Vida Destra

Informação é Poder!

Noticias

Argentina: A bomba-relógio cambial está armada. E estes são os motivos

A forte desvalorização do peso está agravando a crise econômica da Argentina, que luta para evitar um colapso completo da moeda local enquanto enfrenta uma séria escassez de dólares e uma inflação que já passa de 108% ao ano.

A agenda econômica está no centro das discussões políticas no país, que vai às urnas em outubro para eleger um sucessor para o presidente Alberto Fernández, que já anunciou que não concorrerá à reeleição.

A situação cambial aumenta as dúvidas sobre a capacidade de a Casa Rosada proteger o peso e de evitar um novo calote da dívida, já que as reservas internacionais do país estão em níveis cada vez mais baixos.

O que está acontecendo na Argentina?

 

Não é de hoje que a Argentina tem dificuldades para manter suas reservas internacionais em níveis saudáveis, mas o drama da escassez de dólares se intensificou nos últimos meses, com a falta de investimentos estrangeiros e uma seca histórica que afetou a safra de grãos, o principal produto de exportação do país.

Dados oficiais sobre as reservas líquidas do país não são divulgadas pelo Banco Central da Argentina (BCRA) desde o fechamento de 2022. Já as reservas internacionais brutas estavam em US$ 33,6 bilhões, segundo o último balanço divulgado pela entidade nesta semana.

O problema é que grande parte deste volume está atrelado a ativos com menor liquidez, como outro, linhas de swap de crédito com a China e com o Banco de Compensações Internacionais (BIS), além dos dólares que os argentinos mantêm em suas contas de poupança.

O montante disponível é o menor desde o início do governo de Fernández, que tomou posse como presidente em dezembro de 2019. Desde o início de 2023, a queda nas reservas internacionais brutas é de US$ 10,5 bilhões, apesar dos diversos controles impostos pelo BCRA para tentar restringir as operações de compra e venda de moeda estrangeira no país.

Estimativas da consultoria 1816 Economia & Estrategia, de Buenos Aires, divulgadas pela agência “Bloomberg”, indicam que a Argentina esgotou suas reservas líquidas internacionais e já gastou um valor estimado em US$ 1 bilhão. Como os demais ativos têm liquidez limitada, isso se torna um problema para um país que precisa de dinheiro disponível para gastar de imediato.

Um porta-voz do BCRA afirmou, porém, que as estimativas não refletem adequadamente o balanço da instituição porque não leva em consideração outras fontes de financiamento, como a linha de swap cambial com a China.

Os baixos níveis de reservas contribuem para agravar a desvalorização do peso, o que tem impacto direto sobre a inflação. Em primeiro lugar, o BCRA fica sem grande margem de manobra para intervir no mercado de câmbio comprando ou vendendo dólares, como forma de proteger a moeda local. A própria escassez da divisa americana também abala a confiança na economia da Argentina, o que aumenta a volatilidade cambial.

Com a pressão cambial, a inflação na Argentina subiu 8,4% em abril na comparação com o mês anterior, disparando para 108% em 12 meses, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Esta foi a primeira vez em 20 anos que o índice de preços ao consumidor cresceu mais de 8% em um único mês.

Para os argentinos, a situação remete aos traumas causados pelo “corralito”, como ficou conhecida a decisão tomada em 2001 pelo então presidente do país, Fernando de la Rúa, de limitar os saques bancários semanais. Como reação aos novos temores, entre março e abril, a população retirou do sistema bancário mais de US$ 1 bilhão em depósitos.

O BCRA anunciou na última sexta-feira um novo conjunto de medidas para tentar reforçar suas reservas, entre elas um novo controle sobre a compra de moeda americana para importações. Segundo analistas, a restrição derrubou a demanda por dólares no mercado e contribuiu para que a instituição fechasse o dia com um saldo líquido positivo de US$ 101 milhões, o maior em quase três semanas.

Além das ações da autoridade monetária, a Argentina tem tentado outras estratégias para engordar as reservas internacionais. Fernández tornou obrigatório que os dólares obtidos por exportações fluíssem pelas contas do BCRA, aceitou novas injeções de recursos do FMI e trabalha com o Brasil para impulsionar o comércio bilateral com linhas de créditos em reais para evitar o uso da moeda americana.

No entanto, as medidas têm surtido pouco efeito para conter a crise, que deve se agravar ainda mais à medida que as eleições presidenciais se aproximam. Para analistas, é apenas uma questão de tempo para que o país fique sem dólares.

 

 

 

 

 

 

*Esta notícia pode ser atualizada a qualquer momento

*Com informações do Valor Econômico

 

Receba de forma ágil todo o nosso conteúdo através do nosso canal no Telegram!

LEAVE A RESPONSE

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *