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Dia das mulheres a quem é de direito

Poderia iniciar este texto falando do conceito histórico do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Como já é sabido, a data nasceu de movimentos ligados à esquerda e tinham como propósito a igualdade de gêneros, especialmente no mercado de trabalho. Com o tempo, obviamente, o intuito não se resumiu só a isso — e temas mais sensíveis como o aborto, por exemplo, além da liberdade sexual, entraram em cena. Mas o meu objetivo, neste texto, é o de exaltar três mulheres que, cada uma à sua época e condição social, lutaram efetivamente pela construção de uma sociedade igualitária, deixando sua marca na história do Brasil.

Começo por Antonieta de Barros, nascida em 11 de julho de 1901 em Desterro (atual Florianópolis) e a primeira mulher negra eleita para um cargo público, o de deputada estadual de 1935 a 1937. Ainda em 1937, no dia 19 de julho, Antonieta presidiu a sessão da Assembleia Legislativa, sendo a primeira mulher a assumir esse cargo no Brasil. Seu mandato se encerraria com o início do Estado Novo, implantado por Getúlio Vargas.

Além de deputada, Antonieta também foi jornalista e professora. Lutou, durante sua vida pública, pela emancipação feminina e por melhores condições de educação para todos. Graças ao seu projeto de lei n.º 145, de 12 de outubro de 1948, instituiu-se o Dia do Professor, sendo hoje comemorado no dia 15 de outubro, numa alusão à primeira grande lei educacional no Brasil, sancionada por D. Pedro I em 1827. Antonieta morreu em 28 de março de 1952, aos 50 anos.

Outra figura histórica — e de quem pouco se fala — foi a imperatriz Maria Leopoldina, esposa de D. Pedro I. Nascida na Áustria em 22 de janeiro de 1797 e filha dos imperadores Francisco I e Maria Tereza, casou-se no dia 13 de maio de 1817 em Viena. Antes de se mudar para o Brasil, o que ocorreu em novembro do mesmo ano, ela aprendeu a falar o português.

Maria Leopoldina teve papel fundamental no processo que culminou com a Independência do Brasil. Como D. Pedro ainda hesitava em tomar certas decisões, ela usou da influência que tinha sobre ele não só para convencer o marido a ficar no Brasil — com o famoso “Dia do Fico” — como também foi responsável pela reunião que definiu a nossa independência, já que a carta enviada a D. Pedro culminou com o ato histórico às margens do Ipiranga, no dia 7 de setembro.

Mesmo tendo um casamento extremamente conturbado, devido aos casos de infidelidade do marido, teve 07 filhos, sendo o único menino o futuro regente D. Pedro II. Após enfrentar uma longa depressão, ela sofreu um aborto espontâneo na sua última gestação e morreu no dia 11 de dezembro de 1826, aos 29 anos.

Por fim, fazemos memória ao bicentenário de nascimento da imperatriz Tereza Cristina, que era natural de Nápoles, Itália, e nasceu no dia 14 de março de 1822. Foi esposa do imperador D. Pedro II por 46 anos, com seu casamento realizado no dia 30 de maio de 1843.

No Brasil, ela teve 04 filhos com o imperador, sendo que os dois meninos — Afonso Pedro e Pedro Afonso — morreram na primeira infância. Ficaram então as filhas, Isabel e Leopoldina. Ela era descrita pelos historiadores como uma mulher simples, que tinha um grande distanciamento das questões políticas e governamentais. Também era tida como uma pessoa acolhedora e gentil, sendo carinhosamente apelidada de “mãe dos brasileiros”.

A imperatriz também foi grande responsável pela imigração italiana no Brasil, trazendo vários profissionais de diversas áreas, a fim de melhorar a educação e a saúde no Brasil. Porém, a queda da monarquia e o consequente exílio da família real, em 15 de novembro de 1889 — e a instalação da república — fizeram com que a saúde dela definhasse ainda durante a viagem de navio a Lisboa.

Em seu leito de morte, ela teria dito a Maria Isabel de Andrade Pinto, Baronesa de Jaraguá: “Maria Isabel, não morro de tristeza, morro de dor e de desgosto (…) Não posso abençoar pela última vez o Brasil, terra linda, não posso lá voltar”. A imperatriz faleceu no dia 28 de dezembro de 1889, às 14 horas. Somente em 1921 os restos mortais dela e de D. Pedro II foram trazidos ao Brasil e sepultados posteriormente, já em 1939, na Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis.

Com méritos, o legado dessas três mulheres tão impactantes na história do Brasil permanece até hoje. E eles jamais serão esquecidos.

“Você precisa fazer aquilo que pensa que não é capaz de fazer”. (Eleanor Roosevelt)

 

 

Lucia Maroni, para Vida Destra, 11/03/2022.                                                              Sigam-me no Twitter, vamos debater o tema! @rosadenovembroo

 

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Jornalista desde 2013, formada pela Puccamp (Pontifícia Universidade Católica de Campinas)