano Novo: Crenças, fé e a realidade

Nós, seres humanos, só podemos perceber pequenas franjas da realidade, em cada determinado momento do tempo, em cada determinado local do espaço, porque somos limitados em nossas capacidades cognitivas diante da imensidão e extensão do universo. Somos seres limitados pelo tempo-espaço. Nosso conhecimento é limitado, fragmentado e circunscrito. Somos entes limitados, finitos, imanentes, enquanto a realidade plena, a realidade total, é infinita e inabarcável à nossa limitada cognição.

Tudo que é humano é finito, provisório e limitado. Isso inclui, por exemplo, uma das vias de acesso ao conhecimento, que é a ciência. As ciências têm como ferramenta de construção as teorias, que são um conjunto de premissas que visam ao teste de determinadas hipóteses. Para ser validada cientificamente, uma teoria precisa ter suas hipóteses confirmadas por testes empíricos. Toda teoria científica é provisória. A teoria avançada de hoje poderá se tornar ultrapassada mais adiante, a depender do surgimento de novos fatos, novas hipóteses e novas descobertas, que poderão fazer surgir novas teorias científicas mais aprimoradas, mais satisfatórias na explicação de suas respectivas franjas de realidade empírica. As diversas ciências naturais, tais como a física, a química, a biologia, que são classificadas também como ciências exatas ou hard science; ou a economia, história, política, sociologia e antropologia, classificadas como ciências sociais ou soft science, ou outras quaisquer ciências, são exatamente isto: métodos com protocolos específicos e provisórios que visam à compreensão de certos espectros específicos da realidade, por meio de testes controlados pelo experimentador.

As ciências, inclusive, são influenciadas pelas crenças dos cientistas, como afirmam Karl Popper e Thomas Kuhn, teóricos do conhecimento. Nossas crenças, inclusive as dos cientistas, moldam e influem na realidade até em níveis ínfimos. Um caso interessante é do fenômeno que ocorre no experimento da dupla fenda, explicado pela Mecânica Quântica. Ao se lançar um feixe de elétrons, que são partículas subatômicas com carga negativa, que giram em torno do núcleo do átomo; sobre uma chapa de metal com fenda dupla, o observador tem a capacidade de alterar o comportamento do elétron, que pode se comportar como onda, ou como matéria, dependendo da atitude do mesmo observador. Toda vez que o observador tenta mensurar o comportamento do elétron, muda-se o comportamento deste. Quando o elétron é observado pelo experimentador, atua como partícula. Nesse caso, só uma parte dos elétrons passa pela fenda dupla. Quando não é observado pelo experimentador, o elétron atua como onda e passa facilmente pela fenda dupla. Ao se tentar medir a velocidade do elétron, a posição deste torna-se cada vez mais imprecisa. E vice-versa. Quanto mais precisa for a medição, por parte do observador, da posição, ou localização, do elétron, menos precisa será a medição da velocidade deste, sendo que o oposto também é verdadeiro. Este é o Princípio da Incerteza de Heisenberg.

Nós humanos podemos alterar a realidade circunscrita à nossa volta segundo nossas crenças, dentro de determinados contextos, parâmetros e possibilidades. Veja-se também o caso da história. O que é o processo histórico, como fenômeno da realidade existente, senão o resultado conjugado, na maioria das vezes, de um número incomensurável de decisões, ações e reações, aparentemente, ou de fato, não conexas, resultantes de crenças humanas? Por que, por exemplo, Caio Júlio César, há mais de dois milênios, atravessou o rio Rubicão com suas tropas, algo proibido pelas leis romanas, e mudou o curso da história para sempre, abrindo caminho para o surgimento do poderoso Império Romano, após uma sucessão de guerras civis que tiveram como estopim o assassinato de César no Senado Romano? As crenças de César, e suas ações, foram determinantes para que todo esse complexo drama histórico ocorresse. A propósito, já que estamos no início de um ano novo, é interessante mencionar que antes de César, os meses em Roma começavam em março. A partir da adoção do calendário [1] Juliano, que deriva seu nome de Júlio César, anterior ao atual calendário Gregoriano, os anos passaram a ter seu início no mês de janeiro, cujo nome homenageia Janus, um deus do panteão romano, que tinha duas faces: uma olhando para o futuro e outra para o passado.

