O mal nunca descansa. O bem, após cumprir suas obrigações, acha que pode descansar? Não. O mal vai buscar subsídios onde o bem jamais poderia imaginar. Querem um exemplo? Quem poderia imaginar, no Brasil de hoje, com todas as informações que temos e com tudo que vivemos nos desgovernos anteriores, que algumas vozes se levantariam contra o Pacote Anticrime, do ministro Sergio Moro, e talvez até contra o próprio Moro?
Para surpresa de ninguém, deparo-me com essa pérola da Janaína Paschoal, postada no Twitter: “Entendem quando eu digo que o problema não é a lei? Nossas leis são boas! A questão é que a interpretação muda conforme a oportunidade. Eu não me iludo com PECs ou pacotes…”
O que eu entendo, ao ler esse disparate, é que a Janaína nunca foi ingênua, como pude pensar um dia; nunca foi bem-intencionada, como sua imagem com Jesus Cristo quer mostrar. Diante do que estamos passando com os desmandos de ministros do STF e com a inércia proposital do Congresso Nacional em aprovar o Pacote Anticrime, o que entendo é que há muita maldade por trás de tal afirmação tosca e malfeita.
Em primeiro lugar, nossas leis são um problema enorme, sim, para quem quer combater o crime, combater o mal. Já, para o criminoso, elas são ótimas; e agora, com o fim da prisão após condenação em Segunda Instância, elas são perfeitas. Para o mal, elas não precisam de alteração. O problema, senhora, é que a maioria da população brasileira representa o bem, mesmo não tirando fotos com santos de madeira.
Não precisamos ouvir as “mentes brilhantes” para saber o resultado de um sistema penal que não pune, nós vivemos a prática todos os dias. Todos nós conhecemos alguém que passou pelos horrores impostos por criminosos nas ruas, nas praias, nos bares, nos lares. Sabemos também de muitos que não tiveram a mesma sorte de escapar vivos de tais desgraças.
Neste ponto, trago algumas palavras esclarecedoras sobre esse tipo de atitude, que, a princípio querem mostrar-se inocentes e benéficas a todos, mas que no seu âmago destilam um veneno de grande destruição; ou seja, esse tipo de mensagem representa o“proselitismo político dos intelectuais engajados, trazendo a lume sua característica mais perniciosa: a irresponsabilidade fundamental com que se escudam de prestar contas dos resultados da aplicação prática das ideias de segunda mão que colocam em circulação” (SOUZA, Leonardo Giardin. “Luigi Ferrajoli destruiu o direito brasileiro”).
Irresponsabilidade, esta é a palavra que define toda a conversa fiada dessa gente. Eles querem emplacar suas narrativas, para posar de “pensadores”, para beneficiar seu grupo político, para conseguir votos nas próximas eleições, ou para quaisquer outros fins nada honestos.
Mas, então, as leis frouxas e a falta de punição para o criminoso somente beneficiam os bandidos violentos nas ruas? Claro que não. Estes nem são o alvo principal dessa turma “boa”. Eles vão juntos no embrulho, porque, mesmo para esses falsos defensores da sociedade, seria safadeza demais deixar explícito que todo esse trabalho é somente para livrar os criminosos do colarinho branco, praga nefasta, muito mais prejudicial do que qualquer crime organizado de periferia.
O mal não descansa, o bem não pode descansar. O que podemos fazer? Parar de confiar cegamente, pesquisar sempre, ficar atentos a tudo que possa estar por trás do discurso bem-comportado; apoiar pessoas de bem como o ministro Sergio Moro, que já provou o seu caráter e sua determinação em trabalhar para reconstruir o Brasil, terra arrasada pelos políticos podres; manifestar-se pelas redes sociais, em conversas com amigos, em manifestações de rua, quando estas tiverem um propósito sério, não quando forem convocadas para que líderes de movimentos possam aparecer, carregados por seus pares, como os salvadores modernos, esbravejando palavras de ordem, repetidas como um eco por seus seguidores-zumbis; quando não servirem de palanque para políticos inescrupulosos babarem nos microfones, emitindo falácias e enganando o povo.
Ao que tudo indica até o momento, a manifestação do dia 17 de novembro é uma das que merecem ser levadas a sério. A pauta é única: impeachment do ministro Gilmar Mendes. É uma exigência difícil de ser atendida, visto a contaminação dos nossos poderes Legislativo e Judiciário? Sim. E é por isso que não podemos ir às ruas para passear. Temos que ir para promover a mudança real, ou melhor, o início dela.
Parabéns por essas análise perfeita, desmascarando os discursos de pessoas como Janaína, que porque liderou o impeachment da Dilma, ela acha que sua opinião está acima de qualquer suspeita.
Errado! Eu me lembro dela se desculpando com Dilma, pelo que estava liderando então.
Opinião acertada é a que se baseia em fatos reais e não em proteger um sistema jurídico falido comprovadamente, por motivos impensáveis.