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Histórias pessoais que a imprensa não conta

Grandes tubarões vivem cercados de pequenos peixes, porque quando se alimentam, sobra alimento para todos. Em uma analogia bem simples, as grandes indústrias são como os tubarões, cercadas de pequenas empresas que fornecem alimentos, peças e equipamentos e mão de obra especializada.

Quando a indústria vai bem, todos saem ganhando, quando não…

E este é um dos casos que contarei. Antes, uma recapitulação.

Na campanha presidencial de 2002, o então candidato Luiz Inácio prometia revitalizar a indústria naval — que, há anos, estava em baixa — e, por consequência, gerar milhões de empregos. A promessa fazia parte da equivocada premissa adotada pela esquerda, qual seja, a do Estado como “fiador” do crescimento econômico.

Acontece que esse tipo de crescimento estatal acaba por estourar nas costas do povo, já que seu financiamento é patrocinado pelo próprio trabalhador que, cada vez mais, tem que pagar impostos para bancar o Estado e toda sua mordomia. E pior, quando mal gerido, acaba como acabaram os dezesseis anos de governos petistas: empresas falidas e escândalos de corrupção.

Vale lembrar que o programa lançado em 2004, com a grande promessa de impulsionar o renascimento da indústria naval brasileira, com investimento inicial previsto de R$ 11,2 bilhões — encomenda de 49 navios e 20 comboios hidroviários a serem construídos no Brasil —, resultou, no ano de 2015, em apenas 12 navios entregues e 14 cancelados, com um prejuízo enorme, corrupção na Petrobras e vários estaleiros falidos, como o estaleiro Mauá em Niterói, no estado do Rio de Janeiro.

O caso do estaleiro Mauá, que chegou a ter 3.500 funcionários em seu pátio, sem contar os terceirizados, e que hoje está atolado em uma dívida de 1,5 bilhão, é um entre muitos que tiveram seus contratos revogados, com navios inacabados e tomados de ferrugem nos pátios, gerando milhões em prejuízo ao pagador de impostos. 

O ano agora é 2023 e, novamente, o governo Lula retorna ao programa de 2003.

A Transpetro, subsidiária da Petrobras para logística e transporte, anunciou o lançamento, em janeiro de 2024, de licitação para compra de 25 navios de grande porte como parte do novo PAC — Programa de Aceleração do Crescimento.

Porém, o que o noticiário e as manchetes não contam são as inúmeras histórias pessoais por trás desses casos, histórias de pessoas que, para o governo, não passam de estatísticas. E é uma dessas histórias que contarei agora.

Tenho um cliente e amigo que era proprietário de uma empresa de aluguel de andaimes e, com a grande atividade da indústria naval — a cidade de Niterói possuía muitos —, conseguiu um contrato para prestar serviço ao estaleiro Mauá, e resolveu investir no segmento de andaimes para a construção naval.

Passou de dois empregados de entrega de andaimes para mais de 40, nos serviços de montagem de andaimes navais, soldadores, encanadores e ajudantes. Acontece que, com os escândalos de corrupção do governo e os cancelamentos de contratos com os estaleiros, como o ocorrido com o estaleiro Mauá, acabou por ficar sem receber os honorários dos serviços prestados e, consequentemente, deixou de pagar salários, a ponto de os empregados mais exaltados, segundo soube, se reunirem em volta do galpão, à espera de que chegasse, para atear fogo no galpão com ele dentro.

Ao final dessa história, esse meu amigo, até hoje, corre atrás de receber mais de 900 mil reais do estaleiro Mauá — divida de 2014 —, deve ao governo milhões em impostos não pagos por conta do calote recebido e de empréstimos com agiotas, já que, sem crédito por conta dos impostos não pagos, teve que recorrer a eles, para saldar salários, rescisões e dívidas trabalhistas.

Esse é só um dos muitos casos de quem acreditou na velha narrativa de que investimentos públicos alavancam a economia de um país.

 

 

Adilson Veiga, para Vida Destra, 05/09/2023.
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