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Maduro, Bolsonaro e o General: rumores de guerra?

Enquanto milhões de brasileiros, alheios e alienados ao que de mais importante ocorre no mundo, se preparam para pular carnaval, ou perdem tempo assistindo e discutindo, nas redes sociais, imbecilidades como BBB e outras coisas semelhantemente grotescas, Maduro, ditador da Venezuela, está mobilizando, neste final de semana, mais de dois milhões de homens em seu país. Esse é considerado o maior exercício de treinamento militar já ocorrido na América Latina[1].

Mas o que isso tem a ver com o Brasil? Tem tudo a ver. O motivo da  gigantesca mobilização militar: intimidar o que o ditador considera seus principais inimigos externos na América do Sul, entre eles o Brasil e a Colômbia. Maduro acusa o nosso país, injustamente, sem ter nenhuma prova, de ter planejado, juntamente com a Colômbia, uma operação contra um quartel do Exército e duas delegacias na Venezuela, dia 22 de dezembro do ano passado. Esse comando clandestino foi chamado de Operação Aurora e envolveu doze militares rebeldes liderados por um oficial desertor da Bolívia. O grupo, que se autodenominou Força Armada Patriota da Venezuela, pediu apoio ao povo venezuelano para tentar derrubar Maduro e trazer de volta a democracia. Nessa incursão de guerrilha, morreu um militar venezuelano e foi roubada munição pesada, incluindo 80 fuzis, lançadores de foguetes e granadas.  Essa operação foi considerada desmoralizante para o governo de Maduro. No mesmo dia do ocorrido, o ditador acusou a Colômbia de dar treinamento aos revoltosos e o Brasil de ter participação na trama.

Cinco desses homens conseguiram fugir para o Brasil, se embrenhando na selva amazônica brasileira, em Roraima. O exército venezuelano, sem autorização alguma do governo brasileiro, invadiu a selva de Roraima na caça aos rebeldes. Estes últimos foram encontrados por patrulhas do Exército brasileiro e conduzidos a interrogatório, sobre o porquê de sua presença em terras brasileiras. Foi assim que escaparam de serem mortos pelo Exército da Venezuela. Infelizmente, um dos rebeldes que não conseguiu escapar foi torturado e morto por militares de Maduro.

Sabendo da acolhida do Exército brasileiro aos cinco revoltosos, Maduro exigiu que fossem devolvidos à Venezuela. O governo brasileiro se recusou, pois sabia que seriam torturados e mortos caso isso ocorresse. Os rebeldes pediram asilo político ao governo brasileiro. Em atitude de represália, Maduro passou a acusar, então, o Brasil, sem nenhum tipo de prova, de ter se aliado à Colômbia para desestabilizar o regime venezuelano, planejando essa operação de ataque.

A escalada de provocações ao Brasil só aumentou desde então. Maduro chegou ao ponto, em janeiro passado, de dizer que iria “quebrar os dentes” do Brasil e da Colômbia em caso de agressão militar. Mera bravata para empolgar os ânimos dos grupos liderados pelo ditador. Mais recentemente, Maduro responsabilizou o Presidente Bolsonaro, pessoalmente, de querer provocar uma guerra contra a Venezuela. Neste final de semana, foi ordenada a mobilização de 2,3 milhões de homens, incluindo militares e integrantes de coletivos civis, que receberam armas de Maduro. Esse contingente representa cerca de 10 vezes o tamanho do Exército brasileiro, que possui cerca de 220.000 militares.

Maduro faliu a Venezuela e está tentando arrumar um inimigo externo. Na verdade, está pretendendo criar dois inimigos: a Colômbia e o Brasil. Estes dois países são signatários do Tratado Interamericano de Defesa Recíproca (TIAR), do qual a Venezuela se retirou. A agressão contra um dos membros do TIAR é considerada um ataque contra todos os demais membros do tratado, que se comprometem a intervir militarmente.  Em um caso meramente hipotético de ataque da Venezuela ao Brasil e Colômbia, isso traria, automaticamente, os Estados Unidos em socorro de brasileiros e colombianos. Em cenário em que isso ocorresse, a Rússia, que é aliada de Maduro, não iria cogitar em se envolver diretamente, como alguns poderiam se preocupar e temer. Os russos não iriam se meter ostensivamente nas bravatas de Maduro contra os vizinhos da América do Sul. Mesmo sabendo de tudo isto, o objetivo de Maduro é desviar a atenção do seu povo em relação à grave crise social, política e econômica que assola o seu país.