Por que aconteceram tantas revoluções no decorrer da história humana, sejam elas sociais, econômicas, científicas, culturais, artísticas, etc? Por que os homens de cada época agiram conforme determinadas crenças, e mudaram a realidade existente. E assim sucessivamente. São apenas exemplos, que poderiam ser citados, dentre infinitos outros, de como as crenças humanas mudam a realidade. Isso é interferência na realidade segundo as crenças humanas. Tal processo ocorre no nível subatômico, com o elétron, em nível micro. Tal fato ocorre também no nível macro, no agir histórico dos homens, com base em crenças, alterando a realidade dos fatos, o presente e o devir.

Por um lado, em nível micro, o experimentador humano pode alterar o comportamento da matéria de acordo com a sua atitude, sua mente, seu pensamento; em suma, sua crença. Por outro lado, os seres humanos alteram a realidade histórica por suas ações e escolhas, efetuadas com bases em suas crenças. Sendo assim, imagine-se então o que a Grande Mente Universal, isto é, Deus, que é Onisciente, Onipotente e Onipresente, não pode fazer, e efetivamente faz, para mudar o quadro inteiro da realidade de sua criação, de modo que esta seja aperfeiçoada, aprimorada e melhorada cada vez mais. E assim, tendo essa premissa em mente, imagine-se então o que seres humanos, que mesmo sendo limitados, finitos e falhos; que tem a capacidade de alterar para melhor a realidade, desde que façam as melhores escolhas, podem fazer quando agem em parceria e em sintonia com o Deus Infinito, Todo Poderoso, Perfeito e Criador de todas as coisas!

Foi por meio da parceria entre Deus Infinito Todo Poderoso e seres humanos finitos e limitados que a realidade, diversas vezes, foi mudada de modo dramático. Uma parceria notável desse tipo é aquela relatada na Bíblia entre Deus e Abraão. Este foi chamado por Deus para sair de Ur dos caldeus e ir para uma terra que a ele seria mostrada. Obedeceu e atendeu ao chamado, pela fé, sem saber para onde iria. E assim se tornou o Pai da fé de todos os que creem. Tornou-se o grande Patriarca fundador do povo de Israel e ancestral de Jesus Cristo, o grande Salvador da humanidade. Foi pela fé que Moisés libertou o povo de Israel da escravidão do Egito e conduziu a esse povo pelo Mar Vermelho, cujas águas foram divididas ao meio como se fossem muralhas à direita e à esquerda, para que o povo passasse a seco.  Foi pela fé que Davi, um humilde pastor de ovelhas, um rapazinho de, aproximadamente, 17 anos à época, derrotou o gigante Golias, o temível, e até então invicto, guerreiro filisteu, apenas com uma pedra. E tantos e tantos outros exemplos poderiam ser citados, nos relatos da Bíblia, e da história, de como a fé, resultante da parceria exitosa entre Deus e o ser humano, é capaz de mover montanhas e alterar para sempre a realidade.

Que neste novo ano de 2021 nos seja concedida por Deus a fé necessária a fim de superarmos a todos os obstáculos e dificuldades em nosso caminho, fazermos as melhores escolhas, para mudarmos a realidade à nossa volta de forma positiva, encontrando soluções efetivas, eficientes e eficazes para nós e para aqueles que nos cercam.

Assim, desejo a todos um ano novo pleno, exitoso, bem sucedido, com muitas portas abertas, com novas e produtivas oportunidades, com muitas graças, luz e bênçãos do Altíssimo sobre todos vocês! Que seja um ano de vitórias, de superação de obstáculos e de muitas e grandes realizações para a glória do Eterno Deus, em nome de Jesus Cristo!

[1] A palavra calendário vem da palavra calendas, nome que os romanos davam ao primeiro dia de cada mês.

 

 

Lívio Oliveira, para Vida Destra, 06/01/2021                                                             Sigam-me no Twitter! Vamos debater o assunto! @liviololiveira

 

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6 COMMENTS

  1. No brilhante artigo de @liviololiveira sobre o ano novo, crença, fé e realidade, temos de ter esperança como no texto de @ajveiga2, mas sinto que a vaca está indo pro brejo; ou gato subiu no telhado.

  2. Ótimo artigo, @vidadestra, parabéns ao @liviololiveira, ótima reflexão, um artigo que nos direciona a misericórdia de Deus em nossas vidas, tudo que somos e temos vem Dele e sem Ele, não há alegria e nem esperança.

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Lívio Luiz Soares de Oliveira. Economista, analista pesquisador, articulista do Vida Destra