Retroagindo no tempo por pouco mais de 100 anos, chegamos aos portões do final da década de 1910.
Nosso planeta vivenciava a Primeira Guerra Mundial; o automóvel ganhava seu espaço como o grande desenvolvimento tecnológico, e nas comunicações o pedestal era para o rádio, que ia alcançando e empolgando as massas.
Época de ebulição nos movimentos filosóficos, religiosos, ocultistas, e artísticos, principalmente na Europa e América do Norte; mas também por aqui, onde se avizinhava a semana de arte moderna, em São Paulo.
O fechamento dessa década trouxe ao planeta a gripe de 1918, mais conhecida como gripe espanhola (Influenza hespanhola), e que se iniciou pouco antes do final da guerra.
Essa pandemia que na realidade não teve origem na Espanha, durou pouco mais de um ano, porém ceifou as vidas de mais pessoas do que a própria Primeira Guerra Mundial que durou de 1914 a 1918 e enlutou por volta de 10 milhões de famílias.
Nessa pandemia do século XX, algumas estimativas mencionam por volta de 50 milhões de pessoas mortas; ou até 200 milhões, e só de europeus, segundo outros; assim pode ter chegado a dizimar 20% da população mundial que na época não chegava a 2 bilhões de pessoas.
Como ideia comparativa, o maior conflito bélico existente, a Segunda Guerra Mundial gerou entre 50 e 60 milhões de mortes diretas.
Não houve vacina imediata e nem medicação para estancar a pandemia, que acabou por si; se foi da forma mais ou menos como veio, provavelmente com o desenvolvimento de uma imunidade coletiva ao vírus, ao menos uma imunidade momentânea.
Cem anos depois o nosso planeta é bem outro.
A população quadruplicou e estamos beirando a 8 bilhões de passageiros nessa viagem do planeta Terra.
A tecnologia evoluiu em todos os campos, e nas comunicações então, o salto foi gigantesco.
Seria então de se imaginar que hoje estamos em situação bem mais vantajosa para enfrentar essa gripe chinesa, desculpem, essa COVID-19.
Só que não.
Essa pandemia é de alta letalidade e deixa claro o seu poder de modificar-se, dificultando o combate; parece claro que a boa informação é essencial nessa guerra.
Se no século passado as informações, quando chegavam, o faziam com muito atraso, e originadas por poucas fontes; hoje somos alimentados por elas as vezes até imediatamente, e a partir de múltiplas origens; só que não chegam só, trazem na algibeira a sua inimiga natural que é a desinformação; e chegam por vezes juntas, e em outras oportunidades alternam quem se apresenta primeiro.
A incerteza sobre a veracidade do que lemos, ouvimos ou vemos entrou no nosso cotidiano, e veio para ficar.
Frases do tipo: “não sei se é verdade, mas disseram no face…”, “não sei se é verdade, mas recebi pelo whatsapp…”, fazem parte do nosso dia a dia.
E não tem como saber se é verdade mesmo, a não ser que se pesquise, mas o volume é grande e isso toma tempo e dá trabalho; além do que nem todos podem, ou querem, ou se interessam.
Manipulações de informações sempre ocorreram, mas hoje essas deformações são mais abrangentes, profissionais e carregadas de técnicas.
Trocar as chamadas “redes sociais” pelas fontes profissionais de informação melhoram o filtro, ao menos no que se refere às distorções mais escancaradas; mas ficamos enroscados na grande armadilha em que parte da mídia nos meteu e onde acaba por confundir propositadamente “alhos com bugalhos”, quando mistura fatos com opiniões e de tal forma a parecer que a segunda seja o primeiro.
No rádio, por exemplo, alguém diz que as ocupações de UTI começam a diminuir em São Paulo, como resultado das políticas restritivas de locomoção implantadas pelo governador.
Ora bolas, isso não é fato, isso é opinião; informe apenas o que ocorre, se é que ocorre, ou deixe claro que a conclusão é opinativa; mas na realidade a ideia é mesmo de entregar o pacote fechado e embalado, prontinho para o consumo.
Aqui na outrora terra do futebol foi desenvolvido um medicamento quase que único para tratar esta pandemia do século XXI.
O grande e principal remédio para a COVID-19 é o “fique em casa”; mas ele tem uma contraindicação perigosa: pode matar de fome; e outras aparentemente menos danosas.
Esse grande fármaco abraçado por parte da mídia, de governadores e de prefeitos, não pode ser ministrado a todos; não serve para as pessoas que precisam levar o sustento para casa, e parece que no Brasil existem pessoas assim…
Está claro que o distanciamento entre as pessoas é importante; é fato que aglomerações dão vantagem ainda maior ao vírus, mas esse foi o método também praticado há cem anos.
Então não criamos nada?
Continuamos a tentar combater pandemias com as mesmas e impotentes armas?
Ainda não percebemos que pandemias são cíclicas?
O trinômio “distanciamento, máscara e álcool em gel” só teve o acréscimo do último termo, já que os dois anteriores já faziam parte das ferramentas de combate à gripe espanhola; e embora sejam importantes, não deveriam ser as únicas.
Para as televisões esse método de combate ao vírus é o ideal, possibilitando mais sofás e camas ocupados e com foco na TV, e durante quase que todo o dia, e em retribuição lançaram a nova vedete nacional, no ar há mais de um ano: a COVID-19.
E tome COVID-19; tome falta de leitos e de UTIs, tome falta de covas, oxigênio etc., etc.
Outra atração interessante são os números originados em estatísticas, com prateleiras variadas onde se pode pegar e escolher apenas o que se quer mostrar.
Se o número de mortes diminui, sempre há algum outro que aumenta alguma coisa ruim para ser apresentado.
Há mercadoria para todos os gostos e que possibilitam montar o esqueleto do tamanho que se deseje.
Já que se fala tanto em comprovação científica, parece que a ciência confirma que o medo fragiliza as pessoas, e sendo assim caminhamos em sentido inverso ao correto; caminhamos para enfraquecer a população em vez da orientação correta e preparo adequado para o combate a um inimigo invisível e poderoso.
A COVID-19 já é terrível por si, mas como “desgraça pouca é bobagem”, parte da mídia e dos políticos nacionais criou o “COVIDISMO”, onde o medo da doença também pode matar.
Reginaldo Brito, para Vida Destra, 02/04/2021. Sigam-me no Twitter! Vamos debater o assunto! @Reginaldoescri1
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Show.
Parabéns, Reginaldo!
Obrigado, André!
No primoroso art. de @Reginaldoescr1 s/Covid e Covidismo, entendo q o medo da doença é combatido c/informação como fato e não opinião. P.ex: Qtos leitos de UTI p/Covid e outras comorbidades? Como a certidão de óbito pode constar COVID c/PCR negativo. Tratamento precoce é uma balela, pq quem adotou no 1o. ao 5o dia não morreu? Não espalhe zap, vá pesquisar!
Exatamente, Santa Ritta.
Obrigado pelo comentário!