Termos como direita e esquerda, apesar de não servirem mais precisamente ao debate político como antes, seguem em alta no atual momento de forte polarização política entre aqueles que segue diferentes lados do espectro político. Engana-se quem acha que o que separa socialistas e liberais, revolucionários e conservadores, libertários e comunistas, republicanos e democratas, ou para ser mais preciso, direita e esquerda, é apenas uma convicção de ideias, o buraco é muito mais embaixo. O que separa a direita da esquerda são, além de ideias heterodoxas umas às outras, questões básicas de moralidade, respeito aos direitos naturais de vida, liberdade e propriedade, tolerância e, principalmente, virtudes. A direita vê o homem como um ser independente, com capacidade física e intelectual de aplicar sua força de trabalho nos recursos naturais do mundo e transformá-los em novos recursos mais úteis. A esquerda vê o homem como parte de um objetivo social que muda de acordo com quem detém o poder, e para atingir esse objetivo social, que supostamente seria o bem da maioria das pessoas, vale tudo, inclusive sacrificar uma quantidade considerável de indivíduos, que acabam se tornando a maioria dos sacrificados. Tal sacrifício acaba gerando uma contradição digna de uma loucura psiquiátrica, e no mundo de hoje, em que há a tendência para o aumento do poder esquerdista através de órgãos como a ONU, em que técnicos burocratas que não foram eleitos mandam nos países, cabe à direita, composta atualmente por liberais e conservadores, realizar o serviço de cura do esquerdismo, tarefa a qual a direita tem errado ao conduzir, mas nem tudo está perdido. Vou lhes apresentar algumas das técnicas que tenho usado e obtido sucesso ao aplicar na desesquerdização de pessoas que hoje sentem vergonha de terem sido manipuladas e enganadas durante anos pelo discurso demagógico da esquerda.
Antes de começarmos, é necessário entender que há dois tipos de esquerdistas: o primeiro deles é o esquerdista em sentido estrito, ou de primeiro grau, que é o político, o intelectual, o escritor, etc, gente que vê no “bem comum” uma forma de obter poder absoluto e tirânico sobre as outras pessoas e recursos e, assim, tornar-se uma espécie de “Deus” que detém poder absoluto e é ovacionado por seus servos, como o ditador socialista da Coréia do Norte, Kim Jong Un, que fez seu povo acreditar que ele tem o poder de controlar o tempo e outras coisas humanamente impossíveis. Já o segundo tipo de esquerdista, ou esquerdista de segundo grau, como já mencionamos aqui no Vida Destra, é o estudante de universidade, o ativista político bem intencionado e o funcionário público que caíram no discurso demagógico dos esquerdistas em sentido estrito, que usam, para isso, um poderoso aparato de engenharia social difundido nas universidades públicas com os professores, nos sindicatos, na mídia, no cinema, etc. O esquerdista de primeiro grau não tem salvação, ele é a encarnação do mal no mundo e a sociedade deveria condena-lo ao ostracismo, mas como isso é praticamente impossível, uma vez que eles estão infiltrados nos meios de persuasão, devemos ocupar-nos em mostrar àqueles que foram cooptados ideologicamente por eles, isto é, os esquerdistas de segundo grau, que estão sendo usados como massa de manobra política e que, para isso, sequer consegue raciocinar logicamente como antes.
O primeiro passo é entender que o esquerdista de segundo grau, após ter sua mente lapidada e moldada, se sente como um agente do bem, o qual foi delegado a missão divina de lutar contra as injustiças sociais e econômicas usando métodos que no fundo só aumentam e promovem tais injustiças. Na cabeça dele, para realizar tal missão, ele pode contar com direitos exclusivos de matar, xingar, ofender, mentir, roubar, etc, vide o que ocorreu nos lugares em que a esquerda tomou o poder absoluto com boas intenções (Cuba, URSS, Camboja, etc). Quando você inicia um debate com um esquerdista, ele se apoia nesses direitos que só existem na cabeça dele e são exclusividade dele para justificar tudo quanto é tipo de atrocidade ou imoralidade cometida em nome do bem da minoria da vez, que pode ser os pobres, as mulheres, os índios, os negros, os homossexuais ou qualquer uma que lhe convier no momento.
O segundo passo é estudar e entender mais que eles dos assuntos que eles dizem defender. Engana-se quem acha que esquerdistas de segundo grau leram Marx, Engels, Lenin, etc, só ouviram isso de alguém que eles achavam influente e saíram repetindo como papagaios o que escutaram. Se eles não leram sobre a teoria que defendem, também não leram as teorias que refutaram as teorias que eles defendem. Ao explicar, por exemplo, que Marx falsificou as teorias de Adam Smith e David Ricardo para formular a sua famosa teoria da mais valia, é necessário, para o cara de direita, ter lido e entendido muito bem Marx, Adam Smith e David Ricardo, ao passo que o esquerdista não leu nenhum dos 3, o que nos dá muito mais trabalho, mas não é perdido, pois como dizia o escritor alemão do século XIX Lorenz Diefenbach em um de seus romances, o trabalho liberta, que no contexto do romance, um grupo de fraudadores encontra a virtude graças ao trabalho. No contexto da desesquerdização, um esquerdista deixaria de o ser graças ao seu trabalho.
Porém, para curar um esquerdista, são necessários mais esforços que apenas saber mais do que ele. O terceiro passo para esse combate é saber reconhecer as coisas boas que aconteceram no governos de esquerda contemporâneos, isso mostrará ao esquerdista que você, diferente dos outros liberais e conservadores, possui maturidade política e não é alienado porque sabe reconhecer erros, acertos e reconhecer o que foi feito de bom em governos os quais você não votou. O grande pulo do gato aqui é que algumas das boas políticas que acontecem em governos de esquerda geralmente são políticas que a direita defende. Há exemplos no contexto brasileiro: o plano real, que foi aprovado graças ao governo de Fernand Henrique Cardozo, tinha por trás uma equipe econômica, com nomes como Gustavo Franco, que discordava de tudo que a esquerda pregava na época (por isso que petistas e psolistas achem que Fernando Henrique é de direita), como os fracassados planos Bresser e Cruzado, que traziam a “brilhante” ideia de congelar preços. Outra política que não tem nada a ver com a esquerda e foi adotada por FHC e, posteriormente por Lula, foi a criação do bolsa família, ideia tida por ninguém mais ninguém menos que Milton Friedman, professor do atual ministro da Fazenda Paulo Guedes, na Universidade de Chicago. Houve, no governo Lula, além do bolsa família, medidas econômicas “de direita” que fizeram a economia crescer, como a criação do simples nacional, um novo modelo tributário que reduziu de 12 a 67% da carga tributária para micro e pequenas empresas, privatização e concessão de diversas rodovias federais, que hoje operam melhor com a iniciativa privada administrando as. Tais políticas significam que Lula e FHC eram de direita? Sob hipótese alguma. A checagem da natureza política de um governo não deve ser apenas as medidas que eles tomam, mas sim qual com quais objetivos eles a tomaram, uma vez que elas são meios para atingir um fim. Um governo de direita em sentido estrito, por reconhecer os direitos naturais como sagrados, corta impostos para respeitar a propriedade daqueles que o elegeram (e também dos que não o elegeram) e fomentar a liberdade individual. Um governo de esquerda, ao diminuir impostos, o faz com o objetivo de dar mais oportunidades aos mais pobres. Ambos os homens inteligentes, de esquerda, como Lula e FHC, e de direita, sabem que tributar empresas faz com que seus donos diminuam o número de empregados, cortem benefícios desses ou fechem. Ambos sabem que diminuindo os impostos há maior oferta de emprego e melhoria do padrão de vida principalmente dos mais pobres, mas o de direita faz isso por uma convicção moral e de valores e o de esquerda faz por uma convicção social.
O quarto ponto, que é o maior pecado da direita ao argumentar com esquerdistas, é o de ceder à ira. É até um tanto quanto justificado porque esquerdistas, com suas ideias ilógicas, tendem a ser insuportáveis quando começam a falar, e, pior, quando começam a impor às outras pessoas regras que só existem na cabeça deles, usando argumentos ad-hominen, como “homem não pode falar de aborto porque não tem útero”. Ao entrar em um debate sobre armamento, por exemplo, partindo do ponto que você está seguindo à risca os passos dos parágrafos anteriores e que você conhece do assunto (premissa básica para debater sobre qualquer tema), você não pode jamais chegar e falar: “nós temos que ter armas pra matar vagabundo e foda-se”, muito pelo contrário, fazer isso é cair na armadilha da ira. Você já se perguntou o porquê de esquerdistas serem contra o armamento civil? Pelo simples fato de que foi colocado na cabeça deles que quanto mais armas, maiores são as chances de acontecer mortes por armas de fogo. Nós, de direita, sabemos que isso é de mentira, mas eles, de esquerda, não sabem, além de sofrerem com a síndrome de vira-lata, que é a crença de que não têm e responsabilidade e capacidade de fazer determinadas coisas, como manusear uma arma, e achar que todos na sociedade são assim também. Ao invés de utilizar gritos raivosos, mostre dados estatísticos sobre como a aquisição de armas por civis diminui o número de mortes por armas de fogo, isto é, como a aquisição de armas por civis atinge o objetivo que o esquerdista defende, de redução de morte por armas, e estude matemática também para solidificar sua argumentação, pois contra fatos até podem ter argumentos, mas contra números, não há. Você não precisa ser um especialista em cálculo diferencial (claro que se for, melhor), se você souber o básico de estatística já ajuda muito, até porque o Brasil é o país com o maior número de analfabetos em matemática segundo o teste internacional do PISA. E nada de usar termos complexos, trate o esquerdista como se ele fosse uma criança com dificuldade de aprendizado, então use palavras das mais simples possível, explique quantas vezes forem necessárias alguns conceitos específicos que podem surgir na argumentação e ele não sabe, como o desvio padrão da estatística, seja paciente e procure agir como o Ministro Sérgio Moro agiu nas inquirições na Câmara, jamais respondendo a acusações e deboches com acusações e deboches, mas sim com a mais branda cortesia. Essa tolerância melhorará sua argumentação e o maior ganhador será você.
