Desde que foi criada no dia 13 de abril a pedido do ministro do STF Luís Roberto Barroso e instalada no dia 27 do mesmo mês, a famigerada CPI da Covid-19, que se propunha a investigar os atos do governo federal em relação à pandemia, mostrou-se um verdadeiro espetáculo de circo (como já escrevi aqui). A começar pelos três senadores encarregados de presidir os trabalhos — e que, não sem razão, foram apelidados de “os três patetas”: Renan Calheiros, Omar Aziz e Randolfe Rodrigues. Trio que, num curto espaço de tempo, mostrou ao que não veio.
Fora praticamente seis meses de um verdadeiro circo. Investigaram tudo, menos o que realmente importava: respiradores superfaturados que nunca foram entregues, hospitais de campanha que sequer foram montados ou ficaram abandonados, uso do dinheiro enviado para o combate à pandemia que foi deliberadamente usado para quitar folha de pagamento de funcionalismo público. E isso só para começar a história.
Depois, vieram os depoimentos. Pessoas que, muitas vezes, nem sequer tinham ligação com o governo, foram convocadas para prestarem depoimento à CPI. Outro ‘show’ de horrores. Muitos deles, senão a maioria, eram constrangidos diante dos olhos dos brasileiros, que assistiam a tudo sem acreditar no que um “representante do povo” podia ser repugnante quando queria constranger um depoente. Principalmente se fosse uma mulher.
Logicamente, os responsáveis pelo “fique em casa” — governadores e prefeitos, que, sem o menor pudor, trancaram o brasileiro em casa e deixaram que ele ficasse à mercê da própria sorte — nem passaram pela porta do Senado. Até porque, um dos possíveis alvos da apuração é o filho do presidente da CPI. E é claro que ninguém vai querer ser investigado. Então, ficamos meses vendo narrativas sendo construídas contra o governo federal, até mesmo em coisas que não faziam parte do propósito inicial da CPI.
E para encerrar tudo com chave de lata, neste último dia 26 foi entregue o relatório final. Um dos pedidos que consta no documento é — pasmem — a suspensão das redes sociais do presidente da República. Sim, depois de seis meses de uma palhaçada sem fim, de demagogia a perder de vista, de esbanjar dinheiro público à vontade num verdadeiro circo, agora querem censurar quem pensa diferente.
Querer que uma CPI capitaneada pelo que há de pior na política nacional fosse levada a sério, é o mesmo que querer que o carnaval fosse comemorado em dezembro. Humanamente impossível. Mas que fique claro: descobrimos quem são os palhaços. E não somos nós.
“Democracia é a arte de, da gaiola dos macacos, gerir o circo”. (H.L. Mencken)
Lucia Maroni, para Vida Destra, 29/10/2021. Sigam-me no Twitter, vamos debater o tema! @rosadenovembroo
Crédito da Imagem: Luiz Jacoby @LuizJacoby
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Só tenho uma crítica à fazer: o circo é um lugar de respeito, com nobre objetivo: a diversão. Essa CPI, poderia ser chamada por qq outro nome, menos de circo.