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Perdeu, Mané?

“Perdeu mané. Não amola!”

Essa foi a resposta dada pelo ministro Luís Roberto Barroso (STF) a um brasileiro que pediu “por favor” a concessão de acesso às Forças Armadas ao código-fonte das urnas.

A primeira impressão sempre choca, mas esse é um episódio pequeno no cesto de desmandos inconstitucionais e falas chulas de nossos ministros supremos e sua missão, não de eleger o ex-presidiário (descondenado, mas não absolvido) e, sim, de derrubar o Presidente Bolsonaro.

Não apenas derrubar o Presidente, mas o que ele representa.

Até porque o povo não mudou porque elegemos Bolsonaro e, sim, elegemos Bolsonaro porque mudamos — porque não queríamos mais governos corruptos, porque não queríamos degradação da ética e da moral.

Quando o sistema permitiu que o ex-presidiário fosse investigado e fosse condenado, e quando o STF permitiu a prisão após julgamento em segunda instância, eles jamais imaginaram que denúncias chegariam até eles.

Jamais imaginaram que o povo, ou parte significativa dele, começasse a se interessar pelos desmandos e, pior, começasse a se interessar pelo que acontecia nos bastidores do poder, e ainda descobrisse os privilégios — lagostas, vinhos premiados e passagens internacionais de primeira classe até para cônjuges de agentes públicos —, pagos com o nosso dinheiro.

Não imaginaram que o povo se interessaria e discutiria as pautas que eram apreciadas e aprovadas no Congresso, pautas progressistas e antiéticas, contra a família e a FÉ — ideologia de gênero, liberação de drogas etc.

Em 2018, o inacreditável para o sistema aconteceu. Elegemos à Presidência o candidato que representava nossos anseios e que, apesar de fora do script do sistema, acreditava-se que seria de fácil manipulação por ser um deputado do baixo clero político.

Mas se enganaram. A eleição do Presidente Bolsonaro, seu governo técnico, conservador e liberal, tudo só fez com que o povo se interessasse ainda mais por política e pelos que governavam suas vidas.

Chegamos ao “Amigo do amigo de meu pai” e as investigações de irregularidades fiscais na Receita Federal contra 133 pessoas, flagrando a esposa do ministro Dias Toffoli (presidente do STF à época), o ministro Gilmar Mendes e sua esposa Guiomar Feitosa, e a ministra Isabel Gallotti, do STJ.

Veio o “Inquérito do Fim do Mundo”, nome dado pelo ex-ministro do STF, Marco Aurélio, aberto de ofício por Dias Toffoli, que dava poder de polícia, investigador, acusador e julgador contra quem se levantasse contra os ministros do STF e seus aliados.

Precisavam calar o povo e quem os representava, censurar e prender quem falasse verdades sobre eles, verdades que não poderiam ser ditas — nomeadas de fake news —,  e mesmo com todo o apoio do sistema, da propaganda da mídia dependente de verbas públicas e de subcelebridades dependentes da Lei Rouanet, o cerco continuava a se fechar.

Para eles, isso era um absurdo e precisava acabar: precisavam derrubar o Presidente Bolsonaro e todo brasileiro que ele representava, nem que para isso precisassem promover a maior degradação jurídica de nossa história recente.

Soltaram um corrupto condenado em dois processos por corrupção e lavagem de dinheiro, com mais de 3 mil evidências, num malabarismo jurídico; anularam suas condenações por questão de fórum competente, usando gravações efetuadas por grampos ilegais e não periciados; julgaram o juiz que o condenou suspeito, tornando o ex-presidiário ficha limpa e apto a se candidatar — num cenário tão surreal que Gilmar Mendes chorou de emoção.

De lá até as eleições presidenciais de 2022, realizaram os maiores malabarismos jurídicos e midiáticos, usando a suprema corte e a corte eleitoral para elegerem o ex-presidiário.

Intimidaram o legislativo contra o voto impresso, calaram e prenderam quem ousou ou ousa questioná-los, e agiram com parcialidade em julgamentos eleitorais contra os adversários do ex-presidiário  — não pararam até o elegerem.

E ainda que pesem todas as suspeitas de fraudes nas urnas — que aqui não entrarei no mérito —, fica claro que toda a eleição de 2022 foi montada sobre uma fraude jurídica, a começar pelo candidato que ganhou.

Porém, se mesmo assim, os amigos quiserem saber sobre as urnas, não precisam se apegar a contas, muito menos a teorias — muitas, até sem noção —; basta ter em mente o seguinte:

Qualquer pessoa com o mínimo de censo, ser for acusada de algo e tiver 0,01% de provar sua inocência, lutará para provar sua inocência, e não sairá atirando em seus acusadores, ou seja, se os ministros não tivessem nada a esconder, bastaria entregar os códigos-fontes pós-eleições, para serem periciados, e não responder as nossas dúvidas com censuras, muito menos respondendo com o: “Perdeu mané. Não amola!”

 

 

Adilson Veiga para Vida Destra, 22 de novembro de 2022.
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Pai de família, conservador e cozinheiro nas horas vagas.