O próximo passo, porém não menos importante, é o de não ceder à vaidade, isto é, defender seu argumento do jeito que ele é. Muitos conservadores e liberais, com medo de sofrerem retaliações, principalmente nas universidades e círculos dominados por esquerdistas, tendem a suavizar o discurso para agradar e se mostrar menos radical. Acontece que para o esquerdista, todo aquele que discorda dele é “de extrema direita radical”, então você já começa errado ao querer suavizar o seu discurso. Além disso, ao suavizar sua argumentação você passa a impressão de que não entende o suficiente do assunto e se o esquerdista percebe que você não entende de um assunto o qual você quer convencê-lo de que está errado, além de não te dar ouvidos, ele vai presumir esses argumentos como falaciosos (que, convenhamos, é o mínimo a se esperar de alguém que parece não entender o que defende) e o processo de desesquerdização irá se tornar mais difícil para o próximo que tentar. No mais, ao defender seu argumento com força, o esquerdista passará a te respeitar, pois verá que você, por ter uma opinião sólida e diferente do resto, tem capacidade de desenvolver raciocínio próprio e formular argumentos sozinho, o que ao menos o instigará a saber mais sobre suas ideias, pois as dele ele já ouve diariamente no seu círculo. Não se perder no debate também é condição essencial para debater com essas pessoas, pelo simples fato de que eles entram em contradição e incoerência a todo momento, o que, para eles, é perfeitamente normal, pois é uma derivação do superpoderes que acham que têm, mas caso você entre em contradição e incoerência, ele dará o debate como ganho e sua argumentação como falsa, então, na primeira contradição ou incoerência que você observar, não só aponte-a, mostre como o esquerdista é perverso por defender aquela tese, como ele é uma pessoa má e como ele está a anos luzes longe de atingir os objetivos com aquela tese. Bata nessa tecla até ele espernear. Um exemplo: um socialista que é socialista porque na cabeça dele, o socialismo é melhor para os pobres. Mostre para ele como países capitalistas, como Cingapura e Suíça, melhoraram a vida dos pobres e como todo e qualquer país socialista destruiu a vida das pessoas pobres, reduzindo os a miseráveis. Exemplos não vão te faltar: Cuba, Venezuela, Coreia do Norte, URSS, Camboja e caso ele aponte algum ponto bom desses países, como o lançamento de foguetes da URSS, pergunte se vale à pena condenar uma nação inteira a miséria e assassinar truculentamente as pessoas para mandar um foguete para o espaço e pergunte se o socialismo foi bom para os pobres porque tal foguete chegou lá enquanto a população toda morria de fome e era proibida, sob ameaça de morte, de deixar o país em busca de melhores condições.
Todo esquerdista é, no fundo, um intolerante. A intolerância, segundo Voltaire, é fruto de uma irracionalidade do indivíduo que deixa suas paixões cegarem a percepção da realidade e silenciarem a voz da razão. No caso do esquerdista de segundo grau, ao ser doutrinado ele se sente tão iluminado pela sua missão de “lutar a favor das minorias” que, em sua vida vazia, isso se torna a tal paixão que Voltaire mencionou que cegaria o indivíduo e silenciaria a voz da razão. Como se sabe, paixões não se vão da noite para o dia, mas sim com o tempo, depois de muita reflexão e aprendizagem e cálculo de possibilidades. Essas técnicas do artigo servem para colocar na cabeça do esquerdista tais reflexões, de modo a mostrar para ele que você, de direita, apenas pensa diferente, mesmo que você saiba que o que separa direita e esquerda é muito mais que a divergência de ideias, fazê-lo te ver como não inimigo é fundamental para o processo dar certo. No fundo, a cura do esquerdismo é um processo voluntário, que é obtido pelas reflexões que você colocou na mente da pessoa de esquerda que, se não foi corrompida totalmente, haverá grandes chances de dar espaço à luz da razão e eliminar as trevas que o esquerdismo colocou em sua cabeça.
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