- Em apenas cinco meses de governo, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, trouxe uma forma inédito de governar: está tentando, de todas as maneiras, acabar com o que no Brasil é chamado de “presidencialismo de coalizão”, a forma de governo que favorece a cleptocracia instituída no país desde o fim do governo João Figueiredo, último presidente do Regime Militar. Se você não tem ideia do que significa esse termo, não tem problemas, eu te explico: há dois sistemas de governo, o parlamentarismo e o presidencialismo. No parlamentarismo, há a separação das funções de chefe de estado e chefe de governo, sendo que a primeira é exercida pelo Presidente, nas Repúblicas, como Alemanha, ou pelo Rei, nas Monarquias, como Inglaterra. As funções de um chefe de estado estão relacionadas com a soberania de um país, então ele é responsável por celebrar tratados, nomear ministros de tribunais superiores, diretores de autarquias, realizar a diplomacia com outros estados, etc, ao passo que o chefe de governo, exercida pelo primeiro ministro, é responsável por tocar a administração em sentido estrito do país, como destinar verbas do orçamento de impostos, definir políticas de segurança pública, dialogar com o parlamento a aprovação de leis, etc. No Presidencialismo, as funções de chefe de estado e chefe de governo estão nas mãos de uma mesma pessoa: o Presidente da República, que em países como o Brasil, por exemplo, usavam os poderes de chefe de estado para nomear correligionários de parlamentares ou os próprios para, desta forma, conseguir apoio no parlamento para aprovar suas medidas, fazendo com que o Executivo ficasse refém do Legislativo, ou seja, o famoso toma-lá-dá-cá. Ao fazer isso, no entanto, Jair Bolsonaro entrou em queda de braço com o parlamento, que está tão acostumado com o presidencialismo de coalizão a ponto dele ter se enraizado na cultura brasileira como algo normal e tudo aquilo que a cultura passa a aceitar como normal, por mais imoral que seja, torna-se trabalhoso para reverter.
Por outro lado, as manifestações de ontem, domingo, dia 26 de maio de 2019, que tomaram as ruas de norte a sul do Brasil, mostraram que no Brasil há pessoas dispostas a apoiar as mudanças promovidas pelo Presidente, mas há algo mais importante ainda, que é a forma como todas essas manifestações foram organizadas: através das redes sociais na internet. Quando Charles-Louis de Secondat, o barão de Montesquieu, escreveu a teoria dos 3 poderes que são harmônicos entre si (Executivo, Legislativo e Judiciário), não imaginava que no futuro outros poderes que influenciam diretamente o estado e a democracia apareceriam, são eles a mídia, o quarto, e as redes sociais, o quinto poder, quase que superando a mídia e indo para o quarto poder. Com as redes sociais tornou-se possível a aquisição de conhecimento em tempo real, ainda que haja muita difusão de notícias falsas através da própria mídia, que está aparelhada por jornalistas de corrente política oposta, e essa aquisição do conhecimento permitiu às pessoas inteligentes a começarem a mudar a mentalidade proposta como forma de questão no subtítulo do livro “Pare de acreditar no Governo”, do sociólogo Bruno Garshagen, que é “por que brasileiros amam o estado e odeiam os políticos?”. As pessoas, ao aprovarem, nessa manifestação, pautas como reforma da previdência, privatizações e redução de gastos do estado estão finalmente percebendo o que Hayek já alertou no século passado: mais estado e centralização econômica não é a solução para os problemas da sociedade, pelo contrário, é a causa de mais problemas, os quais são solucionados por mais medidas do estado, fazendo com que o problema torne se, em um certo ponto, uma bola de neve a qual não se tem mais ideia por onde começar a sua solução, como educação e saúde, por exemplo. A solução está na auto determinação do indivíduo, na iniciativa privada, que ao buscar uma forma de melhorar a sua vida oferecendo serviços melhores que os estatais, consegue gerar renda e riqueza, beneficiando a sociedade muito mais do que uma política “benevolente” criada pelo governo para solucionar um problema que o próprio governo criou.
As redes sociais têm tido influência direta na democracia e quando se usa esse termo, é necessário ater-se ao seu significado original, que é a limitação do poder de políticos através da população, que a faz por vias como votação, manifestações políticas, projetos de lei de iniciativa popular, etc. Em um país onde odeia-se os políticos e ama-se o estado, essa limitação precisa ser vista com cautela. Ao pedir, por exemplo, a “democratização do ensino”, o povo demonstra que ama o estado a ponto de aumentar o poder dos políticos, que usam essa premissa para “investir” em educação, criando universidades para cooptar militantes políticos para futuramente servirem como massas de manobras, como a esquerda fez durante 13 anos em que esteve no poder. As próprias manifestações “pró educação” que ocorreram são a prova disso, dado que gritou-se aos quatro cantos que era um corte de 30% da verba total, o que levou a o ministro da educação pacientemente explicar que era apenas 3,5% das verbas que seriam não cortadas, mas sim contingenciadas, o que é errado, pois toda a verba da educação em universidades públicas deveria ser cortada, substituindo por um modelo de financiamento o qual sejam cobradas mensalidades caras de universitários ricos, a fim de que com esse valor seja subsidiado o ensino e permanência do aluno pobre, que não têm condições de pagar a mensalidade de uma universidade pública. Se você acha isso um absurdo, lembre se que esse sistema já existe no Brasil, mas quem paga por ele não são os universitários ricos, é você, que não é rico e trabalha duro para pagar R$ 81.000,00 por ano (isto é, 81 mil) para um aluno da Unifesp estudar e muitas vezes não trazer esses resultados para beneficiar sua vida, pelo contrário, muitos saem dessas universidades com mentalidade anti capitalista, querendo a cabeça de você, trabalhador que ganha bem, ou de você, micro empresário, que sustentaram o por anos fazendo balbúrdia e suruba na universidade.
Outra grande utilidade das redes sociais, a qual deve ser usada e abusada, é a de desmascarar os “isentões”, que são esquerdistas envergonhados de falar que seguem tal ideologia, e os “cavalos de troia”, que são aqueles que usaram o nome de Jair Bolsonaro para se eleger e hoje viraram as costas para o presidente, a exemplo do MBL, que se contaminou com o centrão, mas já era de se esperar isso de pessoas que se uniram ao partido Democratas. Nas próximas eleições, espera-se que a direita, que é nova e está, portanto, autorizada a cometer erros, porém não a repeti-los, pense bem nos candidatos que elegerá como parlamentares e que mande ao ostracismo aqueles que pegaram carona com Jair Bolsonaro apenas para chegar lá, uma vez que a ameaça esquerdista está, neste momento, vendo onde errou e pensando em como vão fazer para vencer em 2022. É bom que aqueles que traíram o governo, como João Doria, Alexandre Frota, Kim Kataguiri (que obteve milhares de votos dos eleitores do presidente) e companhia aproveitem bem os seus mandatos, porque será o primeiro, no caso de alguns, e o último, no caso de todos.