Por Lucas Barboza @BarbozaLucaas
A partir de hoje até o fim das olimpíadas, eu escreverei sobre atletas brasileiros que ganharam medalhas em nome do Brasil, e são poucos os que se lembram deles. Para começar, escreverei sobre João Carlos de Oliveira, o João do Pulo.
João do Pulo nasceu em Pindamonhangaba/SP em 1954 e faleceu em São Paulo/SP em 1999, foi um atleta especializado em saltos, ex-recordista do salto triplo, tetracampeão pan-americano no salto em distancia e salto triplo, medalhista olímpico, militar e após um acidente veicular que culminou na amputação de sua perna direita, ele se tornou politico, sendo eleito para dois mandatos para deputado estadual de São Paulo.
João ficou órfão de mãe e começou a trabalhar aos sete anos de idade. Em 1973, começou a treinar com o então professor da USP Pedro Henrique de Toledo, o Pedrão, quebrando o recorde mundial júnior de salto triplo com a marca de 14,75m no Campeonato Sul-Americano de Atletismo. Em 1975, nos jogos Pan-Americanos da Cidade do México conquistou o ouro no salto em distancia com 8,19m e com 17,89m no salto triplo, quebrando assim o recorde mundial em 45 cm que pertencia ao soviético Viktor Saneyev.
Nas olimpíadas de Montreal (1976), era o favorito à medalha de ouro no salto triplo, mas saltou apenas 16,90m e foi superado por Viktor Saneyev que saltou 17,29m e pelo norte americano James Butts que saltou 17,18m, além disso, no salto em distancia ficou em quarto lugar. Nos Jogos Pan-Americanos de Porto Rico, tornou-se bicampeão no salto em distancia e no salto triplo. No salto em distancia derrotou ninguém menos que Carl Lewis, que no futuro se tornaria tetracampeão olímpico.
Em 1980, em Moscou, a disputa do salto triplo foi coberta de controvérsias em relação aos juízes soviéticos. Viktor Saneyev e Jaak Uudmae eram os atletas que representavam a União Soviética. João, recordista mundial com a marca até então inatingível de 17,89 m, conquistada em 1975 nos Jogos Pan-americanos da Cidade do México, era o maior adversário dos dois atletas da casa.
João teve dois de seus saltos anulados pelos juízes soviéticos e em um deles os analistas internacionais consideravam um novo recorde mundial, acima dos 18m, considerando também os dois saltos validos. Ao que muitos acreditam, foi feito isso para Saneyev ganhar um quarto titulo olímpico e mesmo com essa “ajuda”, ele ficou em segundo lugar com 17,24m, perdendo para Uudmae que saltou 17,35m, João ficando então com o bronze saltando 17,22m.
Apenas nas olimpíadas ele teve azar, João foi tricampeão mundial de salto triplo em 1977 em Düsseldorf na Alemanha, 1979 em Montreal no Canada e 1981 em Roma na Itália. Foi também porta bandeira do Brasil nas olimpíadas de Montreal em 1976 e Moscou em 1980. Após dez anos, o recorde foi quebrado pelo norte americano Willie Banks, com 17,90m e seu recorde brasileiro e sul-americano só foi batido vinte anos depois por Jardel Gregório com 17,90m.
Passou os últimos anos de vida convivendo com o alcoolismo, depressão e problemas financeiros. Sua única fonte de renda era o soldo de segundo tenente reformado do Exercito, essa instituição que sempre reconheceu seus feitos pelo esporte nacional e o homenageando em vida diversas vezes. Em 1999, veio a falecer em decorrência de uma cirrose hepática e uma infecção generalizada.
Em 2006 foi homenageado postumamente pelos Correios com um selo postal pelos 41 anos do recorde estabelecido em 1975.
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