É notório que ditadores quando se sentem acuados, com o prestígio perdido, devido ao caos e destruição resultante de suas administrações catastróficas, tentam sempre arrumar um bode expiatório para colocar a culpa pelo que acontece em suas nações. Já assistimos a esse “filme” antes. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 1982, quando a Junta Militar governativa argentina, a fim de tentar recuperar a credibilidade perdida perante a população do país, ordenou a invasão das Ilhas Malvinas, controladas pelos britânicos, que as chamavam de Falklands. As poucas tropas britânicas que defendiam o território foram facilmente dominadas e rendidas pelos militares argentinos. Foi assim que se deu início ao conflito do que ficou conhecido como a Guerra das Malvinas, envolvendo a Argentina e o Reino Unido, cujo governo era liderado, então, pela Primeira Ministra conservadora Margaret Thatcher. A reação dos britânicos foi muito contundente e enérgica: enviaram uma poderosa força tarefa, com dezenas de navios, incluindo porta aviões e submarinos nucleares. As Forças Armadas argentinas, muito inferiores em termos de poderio bélico, resistiram por pouco tempo e se renderam aos britânicos. O conflito começou em abril e terminou em junho de 1982. A derrota dos argentinos foi humilhante e vergonhosa. Pouco depois, a Junta Militar que governava o país, liderada pelo General Leopoldo Galtieri, renunciou, abrindo o caminho para a volta à democracia na Argentina.

No caso da Venezuela, as diferenças em relação à Argentina de 1982 são muitas. Mas há semelhanças também. Entre elas o fato de ser também uma ditadura, e estar passando por uma profunda crise social, política e econômica. Além disso, há uma perda maciça de apoio da população ao regime[2]. Tais características também estavam presentes na Argentina de antes da Guerra das Malvinas. Esse é tipo de caldeirão propício para aventuras militares irresponsáveis. E assim se compreende as ameaças de Maduro ao Brasil e à Colômbia. Em situação de falência, guerra externa é tudo que um ditador louco precisa para recuperar o apoio do povo.

Tendo em vista tal panorama delicado, não foi mera coincidência que o Presidente Bolsonaro tenha substituído, recentemente, Onyx Lorenzoni na Chefia da Casa Civil por um militar: o General Braga Netto, que também é Chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA). É o mesmo general que comandou a intervenção no Rio de Janeiro tempos atrás, ainda no governo Temer, para conter a violência descontrolada naquele estado. Os resultados da intervenção foram positivos. Netto é um general muito prestigiado nas FFAA. Quando da saída de Onyx, vários bolsonaristas criticaram a nomeação do general, afirmando que Bolsonaro estaria aceitando a tutela dos militares sobre seu governo. Isso porque a Casa Civil é o Ministério que faz a articulação direta com a sociedade e o Congresso. No entanto, Bolsonaro, como estrategista, sabendo da necessidade de conter Maduro em seus delírios, não decidiu pagar para ver. Escolheu um dos mais talentosos generais do Exército para um cargo altamente estratégico. Assim, por medida de segurança e cautela contra estas provocações bélicas de Maduro contra nosso país, o Presidente Bolsonaro decidiu que um General de gabarito como Braga Netto seria o homem ideal para a coordenação entre ministérios e interlocução com a sociedade.

Lamentável é saber qual lado, em uma situação de perigo como essa,  a esquerda brasileira apoiaria caso houvesse um conflito envolvendo Brasil e Venezuela. Certamente seria o regime bolivariano o lado apoiado pelas esquerdas tupiniquins. Isso porque os esquerdistas são apátridas. Isto é, não tem nenhum patriotismo. Trabalham pelo globalismo e estão se lixando para o Brasil.

Assim, oremos pelo Brasil, pelo Presidente Bolsonaro e seu governo. Oremos pela Venezuela, para que o sofrimento do povo de lá termine e o corrupto governo de Maduro tenha um fim. E que não haja nenhum conflito armado na América do Sul.

[1] Recomendo que leiam a brilhante thread de Dom Esdras, que serviu de fonte para a maior parte das informações deste texto https://twitter.com/DomDasThreads/status/1228758615999291392

[2] Milhões de venezuelanos emigraram do país. Aliás, todos os dias imigrantes venezuelanos entram em território brasileiro, por estados como Roraima, que teve de pedir ajudar ao Governo Federal por causa dos milhares de fugitivos do regime da Venezuela, que estava sobrecarregando o precário sistema de saúde do estado.

Lívio Oliveira, para Vida Destra, 16/02/2020.
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Teca Jan
Teca Jan
4 anos atrás

É muito preocupante pq qualquer movimento nesse sentido a esquerda tupiniquim pode dar muito trabalho, incentivando as CUTs e partidos comunopetista a um quebra quebra!!?

Clarice
Clarice
4 anos atrás

Bem que achei que devia ter um motivo estratégico para essa nomeação.

Ulisses Lopes
Ulisses Lopes
4 anos atrás

Fechou o escudo !

Lívio Luiz Soares de Oliveira. Economista, analista pesquisador, articulista do Vida Destra