Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, era um homem que estava em uma situação sem igual no Brasil. Dono de uma reputação considerada invejável, com alta aprovação popular, Moro poderia ser o que ele quisesse. Se decidisse se candidatar à Presidência da República, certamente seria eleito, assim como seria eleito para qualquer cargo eletivo para o qual se candidatasse. Poderia ser ministro do Supremo Tribunal Federal, o que lhe garantiria um emprego quase vitalício, fechando a sua carreira no Judiciário com chave de ouro. Se escolhesse trabalhar na iniciativa privada, poderia advogar em qualquer grande banca de advogados, e teria o seu peso pago em ouro para isso. Poderia escolher praticamente qualquer posição, tanto dentro como fora do Brasil. Enfim, Sérgio Moro estava numa posição muito confortável, que nenhum outro brasileiro ocupava. Além destas, Moro foi alçado ao nível de herói nacional, e posto num pedestal de adoração que, a meu ver, não deveria ser ocupado por homem nenhum pois pertence somente a Deus. Mas é como dizem, se quer conhecer o verdadeiro caráter de um homem, dê poder a ele!

Muitas pessoas passaram a enxergar em Sérgio Moro um modelo a ser seguido. Não nego que ele fez um excelente trabalho como juiz, ao julgar os processos da Operação Lava Jato, e que sua conduta até aqui foi ilibada, até onde se sabe. Mas diante dos fatos das últimas horas, só posso concluir que Sérgio Moro, mais que um homem, é também um personagem cuidadosamente construído, com objetivos claramente políticos.

Ninguém deve ser condenado por ter objetivos políticos pois não há nada de errado nisso desde que se trabalhe de forma clara e honesta para conquistá-los. Sérgio Moro não precisava praticar nenhuma ilegalidade ou imoralidade para atingir qualquer objetivo que quisesse. Mas sua conduta diante dos últimos acontecimentos nos mostra de forma clara que o homem considerado modelo de virtude agiu num mau caratismo de deixar petista corado!

Sim, Moro foi mau caráter, no mínimo. Se fosse de fato o homem de caráter ilibado e leal que tentou mostrar ser, teria saído do governo de forma digna, e não da forma baixa e vingativa como saiu. Como um homem conhecedor da lei, jamais deveria ter feito acusações contra o presidente da República em uma entrevista coletiva, sem nenhuma prova além da sua palavra, que neste momento perdeu muito do seu valor. Se quisesse acusar o presidente, ou outros membros do governo, de cometer quaisquer crimes ou irregularidades deveria, como ex-juiz, ter procurado os meios cabíveis para isso. E estas acusações nem são tão graves assim, já que não mostraram até agora a prática de crime algum, só revelaram que Sérgio Moro pode ser baixo e vingativo quando é contrariado.

Se não bastasse fazer acusações sem provas em entrevista coletiva, ainda vazou para a imprensa supostas mensagens trocadas com o presidente através de aplicativos. O homem que foi vítima no passado recente dos vazamentos da chamada Vaza Jato, deveria ser o último a atacar alguém usando a mesma estratégia, a não ser que possua o mesmo caráter daqueles que o atacaram.

Sérgio Moro, admiro o trabalho que você fez à frente da 13⁸ Vara Federal de Curitiba, mas não posso endossar seu comportamento das últimas horas e suas atitudes para com o presidente da República. Mais do que o homem Jair Bolsonaro, você desrespeitou a instituição da Presidência da República, ao atacá-la de forma tão vil. Você se mostrou um mau caráter, e igualou-se àqueles que um dia julgou e condenou. Você agiu de forma egoísta, mostrando que não é capaz de pensar no povo brasileiro, condição necessária a qualquer homem público, ainda mais no momento que enfrentamos agora. Eu esperava uma saída mais digna e uma atitude mais honrosa de alguém como você, mas me enganei. Decepção, esta é a melhor palavra que define o que sinto neste momento. Segue o jogo!

Sander Souza, para Vida Destra, 25/4/2.020.

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